Luanda – Três anos depois de ter sido concebida, a UNITOCO ainda não saiu do papel e juntou-se a ela o projecto de um Instituto Superior Politécnico Tocoísta. Foi em torno desses dois projectos que se debruçou o VII Encontro de Quadros Tocoístas, ocorrido no último fim-de-semana de Fevereiro, em Luanda. O evento redefiniu os planos de implementação de instituições de Ensino Superior pela Igreja Tocoísta.

N. Talapaxi S.
Fonte: SA

Data do ano de 2000 uma iniciativa que transformou os locais de culto da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (INSJCM) também em salas de aula. A evolução do projecto mereceu referências positivas da Direcção do Ministério da Educação angolano e da UNICEF (o Fundo das Nações Unidas para a Infância) acabando por celebrar-se, a 4 de Março de 2002, um protocolo de parceria e cooperação no domínio da educação básica (ensino geral e educação de adultos).

Hoje, ao completam-se quase 13 anos dessa actividade acadêmica, o número de alunos que estudam em escolas tocoístas anda a volta dos 16.000, para uma equipa docente de mil professores, em 44 instituições de ensino – 40 delas em Angola, três na República Democrática do Congo (RDC) e uma em São Tomé e Príncipe.

O I Simpósio Eclesial Tocoísta sobre Educação, realizado em Maio do ano transacto, em Luanda, no Centro de Convenções de Belas, fez saber esses dados. Até a altura daquele evento a rede escolar de educação básica dos «tôcos», desde a alfabetização ao II Ciclo de Ensino Secundário, tinha essa figuração, que mantém-se actual.

Entretanto, segundo fez referência o VII Encontro de Quadros Tocoístas (7º EQT), que teve lugar no último fim-de-semana de Fevereiro, no Complexo Universal Missionário Tocoísta, sediado no bairro Golf, na capital do país, o desenvolvimento do ensino geral no seio da Igreja os colocou um outro desafio.

Notou-se que «milhares de adolescentes e jovens tocoístas e não-tocoístas estão com limitações de acesso ao ensino superior, por exiguidade de vagas, comprometendo negativa e seriamente o futuro desses adolescentes e jovens na perspectiva do aumento e melhoria de conhecimentos de nível superior».

A constatação desse facto, entre outras razões, terá sido também propulsiva na decisão da INSJCM de criar instituições de ensino superior. Para tal, em 2010 foi lançada a ideia de um empreendimento universitário e, no mês de Outubro do mesmo ano, foi constituída, pelo líder da Igreja, o bispo Dom Afonso Nunes, uma Comissão Técnica Instaladora da Universidade Tocoísta de Angola (UNITOCO).

A ser implantado no município de Maquela do Zombo, província do Uíge, na localidade de nascimento do patrono e fundador da INSJCM, o profeta Simão Tôco, a UNITOCO «não será uma universidade qualquer», declarou o bispo, anunciando que trata-se de uma cidade universitária, com imóveis residenciais, administrativos e académicos. Realçou ainda a importância de serem bem enquadrados os elementos relativos à gestão académica e das infra-estruturas.

«O Projecto é ambicioso», como frisou o próprio mandatário tocoísta, desde a sua concepção tornou-se logo num dos grandes planos dos «tôcos». Considerando o ano passado como decisivo no que diz respeito a captação de fundos para a sua implementação, Afonso Nunes, previa que em 2012 ou 2013 já entrariam em funcionamento algumas faculdades.

Todavia as coisas não saíram exatamente como foram concebidas há três anos e no momento «vislumbra-se um relativo atraso no Projecto UNITOCO», facto reconhecido durante o 7ºEQT,certame que resultou da necessidade e da importância de proceder-se uma abordagem alargada, profunda e multidisciplinar, participativa e inclusiva sobre o assunto da Universidade.

Inconformado com a demora na implementação da UNITOCO, o bispo Afonso Nunes resolveu tirar uma carta da manga; apelou a execução de uma obra universitária paralela, o Instituto Superior Politécnico Tocoista (ISPTA) a ser implantado mais brevemente, no complexo sede da sua Igreja em Luanda.

Tendo em vista a criação dessas instituições do ensino superior, a ISPTA e a UNITOCO, o «cabeça tocoísta» socorreu-se dos «cerebros» existentes na Igreja e de outros que não são «tôcos», e convocou o 7º EQT onde todos foram «chamados a reflectirem e debaterem com profundidade, propriedade e rigor para se encontrarem os melhores caminhos conducentes ao surgimento de um Projecto Universitário de qualidade e de sucesso».

REDEFINIR ESTRATÉGIAS

O Encontro dos «crânios» serviu, antes de mais, para a apresentação do relatório técnico referente a todo o processo de natureza administrativa, técnica e científica de implementação dessas instituições do ensino superior sob a tutela da INSJCM, desde a constituição da Comissão Técnica Instaladora da Universidade Tocoísta de Angola.

Dos passos dados até aqui há a destacar o estudo de viabilidade económica e financeira, o plano curricular dos cursos, a elaboração do ante-projecto de construção e equipamento com uma entidade estrangeira, estando em andamento a mobilização de financiamento interno e externo para a execução da empreitada.

Na sequência, os objectivos do 7º EQT foram: recolher subsídios - sugestões e propostas, para enriquecer as linhas estruturantes do Projecto UNITOCO; e repensar, definir estratégias e juntar sinergias que permitam maior participação dos quadros tocoístas na prossecução do Projecto Universitário Tocoísta tendo em conta o seu carácter pluridisciplinar e multisectorial.   

Ao fim das discusões para responder «Que tipo de Universidade Tocoísta queremos?», obedecendo o lema do evento,  «dada  a complexidade das matérias  por concluir em função das exigências  legalmente estabelecidas para a criaçao e licenciamento das instituiçoes do Ensino Superior e a urgência de se remeter ao Departamento Ministerial competente» os quadros traçaram as devidas recomendações.

Entre as principais exortações consta que «o conjunto de informações prestadas sobre o Plano Nacional de Formação de Quadros do Executivo para 2013-2020 permitirão a Comissão Técnica Instaladora das Instituições do Ensino Superior Tocoístas repensar e actualizar algumas opções relativamente a cursos a ministrar tendo-se recomendado que o trabalho técnico fosse redobrado em colaboração com as estruturas competentes do Ministério do Ensino Superior».

O 7º EQT recomendou também «a priorizaçao  de cursos de vocaçao tecnologica sem disprimor para os cursos doutras areas do conhecimento tendo em conta as necessidades da reconstruçao e do desenvolvimento do pais».

Por outro lado, reiterou «a necessidade e a importância da inclusão do  curso de medicina e de outras ciências médicas tendo em vista o déficit nacional existente» e chamou a atenção «no sentido de se aprofundar a temática bem como ponderar sobre as opções prioritárias em função das premissas cientifico-técnicas imprescindiveis».

E, no que diz respeito ao recrutamento de docentes o EQT encorajou «a implementação de uma estatégia que potencie o capital humano existente no seio da igreja compatibilizando com recurso a formaçao especializada para se assegurarem as principais necessidades de docência».

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO ACELERA

Dada a dimensão e a complexidade da Universidade Tocoista, entrevendo-se um atraso no arranque do seu estabelecimento, que estava prevista para 2012/2013, o líder da Igreja de tutela do projecto, o bispo Afonso Nunes, «deu asas» a implantação de um Instituto Superior Politécnico Tocoista de Angola (ISPTA) a ser construído em dois anos, em Luanda, no Complexo Missionário Tocoísta Universal, sede da Igreja.

Segundo o Relatório Técnico sobre a Criação de Instituições do Ensino Superior da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (INSJCM) apresentado durante a sétima edição do Encontro de Quadros Tocoístas (7º EQT), realizado no passado mes de Fevereiro, «neste momento, o trabalho da Comissão Técnica Instaladora está centrado no ISPTA estando em curso a mobilização de recursos indispensáveis para o arranque pleno da empreitada.

De acordo com os números apresentados pelo Relatório Técnico, o ISPTA na sua plenitude de funcionamento, com 48 salas de aulas, com uma média de 30 a 35 estudantes, funcionando nos períodos diuno e vespertino, poderá totalizar 3.360 estudantes.

Consta ainda que, sendo uma instituição de Ensino Superior de vocação tecnológica a ISPTA ministrará cursos dos mais diversos ramos de engenharia, das ciências médicas, ciências económicas, sociais, jurídicas e teológicas. Nomeadamente estão previstas as especialidades de engenharia civil, engenharia electrónica e telecomunicação, engenharia informática, arquitetura e urbanismo, engenharia ambiental, medicina,economia,direito e teologia.

Todos os cursos terão a duração de cinco anos, com excepção de medicina, que vai durar seis. E, conforme informações prestadas no Encontro de Quadros Tocoistas os estudos relativamente a implementação do curso de medicina ainda são inconclusivos estando em curso os debates com o apoio de especialistas nesta área.

Independentemente do curso a frequentar todos os estudantes terão a disciplina de educação cristã, do primeiro ao quarto ano, conformando-se assim à identidade cristã da Instituição.

No que diz respeito ao corpo docente, o 7ºEQT reconheceu que «o mercado de docentes é manifestamente exíguo, pois, os melhores estão lecionando em mais de duas instituições de Ensino Superior não havendo quase quem tenha dedicação exclusiva numa única instituição».

Entretanto, a INSJCM mostra-se acreditar que «nos últimos doze anos ja tem desfrutado de vários quadros com qualificação cientifico-tecnica diferenciada nos mais diversos ramos do conhecimento e que poderão ser cooptados para leccionarem muitas disciplinas previstas nos diferentes planos curriculares».

A outra vertente na estratégia de recrutamento de docentes, que a Igreja de Simão Tôco, podera fazer uso é «a selecção de um conjunto de quadros jovens licenciados  mestres para, no estrangeiro, realizarem formação pós-graduada (mestrados e doutoramentos) estando em curso contactos adiantados com várias universidades no mundo para o efeito».

A entidade tutelar do ISPTA vislumbra igualmente «a possibilidade de se contratarem docentes estrangeiros no quadro de protocolos de cooperação e parcerias que vierem a ser celebrados» com universidades interessadas em cooperar com a Igreja.

Na perspectiva da criação e licenciamento do ISPTA a Comissão Técnica Instaladora, de acordo com as exigencias lgais, já efectivou entre outras acções, o plano de desenvolvimento institucional, o estudo de viabilidade económica e financeira e o projecto de construção e equipamento.