Lisboa -  Paulo Amaral, um dos administradores da SINFIC Portugal, disse  recentemente  à LUSA que a a Sinfic Portugal "não colocou ninguém no centro de dados" do Ministério da Administração do Território” de Angola, como está escrito na queixa-crime da UNITA contra o Presidente Eduardo dos Santos.

*Elisa Pontes
Fonte: Club-k.net

Jurista  desmente Administrador da SINFIC

Porém, segundo uma pesquisa, os sucessivos Relatórios e Contas da SINFIC, publicados em www.sinfic.pt, provam que esta afirmação é enganosa e não corresponde à verdade. Paulo Amaral jogou com as palavras.


É curioso que Paulo Amaral não disse que a SINFIC não faz a gestão do Ficheiro de Informação do Registo Eleitoral –FICRE – angolano. Não negou que o MAT é seu cliente desde 2005. Não negou que a SINFIC foi contratada pelo Ministério da Administração do Território e nessa qualidade tem feito a actualização do registo eleitoral em Angola desde 2008. Não negou também que ela é que produz os cadernos eleitorais angolanos e que, nessa qualidade, produziu dolosamente cadernos eleitorais incorrectos e enganosos, como se lê na queixa da UNITA. Apenas disse que “não colocou ninguém no centro de processamento de dados”.


Por imperativo legal, através dos seus relatórios, a SINFIC publica as suas actividades e presta contas aos seus accionistas. Nos seus relatórios de 2011, 2010 e 2008, a SINFIC informa aos seus accionistas e ao público: 


 Que a SINFIC Portugal detém 99,78% do capital social da SINFIC Angola.

 Que Angola constitui o maior mercado da SINFIC Portugal.

 Que o volume de negócios da SINFIC em Angola atingiu os 47.332.511 USD, em 2011, mais 5% em relação ao ano de 2008, em que atingiu os $45,000,000.00.

 Que a SINFIC é contratada do Governo de Angola, fez o registo eleitoral, em 2007 e todas as actualizações subsequentes, sendo este o seu maior projecto, ou seja, o seu maior negócio.

 Que a SINFIC Angola contribuíu em 75% para os lucros globais da empresa.

 A SINFIC, que também presta serviços na área de defesa e segurança, está profundamente envolvida com o Ministério da Administração do Território. Ela processa dados, controla registos, controla o acesso à informação, produz e manipula os cadernos eleitorais.

 Que em 2011 deu-se também continuidade à transferência de alguns dos quadros da SINFIC Portugal para a SINFIC Angola que passaram apenas a ter vínculo com esta participada.

 Que a SINFIC reconheceu já ser um alto risco a sua dependência excessiva do MAT. Por isso, nos últimos dois anos fizeram “um imenso esforço no sentido de reduzir o risco global da empresa, em especial a excessiva dependência para com o projeto do registo eleitoral associado ao Ministério de Administração do Território Angolano...”.


O próprio Relatório da SINFIC confirma o que afirmou a firma internacional de auditoria Delloitte que fez em Junho último uma auditoria aos dados do registo eleitoral do MAT e emitiu um Relatório. Este Relatório da Delloitte foi uma das provas que a UNITA juntou ao processo.


A SINFIC terá oportunidade de responder em tribunal, quando for chamada, em Luanda ou em Lisboa. Sim, talvez aqui em Lisboa onde não há Procuradores faz de contas chamados João Maria....


Suspeita-se que o contrato da SINFIC “acomoda” dignitários do regime, que beneficiam de chorudas comissões que são incluídas nas sobrefacturações.


Recentemente, a SINFIC, que também se especializa em gestão de riscos, concluíu que a sua dependência excessiva do Governo de Angola era um risco elevado para os seus negócios e que os custos com as frequentes deslocações e estadias do seu pessoal técnico a Angola eram muito elevados. O que fez?


Decidiu promover a diversificação dos negócios para reduzir o peso do MAT e decidiu o colocar o seu pessoal sob total dependência da SINFIC Angola. Assim, o custo do pessoal da SINFIC Angola deixa de ser um custo directo para a SINFIC Portugal.


Será por isso que Paulo Amaral diz que a “SINFIC Portugal” não tem lá ninguém? Se for, trata-se de mais um artifício de “menimo esperto” para tentar enganar a opinião pública.


Em todos os seus relatórios anuais a SINFIC Portugal considera “suas” as operações em Angola, a facturação, os clientes, os projectos e os lucros. Por isso, para efeitos de responsabilização criminal, não se pode escudar no facto de que o pessoal no local do crime está juridicamente ligado à SINFIC Angola, e não à SINFIC Portugal, na medida em que os resultados da SINFIC Angola são consolidados pela SINFIC Portugal, que detém 99.78% do capital da sua participada angolana.


Quem foi contratada incialmente é a SINFIC Portugal. Quem detém a tecnologia é a SINFIC Portugal. Quem recebe os pagamentos é a SINFIC Portugal. Quem tem de ser acusada e ir responder em Tribunal é a SINFIC Portugal.


O Relatório e Contas da SINFIC, publicado em www.sinfic.pt e o Relatório da firma de auditoria Delloitte desmentem o senhor Paulo Amaral.