Lisboa – A jornalista sénior da Televisão Pública de Angola (TPA), Ana Lemos “Nany” saiu ilesa de um atentado (com arma de fogo) ocorrido à porta do edifício onde reside nos arredores da Sagrada Familia, distrito de Ingombota, em Luanda. O incidente ocorreu há duas semanas atrás, quando a mesma se dirigia para o seu apartamento, após ter apresentado os serviços noticiosos "telejornal".

Fonte: Club-k.net

Jornalista agastada com a DNIC

A jornalista foi interceptada na entrada do edifício onde reside, por um jovem que lhe apontou uma arma de fogo e posteriormente robou-lhe a carteira onde continha vários objectos pessoais.

Logo a seguir da acção criminosa, Ana Lemos pôs-se em gritos e,  telefonou para o seu colega de trabalho, o também jornalista Gonçalves Inhanjika pondo-o da triste ocorrência.

Minutos mais tarde, a mesma recebeu um telefonema da Comandante provincial de Luanda da polícia nacional, Elisabeth Rank Frank "Bety" que lhe manifestou solidariedade e despachou um dispositivo policial no sentido de interceptar o jovem ladrão que se colocara em fuga.

Dois  dias depois do atentado, a profissional foi informada que a Direção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) já tivera detido o ladrão e,  que uma equipa da TPA teria se deslocado a esta instituição a fim de reportar o facto, enaltecendo a pronta intervenção da polícia..

A peça jornalística fora conduzida pelo jornalista Gonçalves Inhanjika e estava agendada para passar no programa "Ecos & Factos" da TPA 1. Porém, a mesma manifestou contra apresentação da reportagem, sob justificação de que o elemento apresentado pela DNIC nada  não tinha a ver com o ladrão que lhe apontou a arma no dia da ocorrência.

Pormenores constatado pela mesma:

- O jovem que lhe assaltou era alto, magrinho e claro. Porém, o apresentado pela DNIC era mais escuro, baixo e meio musculado.

- O meliante apresentado pela DNIC disse a reportagem da TPA que seguiu a jornalista de mota desde a porta da televisão, mas posto no prédio onde ela reside, a largou porque os guardas de uma empresa de segurança privada fizeram tiros que o levaram a pôr-se em fugar. Ana Lemos contraria esta versão. Segundo ela, não houve tiros e o jovem que a assaltou meteu-se em fuga por ela ter gritado e pedido socorro. Conta ainda que o meliante fugiu a pé, e não de motorizada.

Ana Lemos terá notado que este órgão, em forma de mostrar trabalho, apresentou um outro jovem para assumir a culpabilidade do atentado contra a sua pessoa. Daí advertiu os seus colegas que, em caso da TPA passar a referida reportagem com o falso ladrão, a mesma seria obrigada a fazer um desmentido em torno da versão da polícia.

De lembrar que esta não é a primeira vez que surgem queixas contra a DNIC por apresentar falsos autores para assumirem crimes que não praticaram. Em 2009, este órgão, afecto ao polícia nacional, apresentou um grupo de elementos como autores da morte da deputada do MPLA Beatriz Salucombo, porém a filha da malograda que testemunhou a acção teria notado que os assassinos não eram os que foram apresentados pela polícia.

Em Janeiro de 2013, a DNIC apresentou publicamente um grupo de elemento acusados como autores do assassinato de Jorge Valerio Coelho da Cruz. Mais tarde veio a saber-se que os "supostos autores" eram batuqueiros que actuavam no município Cazenga e que foram sensibilizados pela polícia para assumir a paternidade  do crime, e dizer que foi a mando de Jessica Coelho (de 17 anos), a então namorada do malogrado. Alega-se que o autor do crime terá sido um jovem protegido pela DNIC e que já terá saído do país.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) por sua vez, tem sido acusada de não intervir nestas práticas abusivas da DNIC, em apresentar pessoas para assumirem crimes que não cometeram, para dar entender que estão a apresentar trabalhos com eficiência, enquanto na verdade a realidade é outra.