Paris - O povo angolano deve aprender a pôr o Executivo (governo) angolano diante das suas responsabilidades.  Ultimamente está a chover abundantemente em Luanda. E quando chove o estado das ruas deixa muito a desejar. As imagens do caos causado pelas chuvas que vi na TPA na semana passada, deixaram-me muito triste e agastado ao mesmo tempo.

 Fonte: www.sempre-angola.blogspot.com


ImageAs ruas estavam cheias de águas e os transeuntes não sabiam como fazer para se deslocarem. Alguns tiravam os sapatos e andavam nas águas estagnadas. Outras calçavam sacos de plástico e mergulhavam os pés nas águas. Os carros quase se inundavam ao passar nas enormes lagoas urbanas que se formaram um pouco por toda cidade. Isto é inadmissível.


Perguntei-me se o Presidente da República de Angola e os altos dirigentes  do Estado poderiam circular numa estrada como aquela e naquelas condições ?


Têm orgulho de ter estradas nestas condições ? Como os nossos governantes se sentem quando os diversos diplomatas estrangeiros acreditados em Angola circulam nas nossas estradas esburacadas e cheias de charcos, e sobretudo nas da nossa cidade capital ?


Eu como cidadão angolano que ama o seu país, e que vive num país onde as estradas estão em boa condição, tenho tido vergonha de ver o meu país naquele estado.

 

O povo angolano tem que acordar e começar a exigir o respeito dos seus direitos ! Nós angolanos devemos passar de indivíduos a cidadãos. Pois, um cidadão é aquele que participa na vida pública do seu país. E quando as coisas não estão bem feitas ele exige a prestação de contas a quem incumbe fazer a gestão das coisas. Não podemos continuar a comportar-nos de maneira passiva e a nos queixarmos sobre a nossa situação. As coisas vão mudar se cada um de nós se sentir concernido e começar a perguntar ao Executivo ou governo angolano porque é que as coisas assim estão.


Não é aceitável que um país como Angola, com as potencialidades e os recursos naturais que tem viva nestas condições. Já conhecemos o refrão com o qual nos habituaram, de que o país não vai ser reconstruído em pouco tempo. Estou mais do que de acordo com esta afirmação. Com certeza que tudo não vai ser reconstruído ou construído em menos de 11 anos. Mas volvidos 11 anos desde o fim da guerra civil, não é compreensível que as ruas e estradas da capital do nosso país estejam neste estado !
Luanda, a capital da República de Angola, é o espelho, o reflexo do que é Angola. Os estrangeiros quando chegam em Angola aterram primeiro na capital, Luanda. Só depois é que vão onde quiserem ir. Vendo o aspeto de Luanda já se pode ter uma ideia sobre o nível de evolução do nosso país. Por isso Luanda deve estar em bom estado.


A reconstrução de Luanda, em particular, e de Angola em geral, está a ser feita duma maneira desordenada, desorganizada. O que o governo deveria fazer é conceber um plano geral de reconstrução para cada província. Neste plano geral iria-se definir o que seria construido em cada lugar. Iria-se planear todas as infrastruturas necessárias a cada província. E só uma vez este plano feito que as obras poderiam começar.


Mas, o que constatamos é que a reconstrução de Luanda e de Angola em geral está a ser decidida na medida em que avançamos. Faz-se um prédio aqui e um outro ali, uma estrada aqui e outra acolá etc. Isto não é bom e nem normal. O governo deve rever isso.


Em tudo que se faz na vida dá-se prioridade ao que é prioritário. O governo ou Executivo tanto faz (mas eu prefiro dizer governo para a compreensão de todos os leitores), deveria dar prioridade a certas infrastruturas básicas para atenuar o sofrimento do nosso povo. O povo angolano está a sofrer demais. As estradas, as escolas, os hospitais, a eletricidade e água deveriam ter prioridade em relação aos estádios que se construíram para albergar o CAN 2010. Não digo que não deveríamos organizar o CAN de footoball. O que se devia fazer é construir primeiro estradas em condições para que o povo possa circular normalmente e só depois iríamos organizar tais eventos.


Outro assunto que preocupa muitos angolanos é a questão da água e da eletricidade. É com razão que um articulista sublinhou, no seu artigo publicado no Club-k, a « incapacidade crônica e aguda da EDEL ». Eu até não diria apenas da EDEL, mas sim do governo angolano. Ou o governo está a fazê-lo de propósito ou é mesmo incompetente neste domínio. Como é possível que 11 anos depois do advento da paz, nenhuma cidade do país beneficia com estabilidade da eletricidade e da água ? Estes dois bens são fornecidos em alternância.


Eu Patriota Liberal encorajo os angolanos a deixarem de pagar as suas contas de água, de eletricidade e a taxa de circulação. Isto, até que o governo estiver à altura de fornecer serviços de qualidade, depois poderão retomar o pagamento. Porque o povo honra o seu contrato pagando o que deve, mas o governo não honra a sua palavra, fornece um serviço deficiente. Então, assim sendo o povo angolano deve se rebelar e não pagar. Acho que apenas fazendo isso que o governo vai começar a fazer as coisas rapidamente e devidamente.


A água e a eletricidade são fornecidas em alternância, as estradas estão esburacadas, os esgotos para evacuar as águas das chuvas em diversos lugares são quase inexistentes. Então porque continuar a pagar para estes serviços ? Onde vai o dinheiro pago pelos utentes ? O que se faz com este dinheiro ?


Por favor meus compatriotas angolanos, sejamos cidadãos e paremos de aceitar todas injustiças e violações dos nossos direitos. Somos todos angolanos e devemos ter direitos iguais diante da lei, devemos também beneficiar das mesmas oportunidades e termos os mesmos deveres.


Não pode existir angolanos beneficiando de todos os direitos e muito mais, e outros que nada têm. Nenhum angolano é superior a outro para ter mais direitos. Angola é o território que Deus Todo Poderoso criou e confiou a todos os cidadãos que nasceram e nascem angolanos. Devemos instaurar um sistema que permita a todos nos gozarmos das mesmas  oportunidades. Esta coisa de alguns terem tudo e poderem comprar o que quiserem e quando quiserem, inclusive aviões, enquanto outros nem a casa para morar têm, não queremos. E isto enquanto algumas pessoas compram apartamentos de 4 milhoes de dólares com o dinheiro ganhado facilmente graças aos cargos que ocupam no aparelho do Estado. Alguns angolanos estão vivendo debaixo das tendas e há vários anos, nem na cidade do Kilamba conseguiram obter uma casa.


Ultimamente lemos que Angola poderá sair da lista dos países menos avançados daqui até 2015. A minha pergunta é a seguinte : quais são os critérios que permitiram fazer esta afirmação ?
Um país que não consegue providenciar devidamente água e eletricidade aos seus habitantes é um país evoluído ? O que não foi exequível em 11 anos poderá sê-lo em 2 anos (até 2015) ? Quem viver verá.


Para terminar gostaria dizer aqui uma palavra sobre o caso Isaías Kassule e Alves Kamulingue. Estes compatriotas desapareceram há quase un ano. Até aqui nada se fez com sinceridade para se apurar o seu paradeiro. Só o governo sabe porquê.


Os jovens convocaram uma manifestação para o próximo dia 30 de Março de 2013 (sábado), a fim de exigir que o governo faça algo para encontrá-los, vivos ou mortos ou melhor, para dizer onde se encontram. 
O dever dum governo sendo o de proteger os cidadãos e não de os raptar e matar, solidarizo-me a estes jovens e a esta manifestação. E encorajo todos aqueles que tomaram esta iniciativa a continuar nesta senda, porque estão no caminho certo. E se eu estivesse em Luanda, participaria  também desta manifestação. Porque a isso chama-se « participar na vida pública do seu país, chama-se exercer o direito de cidadania ou direito cívico. Então, meus irmãos, força ai e que Deus vos fortifique e proteja.


Eu sou angolano e amo imensamente Angola, e quero apenas o seu bem. Não estou contra quem quer que seja. Sempre preconizei e preconizarei uma Angola unida, solidária e fraterna. Mas, jamais me calarei diante das injustiças e desigualdades ! Obrigado pela atenção dispensada.


« Quando todos formos por Angola, só então teremos uma Angola para todos ».