Lisboa – Após a arquivação do processo (por difamação e injúria) contra o jornalista Rafael Marques e a editora “Tinta da China”, que publicou o livro 'Diamantes de Sangue, pelo Ministério Público (MP) de Portugal, os nove generais das Forças Armadas Angolanas (FAA) acusados de "actos quotidianos de tortura" nas zonas de extracção mineira províncias das Lundas Norte e Sul, em Angola, prevêem recorrer da decisão deste órgão judicial, apresentando novas provas a seus favor. 

Fonte: Club-k.net

O Club K soube através de uma fonte segura que os inconformados generais enviaram seus supostos "missionários" nestas regiões a fim de corromper “com jipes, dinheiro e casas em Luanda” as autoridades tradicionais que prestaram declarações a favor do jornalista, durante o processo de averiguação decorrida na Procuradoria Geral da República angolana.

Na referida lista consta ainda os sobas das regiões de Caungula, Xamuteba, Muana Cafunfo, Muana Mahango, Nzovo, Pungulo, Muacapenda Camulemba, Muamalundu, Muatxizanji entre outros.

De acordo com a fonte deste portal, os referidos "emissários" pretendem analisar minuciosamente, junto destas autoridades, a relação existente entre Rafael Marques e o líder do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe, em defesa de autonomia, José Mateus Zecamutchima, pelo facto de existir similitudes coordenadas nas denúncias sobre a violação de direitos humanos nas Lundas. Sobretudo nas zonas de exploração mineira.

“A inclusão da CMJSPLT nas intenções dos generais do regime do Presidente José Eduardo dos Santos é premeditada e visa silenciar os activistas deste movimento”, argumentou a fonte.

Segundo ainda a nossa fonte, os noves generais nomeadamente, Hélder Manuel Vieira Dias "Kopelipa", ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República; Carlos Vaal da Silva, inspector-geral do Estado-Maior General das FAA; Armando Neto, governador de Benguela, ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA; Adriano Makevela, chefe da Direcção Principal de Preparação de Tropas e Ensino das FAA; João de Matos, ex-Chefe do Estado-Maior General das FAA; Luís Faceira, ex-chefe do Estado-Maior do Exército das FAA; António Faceira, ex-chefe da Divisão de Comandos; António dos Santos França "Ndalu", ex-Chefe do Estado Maior-General das FAA (actualmente deputado do MPLA) e Paulo Lara, têm se manifestado interesse de coabitar pacificamente com os cidadãos angolanos que habitam nas imediações dos seus projectos de exploração mineira. 

Importa realçar que a PGR portuguesa justificou a arquivação do processo, por difamação e injúria, contra o jornalista e a editora por ter concluído que dos elementos recolhidos nos autos, que a publicação do livro 'Diamantes de Sangue' se enquadra no legítimo exercício de um direito fundamental, a liberdade de informação e de expressão, constitucionalmente protegido. 

De acordo com uma nota de imprensa daquele órgão judicial distribuído à imprensa portuguesa, a ausência de indícios da prática de crime, tendo em conta os elementos recolhidos e o interesse público em causa.

De acordo com o mesmo documento, o inquérito dizia respeito à denúncia que duas sociedades angolanas - a Sociedade Mineira do Cuango e a firma Teleservice - Sociedade de Telecomunicações, Segurança e Serviços, acompanhadas dos seus sócios e legais representantes - apresentaram contra Rafael Marques e a representante da editora portuguesa Tinta-da-China, na sequência da publicação de um livro, com título 'Diamantes de Sangue'.

O processo foi instaurado em Portugal, onde foi publicado o livro, por nove generais angolanos ligados à exploração de diamantes em Angola, que acusam o autor de "calúnia e injúria". Na obra, que resulta de uma investigação iniciada em 2004, são denunciadas alegadas violações dos direitos humanos, incluindo torturas e assassínios de trabalhadores da extracção mineira na região das Lundas.