Luanda -  Anastácio Nfinda, líder do Conselho Político da Oposição (CPO), uma coligação em «vias de extinção» devido aos maus resultados conseguidos nas últimas eleições, chamou a comunicação social nesta quarta-feira, para, entre outros assuntos, reagir sobre a notícia posta a circular esta semana pelo «Club-K», dando conta de que ele teria fugido para Portugal com toda a família, depois de se apoderar dos dinheiros públicos postos à disposição da sua formação para participar do pleito, a 31 de Agosto de 2012.

Fonte: Semanario Angolense

“Vou processar o Club-K”

O político afirmou não ser a primeira vez que esse site atenta contra a sua honra, dizendo mesmo que ele era useiro e vezeiro em difamação e em passar informação enganosa. «Não é a primeira vez que o Club-K atenta contra a pessoa de Anastácio Nfinda. Mas, desta vez, vou tomar providências contra os responsáveis por tal difamação. Por isso, vos chamei aqui. Como podem ver, estou no país e não tenho nada a esconder, nem devo nada a ninguém», declarou.

O líder do CPO disse entender que as pessoas que fazem o site, sendo humanos, também podem errar. «Por isso, espero que eles se retratem para resolvermos a questão amigavelmente. Mas, se não reconhecerem o erro e persistirem, então vou tomar outras medidas», avisou.

Continuando, disse que já falou com Lucas Pedro, representante do site em Angola, que lhe teria garantido que haveria de repor a verdade. Porém, como refere o visado, ele não compareceu a um encontro agendado entre os dois para tratarem do assunto. Amigavelmente. «Sou constantemente apelidado de ser aliado do MPLA, mas eu não preciso disso. Eu já fui do MPLA.

Acusam-me que, enquanto professor e director escolar, profissão que sempre exerci de modo exemplar, fui do Sinfo. Desconheço essa condição: nunca fui do Sinfo, nem pretendo ser. O Club-K é que é tendencioso. Considera que ser-se do Sinfo é uma desonra e quem é da Brinde é glorioso. Isso não é jornalismo, pelo que apelo para que deixem de continuar a caluniar as pessoas», exige o político.

Em relação à extinção anunciada da sua coligação, Anastácio Nfinda disse que, apesar disso, o CPO continuará na memória das pessoas. «Estamos conscientes que deixamos marcas e as pessoas nunca se esquecerão de nós», afirmou.

Quanto à auditoria das contas com a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o líder do CPO esclareceu que elas já foram prestadas e estão em conformidade com as exigências. «Aliás, nós tivemos o apoio técnico da CNE, a quem muito agradecemos. Estamos em dia, não temos nada a temer, embora dois dos partidos que constituem a coligação ainda estejam em falta. A CNE sabe quem são e está ao corrente do que se passa.

Eu, na qualidade de presidente do CPO, não posso imiscuir-me nos assuntos internos de cada partido da coligação. Por isso, só as direcções desses dois partidos podem falar das suas contas», defendeu.

«NÃO TIRAMOS UMA VÍRGULA»

O representante do Club-K em Angola, Lucas Pedro, confrontado no mesmo dia com as «ameaças» de Anastácio Nfinda, disse ao Semanário Angolense que não retira uma vírgula no que foi noticiado a propósito no seu site.

«Não tiramos uma vírgula. Ele, como cidadão em pleno gozo dos seus direitos, é livre de se queixar. Nós, Club K, não retiraremos uma vírgula ao que dissemos, porque estamos seguros de que corresponde à verdade. Por isso, estamos preparados para qualquer batalha judicial que ele queira despoletar», garantiu Lucas Pedro, revelando que tem provas sobre as alegações à volta da desconformidade das contas da coligação também referidas na notícia em questão.

«Há facturas falsas na justificação de gastos da coligação que ela apresentou à CNE já na posse do Tribunal de Contas para a competente averiguação», referiu Lucas Pedro, afirmando, por outro lado, que Anastácio Nfinda quer é extrair algum aproveitamento político do caso.

Segundo Lucas Pedro, o líder do CPO, em conversa que tiveram para uma eventual conciliação, estava a exigir que o Club-K retirasse a notícia do ar, no que lhe foi dito que era impossível. Em face disso, só havia duas opções: ou exercia o seu direito de resposta ou partia para um procedimento judicial. A escolha era sua.

O artigo do Club-K diz essencialmente que «o líder da coligação, Anastácio Finda, é acusado pelos seus colegas de estar a preparar-se para ‘fugir’ para Portugal, sem no entanto, ter esclarecido devidamente quanto as contas dos fundos da formação partidária aplicados na campanha eleitoral».

Mais adiante, refere que «em meios que lhe são próximos, Anastácio Finda justifica que ‘apenas’ vai partir para Portugal, com a família, para dar continuidade à licenciatura em Direito que estava a fazer na Universidade Católica de Angola. Os seus contestatários procuram entender se ele terá adquirido uma bolsa de estudo ou algum apoio institucional do regime angolano, que lhe permitirá manter-se com a família naquele país europeu assolado por uma crise económica».

Diz também que a sua prestação de contas estaria com problemas de números que indiciam alguma malversação dos fundos postos á disposição da coligação pelo Estado para participar do último pleito eleitoral.