Luanda – Os jovens licenciados continuam a enfrentar dificuldades na obtenção do primeiro emprego porque as empresas pedem experiência profissional. O secretário de Estado de Juventude, Nhanga da Assunção, garante que a exigência é ilegal. As empresas de recrutamento lembram que devem ser livres de ter critérios.
Fonte: Nova Gazeta
O sonho de encontrar o primeiro emprego é muitas vezes adiado porque falta a experiência profissional aos jovens. É o que se lê em muitos anúncios de oferta de emprego.
Essa prática está generalizada no mercado de emprego em Angola. No entanto, o secretário de Estado da Juventude, Nhanga de Assunção, condena as exigências de experiência profissional aos jovens que procuram o primeiro emprego e lembra que elas até violam a lei: “Tem de ser normal um jovem conseguir o primeiro emprego, sem que de facto existam exigências que são contra lei, experiência, falar inglês isso é contra a lei”. Nhanga de Assunção, em entrevista ao NG, promete “combater” essa prática.
Dois especialistas em recursos humanos, afectos aempresas que actuam no segmento de formação, selecção e recrutamento, contrariam esse posicionamento, argumentando que “os empregadores são livres de definir o perfil dos trabalhadores que pretendem recrutar tendo em conta os seus objectivos”.
O Governo, para colmatar essa dificuldade e eliminar essa barreira, aprovou em Janeiro de 2006 a Lei de Bases do Primeiro Emprego, na qual se compromete a fomentar empregos tendentes à qualificação e valorização da mão-de-obra e respectivamente à sua inserção no mercado de emprego.
O Estado assume assim o desafio de promover a formação e reabilitação profissional, ao mesmo tempo que promete fomentar a colocação dos jovens recém saídos do sistema de educação, aliada à pretensão de preconizar a mobilidade geográfica e profissional dos trabalhadores.
A lei admite, como principal mecanismo, a promoção de uma maior articulação entre a saída do sistema educativo ou formativo e o contacto com o mercado de emprego, bem como a concessão de apoios técnicos e financeiros a empresas públicas e privadas que estejam disponíveis para desenvolver acções de formação que facilitem o recrutamento e a integração nos quadros das empresas.
A habilitação profissional dos jovens a fim de possibilitar a transição do sistema educativo para o mercado de trabalho, além da qualificação da formação tanto ao nível superior ou intermédio é outro dos objectivos do Governo.
Sete anos depois de aprovada esta lei de bases, a experiência vem demonstrar que a maioria dos jovens continua ainda a viver as mesmas dificuldades, facto que tem gerado muita insatisfação. Apear das tentativas do NG, os responsáveis do Ministério da Administração pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS), órgão incumbido da coordenação e supervisão da lei, recusaram, até ao fecho desta edição, pronunciar-se sobre a aplicação da lei.
BARRADA POR FALTA DE EXPERIÊNCIA
A estudante do 2º direito da Universidade Gregório Semedo, Julieta Figueiredo, 22 anos, viu fracassada a tentativa de obter o primeiro emprego, por falta de experiência profissional, quando concorria para preencher uma vaga numa operadora de telefone móvel.
Há mais de dois anos que a jovem se encontra na ‘batalha’ por um emprego que lhe permita custear as despesas aos estudos, sobretudo com a compra de material didáctico e o pagamento de propinas, encargos que são assumidos pelo seu irmão mais velho.
“Espantada” com a exigência, não sabe ainda como pode contornar esse impedimento, visto que a formação em Angola, tanto nas universidades como nos institutos médios, comportam uma grande carga teórica e são desajustados às necessidades de emprego. Por isso, apela à correcção dessa medida pelo Governo.
Segundo a jovem Julieta Figueiredo, a experiência, em alguns países, compreende a necessidade de aliar a educação e a formação profissional. Há ofertas de emprego para jovens, sobretudo em cafés, bares, restaurantes e outras empresas cujos candidatos trabalham apenas por um período e noutro fica ocupado com estudo. Uma flexibilidade que não se encontra muito em Angola.
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