Os factores influenciadores da mudança terão sido os seguintes: - Promessas norte-americanas de reconsideração dos referidos aspectos, incluindo a questão da instalação em África do QG. - Certeza de que a futura administração, Barak Obama ou John McCain, manterá o AFRICOM – independentemente de circunstâncias orçamentais adversas (a candidatura de B Obama é mais enfática na valoração do AFRICOM como iniciativa vital para os EUA).

Os EUA consideram Angola um país-chave na sua parceria com a África (os outros são África do Sul e Nigéria). Como forma de cativar o seu apoio, os EUA propuseram aos 3 o estabelecimento de programas de cooperação militar do tipo Shared SecurityPartnership, abrangendo áreas como o controlo de fronteiras e segurança marítima.

Os principais conselheiros de B Obama e J Macain para os assuntos africanos, Witney Schneideman e Peter Pham, são unânimes no apoio ao AFRICOM comoinstrumento vital das políticas de segurança e diplomacia dos EUA em África. Tópicos complementares de intervenções de ambos numa conferência recente em Washington:

W Schneideman: é conveniente rever aspectos práticos do processo de implantação do AFRICOM, incluindo uma elevação do nível dos interlocutores africanos; sugestões no sentido da instalação do QG nos EUA, em vez de África ou coexistência no Central Command; realçar o desenvolvimento económico da África entre os objectivos de segurança da iniciativa.
 
P Than: o AFRICOM, devido à sua importância, não pode ser afectado por conjunturas adversas, como a actual; a iniciativa também tem cabimento num cenário de eventuais tensões entre os EUA e a China, resultantes da expansão desta em África; nos procedimentos tendentes ao lançamento do AFRICOM a administração actual terá incorrido em erros, entre os quais o de não envolver na iniciativa os próprios africanos, a um nível adequado.

A criação do AFRICOM foi baseada em avaliações segundo as quais a África, segundo maior continente em vastidão terrirorial, apresenta condições que tornam a sua população vulnerável a “perversões” como a exploração, narcotráfico, terrorismo e propagação de doenças – no todo ou em parte encorajadoras da emigração clandestina.

O papel do AFRICOM, de acordo com a definição traçada, consiste em promover acções de natureza diversa, tendo em vista reduzir/anular o potencial negativo das presentes condições de África; ou de fazer face a ameaças tendenciais ou reais decorrentes das mesmas, nos planos da prevenção/contenção.

Da lista de condições propícias a malefícios como o terrorismo ou o narcotráfico, avultam as seguintes:
- É o continente mais pobre.
- 72% da população urbana vive em condições de penúria; 50% são jovens.
- Muitos países são mal governados e/ou apresentam vastas áreas fora de controlo governamental.
- Contém apreciáveis recursos naturais, em termos de categoria e quantidade: 67% das reservas mundiais de fosfato, 50% das reservas de ouro, consideráveis quantidades de hidrocarbonetos e minerais raros.

O 5 principais problemas de paz e segurança referenciados em África pelo NSC-National Security Council são o Sudão, Somália, Leste da RD Congo, Delta do Nigere Zimbabué. O problema da Somália tem “reflexos remotos” (afecta a segurança da navegação marítima); o problema mais melindroso é o do Delta do Níger. Os objectivos do AFRICOM, tal como estão fixados, são os seguintes: - Prevenir aproveitamentos da pobreza e da má governação em África por parte de focos/organizações de terrorismo ou de narcotráfico. - Garantir o acesso às fontes de recursos naturais. - Fortalecer os países africanos de modo a habilitá-los a fazer face a desafios como a boa governação, sistema democrático de governo e direitos humanos; promover a sua integração na economia global.

Fonte: Africa Monitor