Luanda  - Num evento de comemoração do rei Mandume, aos 4 de Março de 2013, o Presidente da República da Namíbia, Hifikepunye Lucas Pohamba, apelou para que a Inglaterra fizesse a devolução do esqueleto craneano do heroi dos Kwanyama.


Fonte: Namibiansun.na

Mandume ya Ndemufayo, nascido em 1894, foi o terceiro da sua linhagem a suceder o trono Kwanyama. Tornou-se rei aos 17 anos e morreu aos 23 anos, aos 6 de Fevereito de 1917, numa guerra de duas frentes, combatendo num lado os portugueses em Angola e noutro os sul-africanos que herdaram o território namibiano por meio dos ingleses.


Depois de ter tombado em combate em 1917, durante a primeira guerra mundial, o regime apartheid sul-africano decapitou a cabeça de Mandume e exibiu-a em várias cidades da Namíbia afim de espalhar e implatar o medo entre as populações resistentes.


Actualmente não se sabe concretamente do paradeiro do esqueleto craneano do rei Mandume mas sabe-se que o seu túmulo memorial encontra-se na Província do Cunene, em Angola.


“Sabemos que os portugueses não levaram a cabeça. Portanto, os ingleses devem nos dizer onde é que meteram a cabeça do rei Mandume. Não estamos a pedir mas estamos a exigir que eles nos tragam a cabeça devolta,” disse o Preisdente namibiano.


Hifikepunye Pohamba enfatizou que não faria a diferença se a cabeça do rei Mandume fosse entregue ao Governo namibiano ou angolano.


Em comunicado de imprensa, aos 5 de Março, o Alto Comissário Britânico em Windhoek disse que tinha consultado o Departamento de Pesquisa das Relações Exteriores e Africanos do Reino Unido que confirmou que a ocupação do então Sudoeste Africano, como a Namíbia era anteriormente designada, e a operação em que o rei foi morto, foi realizada por forças sul-africanas.


“Como potência ocupante, a África do Sul foi a responsável pela administração do Sudoeste Africano, uma posição que mais tarde foi formalizada com a concessão de um mandato da Liga das Nações,” lê-se no comunicado de imprensa.


O Alto Comissário Britânico expressou preocupação com as observações feitas pelo Presidente Pohamba, que estava convencido de que “os britânicos devem dar de volta a cabeça do Ndemufayo”.


A declaração também fez referência ao livro do político namibiano, Peter Katjavivi, intitulado “Uma História de Resistência na Namíbia”, que afirma que “as forças sul-africanas e portuguesas marcharam sobre Mandume e ele foi morto em acção em 1917”.


Katjavivi escreveu que a cabeça do rei foi levado para Windhoek e exibido para mostrar que a resistência tinha sido superada pelas forças sul-africanas.


De acordo ao Katjavivi, a cabeça de Mandume foi mais tarde enterrado ao lado da estação ferroviária de Windhoek.


O Palácio do rei Mandume situava-se primeiramente na capital da Província do Cunene em Angola, Ondjiva, e posteriormente foi transferido para Oihole em Namacunde, localizada na mesma provincial, onde, segundo historiadores, suicidou-se com a última bala da sua pistola para evitar captura.


No entanto, a actual rainha dos Kwanyamas, Martha Mwadinomho Kristian Nelumbu, revelou planos para a construção de um museu em honra ao rei Mandume na localidade do Omhedi, na região do Ohangwena na República da Namíbia.


Em Angola, o governo construiu em memória do rei dos Kwanyamas, a Universidade Mandume ya Ndemufayo, situada no Lubango, Província da Huíla, enquanto na Provçncia do Cunene comemora-se anualmente aquele que é considerado um dos grandes herois da resistência colonial em Angola e na Namíbia.

Tradução: Pedrowski Teca