Luanda – Um monumento às vítimas da DISA, na sequência dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977, vai ser erguido, este ano, na vala comum do cemitério do 14, anunciou José Fragoso, vice-presidente e presidente do Conselho de Administração (PCA) da Fundação 27 de Maio.

Fonte: Club-k.net

«Vamos substituir a vala comum por um memorial, um monumento digno», afirmou a nossa fonte, que, para essa empreitada, está a contar consigo mesmo, embora esteja a fazer contactos com várias entidades.

A planta inicial havia sido enviada à Fundação Eduardo dos Santos (FESA) e estava orçada em 186 mil dólares mas, nove meses depois, João de Deus, dirigente dessa fundação, devolveu o projecto, dizendo, «de forma cínica», que não tinham dinheiro. Como alternativa, pensam construir um monumento de, pelo menos, 50 mil dólares.

Pretendem ainda publicar um livro, que se traduz numa compilação de cartas e dossiers enviados ao presidente da República, ao Governo, à Assembleia Nacional, ao Tribunal Supremo, à Procuradoria-Geral da República e ao Tribunal Penal Internacional, para que o povo angolano saiba o que a Fundação (27 de Maio) fez em torno do processo.

Vão constar também extractos de declarações do bureau político (bp) do MPLA sobre o fraccionismo, em que acusavam os fraccionistas de culpados das desgraças dos angolanos, que persistem.

Farão ainda parte discursos de Agostinho Neto, a declaração de 2002, em que se dizia que os fraccionistas foram contestatários incompreendidos e apelavam as instituições a não criarem obstáculos à resolução do Processo 27 de Maio, tendo em conta os feitos produzidos por esses patriotas na luta pela independência e na sua afirmação.

Depois do patenteamento de Nito Alves e seus companheiros, esperava-se que o passo seguinte fosse o enterro, porque «não há generais sem campa.» José Fragoso anunciou que «haverá komba, seguindo a cultura angolana.»

De acordo com o dirigente nitista, os Direitos Humanos das Nações Unidas estimam que, devido ao 27 de Maio de 1977, tenham sido assassinadas, pela DISA, em Angola, mais de 82 mil pessoas, entre homens e mulheres. «Em nenhuma parte do mundo o algoz enterra a sua vítima», realçou Fragoso.

A luta pelo funeral das vítimas, iniciada pelo antigo Partido Renovador Democrático (PRD), arrasta-se já por longos 22 anos.