Brasil - De Africana  mesmo  ela não tem nada, ela é  uma mistura  racial  e de classe, que no contexto africano e angolano  a burguesia como classe racista e discriminatória sabe usar para fazer prevalecer certos preconceitos. Principalmente, aqueles que identificam o nativo africano como inepto  ao  empreendedorismo empresarial.


Fonte: www.facebook.com/Nelo de Carvalho

MPLA se afastou daquilo que poderia ser sua verdadeira origem

Nesse processo assustador  de emersão com conotação burguesa  e racial  já ouvi militantes do MPLA, em autos ferozes,  defenderem o que aí está ( a corrupção  e todo tipo de desmando): que nossa nova bilionária  vem de uma raça de pessoas privilegiadas, etnicamente falando ( de origem caucasiana), herança depositada pela mãe, no cruzamento que produziu tal ser. E que com isso sua inteligência herdada lhe permite fazer e fechar negócios com vantagem que nenhum nativo pode alcançar.


A “mentira”  e o estrondo que a imbecilidade produzem têm o tamanho dessa militância aí. Que para  defenderem seus interesses e o indefensável  fizeram da política  um coro vocal, mas selvagem, de torcidas de futebol.


Pessoalmente,  meu coração só não explodiu diante de tanta gargalhada porque notei mesmo que a invocação de tal discurso ignorante  só tinha como objetivo defender  um regime  que ideologicamente tornou-se caquético. Já não é a teoria de Marx e Lenine que hoje o MPLA usa para defender seus atos moribundos, mas a própria ignorância dos angolanos que passou a guardar a chave do segredo  de  sobre vivência de um regime, que nem mais os representa, mas que finge representá-los na melhor das  hipóteses.  E não estou aqui me referindo de representação étnica e /ou patriótica, falo mesmo aquilo que poderia ser de classe.


Quando se trata de ideologia, hoje, o MPLA  é um zumbi  que não perde a oportunidade de dar a melhor mordida em sua vítima;  é uma craveira, um esqueleto dançando diante destes ( os angolanos).


Angola hoje, mais do que nunca, está dividida, é preciso reconhecer ( e aqui a antítese de  tal divisão não é aquilo que a tradição nos habituou, MPLA-FNLA-UNITA).  Estamos divido  entre uma burguesia nativa com os vícios que caracteriza essa classe, num ambiente regional (a África) propício para se enaltecer certos preconceitos, principalmente, aqueles que refletem o fracasso dos nativos, diante de oportunidades quem nem existem para estes; e o povo (diga-se: quem é preto, negro, angolano e nativo) que fez do sonho de Agostinho Neto  o seu sonho.


Com  certos  atos  e  reconhecimentos explícitos,  o MPLA se afastou daquilo que poderia ser sua verdadeira origem. Nesse afastamento  vale tudo, e  podem  ser interpretados  como todos os eventos nesse partido que o ajudam a  se distanciar dos angolanos: até  a  difusão  e  a propagação da própria ignorância. Nisso tudo estão  incluídos a aceitação de correntes ideológicas, religiosas, seitas  e culturas ( e como já  notei, pessoalmente, até racistas)   que ajudam  aprofundar   a condição aqui referida ( a burrice), num mundo  já com tantas dificuldades  para se lidar e buscar  as  verdadeiras razões  e inteligência de que precisamos para sobreviver. 


Quanto mais confusão e ignorância, melhor, se principalmente  estas ajudarem a disseminarem  obstáculos  que  impeçam  que aqueles que estão no poder sejam questionados.


Por isso, vemos a proliferação de igrejas com tentáculos  estendidos dentro das instituições estatais. Um Estado que já é corrupto, bandido e delinquente pelo tipo de pessoas que o dirigem e estão  a frente do mesmo. Por isso ouvimos discursos  bajuladores, que em  situações normal  poderiam ser tidos  como sons   e palavras  vindo de mentalidades até doentias e fracas.


A enésima  bilionária  no mundo  e a  primeira  africana  poderia  ser  o  êxito  e o  orgulho de  uma classe de empresários  “patriotas”  e  combativos,  e que fazem  o uso da  “ transparência” para se enriquecer.  A notícia  é,  com  certeza ,para  uma classe de corruptos  governando  Angola,  a merda lançada ao ventilador, se estes tiverem um pouco de vergonha na cara.
 

Também, o número escancarado na imprensa mundial, pode ser visto como um ato de humilhação e perdição daqueles  que nos últimos quarenta anos  aprenderam a confiar  no Partido no poder.


Fazer alusão e anúncios  com estardalhaços  de pessoas  e até seres  que ascendem financeira e  socialmente, todos os anos ou décadas, é coisa de um mundo tipicamente capitalista. Que se enfatize bem a época e o regime  e  façamos uma analogia. É como fazer  o anúncio de venda de escravos  há quatro ou cinco séculos atrás  num dos mercados das cidades do  Novo Mundo ( nas Américas) ou em Roma ou  Atenas há dois mil anos atrás.  E até fazer-se alusão do senhor de escravos  que  mais escravos tinha, ou o mercador, comerciante ou capitão de mato que mais escravos vendia.


Cada época tem os seus costumes que as pessoas aceitam e respeitam. Assim, aquela notícia da nova milionária foi anunciada mundialmente, mas a impressa pública angolana que é defensora da propriedade privada  manteve-se  calada. A pergunta é: se a riqueza de nossos milionários é tão legal e transparente, porque o mundo todo pública a evolução de nossos ricos e a imprensa nacional cala?


E, ainda, ao contrário, diante dos eternos constrangimentos das perguntas e respostas que se deveriam dar  com relação ao acumulo de riquezas, as edições aqui mencionadas, fazem da bajulação a verdadeira arte de se fazer  jornalismo.


Em Angola o anúncio da FORBES, de caráter extravagante, tipicamente reacionária, burguesa, racista  e humilhante está longe de ser aplaudida, deve gerar  o  constrangimento de um lado e o espanto do outro.