Lisboa - Filho criativo e irreverente do presidente de Angola, Coreon Du é o autor da novela “Windeck – O Preço que Custa Subir na Vida”. Uma personagem central é homossexual, num país onde não é difícil encontrar alguns “mais-velhos” a quem a homossexualidade repugna – ser gay é para muitos angolanos ser doente.
 
 
* Iris de Lucas
Fonte:  Lusomonitor.net

 

Irreverência de Coreon Du é revista em “Windeck” 

Coreon Du estudou em Londres e é multifacetado. O seu reconhecimento enquanto profissional formado no estrangeiro permite-lhe pôr Angola a pensar sobre o preconceito, através de um pequeno império audiovisual. Detém a Semba Comunicação, uma empresa criada em 2006 e é responsável por alguns projectos de branding a nível nacional. O Orçamento de Estado de 2012 dedica verbas à Semba para promoção da imagem de Angola no exterior, o que terá causado algum mal estar interno, de acordo com o África Monitor Intelligence.
 
 
Inspirada no sucesso “Windeck” do kudurista Cabo Snoop, a empresa Semba Comunicação presidida por Coreon Du, filho de Eduardo dos Santos, apresentou em Angola a novela que junta “paixões, intrigas, glamour, humor e ambição numa trama que mostra o dia-a-dia na redacção da revista Divo”, diz o site. Windeck é o quê, então?
 
 
A história passa-se em Luanda e espelha tudo aquilo que as pessoas (ou os angolanos) são capazes de fazer para “subir na vida”. Há várias histórias de vida (ou de personagens) que levam para o enredo realidades nunca experimentadas nas produções nacionais. ” Artur [personagem interpretada pelo popular Fredy Costa] é gay assumido, mas muito assediado pelas mulheres. Espera o dia em que conheça um homem que o faça feliz e gostava de viver num mundo sem preconceitos”, pode ler-se na apresentação do personagem no site oficial da novela. A actriz portuguesa Marta Faial também interpreta uma personagem lésbica.
 
 
A irreverência de Coreon Du é revista uma vez mais em “Windeck” quando leva para cena personagens homossexuais ou a temática da fertilização “in vitro”. A sede de dinheiro, poder e de aparecer andou, na telenovela do talvez mais criativo (atente-se nas fichas técnicas de grande parte dos programas da TPA) dos filhos do Presidente angolano, lado a lado com temáticas que em certas mentes conservadoras são não só tabu como integram a lista de pecados (quase) capitais.
 
 
O sucesso é indiscutível e as criticas abundantes. A aproximação ao “como se faz na Europa” esteve de tal modo patente nos episódios que personagens cuja única viagem tinha sido do Moxico para Luanda, possuíam um sotaque totalmente lisboeta e essa é das principais falhas apontadas: a falta de naturalidade na identificação das origens.
 
 
Paralelamente, Coreon mantém uma carreira como músico. Entre as suas atuações recentes, destaca-se uma no Festival de Jazz de Madrid.