Luanda - A marca registada dos sucessivos governos (agora executivo) sob a égide do partido no poder, é a incompreensível e imponderada arrogância desmedida, para com o País e as populações que habita o espaço geográfico denominado Angola.


Fonte: Club-k.net

O que se passou e passa com a distribuição de residências ou apartamentos nas chamadas centralidades, é um INSULTO a dignidade dos cidadãos, é uma total desconsideração e falta de respeito para com as pessoas, que são tratadas como imprestáveis, “mendigos de rua” ou indigentes.

O MPLA diz arregimentar nas suas fileiras as pessoas mais bem-intencionadas deste país, os ‘verdadeiros’ e únicos ‘patriotas’ e nacionalistas, inteligentes etc., etc., e procedem a céu aberto com uma deselegância e ‘estupidez’ de arrepiar os céus, em pleno seculo XXI. Utilizam métodos do PPP “pau, pedra e porrada” da idade média. Uma agremiação politica que diz arrebanhar o maior número de ‘doutorados’ do país, e que se orgulham de fazerem ‘sentadas’ de comités de especialidade de todos os ramos do saber, ninguém se admira se aparecer por aí um tal de comité de especialidade de distribuição das centralidades (tudo leva a crer que existe e já em funções).

CRESCER MAIS…

Em qualquer país do mundo CIVILIZADO, a distribuição seja do que for, por parte da administração de alguma instituição do Estado em benefício dos cidadãos, é executada da forma mais suave e lúcida possível, (tipo motor gerador super-silencioso) sem alaridos e confusões, e sobretudo feita de forma a facilitar a vida das pessoas e protegendo a dignidade e os melhores interesses das mesmas. Para tal o Estado ou as pessoas que funcionam dentro do ‘aparelho’, acionam os mecanismos mais acertadas, aplicando medidas simples e racionáveis, para alcançar os melhores resultados.

Vimos e ouvimos de relatos da “idade da pedra” mulheres gravidas, a ‘lutarem’ em bichas tumultuosas, ‘ensanduichadas’ com indivíduos de toda a espécie, mulheres com filhos nas costas ou no colo no empurra-empurra (soco-á-soco), mulheres a dormirem no relento dias a fio para obterem uma ficha ou seja o que for, indivíduos da 4ª idade e alguns deficientes físico, espalmados entre ‘marmanjões’ tipo Kaenches em bichas do ‘idiota’, para obterem um apartamento. Tudo isso não poderia ser evitado? Porque planificaram tal ‘genocídio’ moral e contra todas as normas e princípios da razoabilidade?

DISTRIBUIR MELHOR!

O pior a chamada distribuição, esta sendo feita sob uma ‘bateria’ de meio-silêncio (tipo; ora falo, ora calo-me) e da contradição, a informação era e continua ser escassa, propositadamente parcimoniosa, tipo “segredo de estado”, pior fazem circular informações contraditórias, baralhadas e deslocadas.

Como se tudo fosse de graça, sem custos quer dizer como se o Estado, estivesse a oferecer as casas ou residências. Quando as mesmas custam os olhos da cara, e vai significar para os cidadãos um adicional esforço monetário da sua parte. Imaginemos se de facto fosse oferta, o que aconteceria? Ouviríamos falar de mortes as centenas, um terror sádico e cru se desenrolaria perante os nossos “olhos e ouvidos”.

Tudo isso passou, aconteceu e acontece nas “nossas barbas”, com a orgulhosa cobertura da imprensa. Que mensagem passou o Estado Angolano para a comunidade nacional e internacional? Certamente o Jornal de Angola vai publicar (ou já publicou?) que os métodos eleitos pelo Estado foram “os melhores do Planeta” para a distribuição de casas da “melhor centralidade do mundo”.

Ora, estamos ou não no quinquénio do; “crescer mais para distribuir melhor?”


A SOLIDARIEDADE DA CLASSE

O mais caricato e anedótico, é a atitude de alguns cidadãos que após ‘conseguirem’ o desejado, “depois de tanta luta”, ainda agradecerem o “executivo Angolano”, sinceramente é de facto uma atitude típica do Angolano, a completa falta de solidariedade e de exercício básico da cidadania, “dormi ao relento por 5 dias consecutivos, não pude ir ao meu trabalho, passei fome... Mas valeu a pena consegui finalmente a minha casa, está de parabéns o executivo, continuem a trabalhar assim…” disse num só folego, um eufórico jovem, com certeza omitindo a frase final; “o resto que se dane! Já consegui”.

Faz-me lembrar o meu jovem primo residente no Hojy-yá-Henda, quando discutíamos sobre o desemprego em Angola e consequências, sobretudo no seio da juventude, respondeu-me: “primo, não quero me chatear com isso, sou jovem, tenho o meu emprego, tenho a minha casa, tenho o meu carro… o resto que vá descascar batatas” e mais não disse o meu primo, que por sinal é meu xará.

Termos hoje sorrateiramente divulgados e incentivados pelas ‘caveiras’ da situação, dicas desencorajantes tais como; “epá… filhos a sustentar” ou ainda “tirar o pão da boca dos filhos”, incentiva ao comodismo, a não resistência e sobretudo a abstenção da crítica á situação vigente e reinante. Encoraja  o espirito de “deixa andar” que se generaliza assustadoramente cada vez mais etc.

O regime, estimula o imediatismo, individualismo exacerbado e a falta de solidariedade. Lembro-me com muita tristeza e dó, do jovem (25 anos de idade) tesoureiro do BAI, com um salário equivalente a USD 2’500.00/mês, organizou o assalto ao próprio banco, porque tinha que comprar uma residência no projecto nova vida, naquela mesmíssima semana. Ele próprio foi uma vítima do sistema, que não incentiva a pratica da boa moral mas a prática da “lei do menor esforço”. 

Hoje vemos, jovens e não só a exibirem impunemente fabulosas fortunas sem mexerem uma única ‘palha’ para merecerem tais fortunas, enriquecem-se da noite para o dia, num estalar de dedos (deitados na cama); “um milagre!” claro, o mau exemplo contagia.

Há dois anos atrás, presenciei nas proximidades do Jumbo, na célebre “estrada de Catete” rebatizado avenida Deolinda Rodrigues, (17h30 – 18h) uma cena aterradora, uma viatura (RAV-4) colidiu por excesso de velocidade e quase capotou, contra um camião estacionado na berma da via, no interior do RAV-4 estava apenas o motorista, um jovem na “casa” dos vintes, este sangrava abundantemente na face, uma serie de outras viaturas e transeuntes pararam e dirigiram-se de imediato para a viatura sinistrada, (até aqui, tudo parecia desenrolar-se diante de todos um belo quadro de solidariedade cristã e humanista).

 O ‘terror’ deu início segundos depois, ao invés de ajudarem o acidentado (foi uma luta entre os ‘voluntários’ quem ‘pega’ primeiro quem rouba mais), começaram a retirar os pertences do mesmo do interior da viatura, outros nem se coibiram em revistarem os bolsos do desgraçado e retirar tudo quanto parecia ter algum valor, outros ainda começaram a retirar as rodas da viatura, a bateria, o aparelho do som … sinceramente, fiquei assustado e apavorado perante tal funesto e inacreditável quadro, fugi tremelicando a toda a pressa do local. Tudo isso aconteceu em pleno dia e nas proximidades de uma esquadra de polícia a ilustre 7ª esquadra (não sei se ainda mantem tal emblemática designação)… Mais do que a pergunta “onde estava a polícia?” a pergunta nuclear é; “O que está a acontecer com os Angolanos?”


Em Angola (quase) nada é feito de “coração”, tudo tem que ser distorcido, e impiedosamente ‘espremido’ quer dizer quanto mais “diabolicamente” torcido mais parece favorecer o regime e a situação imperante e o que é pavoroso, tal, agrada uma franja importante da população que aos sábados e domingos preenchem os recintos das igrejas, o lema; “o melhor bagre pesca-se em águas turvas”, parece nortear a conduta do executivo e de alguns compatriotas.


“Continuem a trabalhar assim!..”


 A centralidade do Kilamba depois de formalmente concluído, ficou “em banho-maria” cerca de dois anos, (propositadamente a “fazer água na boca”), os dignatários de outros países em visita a Angola, por lá eram ‘encaminhados’ regularmente em ‘tournées’ privado para mostrar a ‘competência’ do governo, e quase todos depois de deslumbrados perguntavam inquietos e assombrados; “mas… porque está desabitada?!”


Depois do “banho-maria” e de se ter ensaiado vários moldes e pacotes de atribuição – o PR assegurou publicamente que a unidade mais barata não custaria mais de USD 60 mil - por fim os ‘caveiras’ do executivo deram finalmente “o tiro de partida”, organizando com muita competência a desorganização, com que finalidade? Claro, todos sabem porque e para que. Contrariando o PR a unidade mais barata esta orçada acima dos USD 120 mil, e o PR “mais... Não disse!”


a-propósito como estão os acessos para e de… os ‘caveiras’, deviam planificar e executar a construção de estradas circundantes para varias direções, senão “mais cedo do que tarde” teremos a situação (de triste memoria) anterior do Luanda – Viana.


Os Angolanos estão ‘amando e gramando’ o perverso e o boçal. Afinal por alguma razão Angola é um país ESPECIAL.


Isomar Pedro Gomes