Cuíto – Os bispos católicos de Angola e São Tomé, reunidos na primeira sessão plenária de 2013, que terminou neste sábado, 02, alertaram para que não se caia em tentação e confunda as instituições estatais angolanas com "pertenças partidárias". A recomendação consta da mensagem pastoral aprovada na reunião, realizada no Cuíto, centro de Angola, e iniciada no passado dia 25 de Fevereiro.
Fonte: Lusa
"Evite-se, pois, a tentação de identificar a Nação e o Estado com pertenças partidárias. O projecto Angola diz respeito a todos os seus filhos, e todos devem sentir-se parte dele, co-responsáveis, valorizados e cidadãos", destacou o documento.
Os bispos, reunidos na Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), condenaram, por outro lado, "o suborno e outros géneros de corrupção na gestão dos bens públicos".
"O desenvolvimento dos povos assenta na justiça distributiva e no serviço responsável à coisa pública (...) Assusta-nos o emergir da cultura generalizada da corrupção que se estendeu a todas as camadas da nossa sociedade, até mesmo dentro da nossa Igreja", frisaram.
Para combater o fenómeno, que receiam poder vir a tornar-se "endémica", os bispos consideram que o parlamento angolano deve desempenhar o "insubstituível papel" de fiscalizador da actuação do Governo "para o bem de todos os angolanos".
Os bispos católicos de Angola e São Tomé manifestaram-se também preocupados e consternados pelos "programas pró abortivos", difundidos nos centros de saúde pública. No mesmo sentido, condenaram as "campanhas de esterilização, conscientes ou inconscientes, promovidas por organismos externos, com vontade manifesta de, a todo o custo, se imporem aos povos e aos seus governos, sob o pretexto de ajuda ao desenvolvimento".
"A ajuda ao verdadeiro desenvolvimento baseia-se, antes de tudo, na promoção da vida e da população, nunca no seu contrário que, no final de contas, significaria civilização do mais forte contra a existência de seres indefesos", frisaram, na mensagem pastoral.
Noutro documento saído da reunião do Cuíto, denominado "Conclusões e Recomendações", os bispos manifestaram solidariedade ao agora papa emérito Bento XVI, pela renúncia ao ministério petrino.
O facto de, em Angola, haver ainda muitos cidadãos sem bilhete de identidade foi igualmente debatido pelos bispos, que apelaram aos "órgãos do Estado e do Governo", para que atribuam aquele documento aos angolanos que ainda não o têm, "evitando todo o tipo de especulação e excesso de burocracia, que envolve o processo da sua obtenção".
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