Adis Abeba – O ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chicoty, afirmou nesta sexta-feira, 25, em Adis Abeba, ser necessário que o mecanismo de intervenção rápida seja concluído até 2015 para reagir em casos de actos inconstitucionais, como golpes de estado, no continente africano. Georges Chicoti falava a imprensa à margem do Conselho Executivo da União Africana (órgão que reúne ministros das Relações Exteriores do continente), que decorre desde quinta-feira, na capital da Etiópia.

Fonte: Angop

Para o governante "era necessário que a União Africana conseguisse rever todas as decisões tomadas no âmbito da arquitectura africana que prevê a criação do mecanismo de intervenção rápida, por regiões, capaz de mobilizar forças para impedir que fenómenos do género possam ocorrer".

Adiantou que por falta de tal mecanismo, os países membros da União Africana estão atrás do tempo em função do que está a ocorrer no Mali. Lamentou o facto de a União Africana estar "presa" aos antigos métodos de trabalho, e que a organização foi surpreendida com o ataque no Mali.

Explicou que o ataque no Mali ocorreu em duas fases, a primeira com a ocupação pelos rebeldes e depois o avanço sobre Bamako, que levou as autoridades malianas a solicitar a intervenção francesa.

Para ele, "há necessidade de a União Africana reagir muito mais rapidamente. A África ocidental ficou de mobilizar homens e recursos para o efeito, mas também não se fez nada, só depois da intervenção francesa é que os países começaram a se mobilizar".

Referiu-se ainda ao facto de a organização africana estar a preparar as celebrações dos 50 anos da sua fundação, havendo ainda casos por resolver, como os do Mali, que é mais urgente, e os das Repúblicas da Guiné Bissau e Democrática do Congo.

Questionado sobre a importância que atribui a visitas de estadistas e diplomas à Angola para abordar questões de interesse internacional, respondeu ser o reconhecimento de como os angolanos fizeram o processo interno de paz e reconciliação, com meios próprios. Adiantou que demostra também o reconhecimento das qualidades do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, na busca de soluções e propostas para a pacificação e desenvolvimento do país.

Reafirmou que Angola tem estado a prestar ajuda, quando solicitada e sempre que possível, tal como a financeira prestada ao Mali e a República Centro Africana, por via da Comunidade de Estados da África Central.

Informou ainda que será realizada uma mesa redonda no final da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo de países Africanos, durante a qual deverão solicitar apoios a todos países membros da organização. Estamos dispostos a ajudar mas, num ambiente bem estruturado. O envio de tropas não é prioridade, sem que os mecanismos políticos e outros instrumentos previstos possam funcionar.