Lisboa – Foi durante muitos anos o delegado do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) na província do Huambo, uma actividade que intercalou com a vida acadêmica. Dali seguiu para sede nacional em Luanda, para desempenhar o cargo de Director da Luta Contra Subversão Política e Social do SINSE, uma função que o tornou na segunda figura da instituição, em questões operativas.
Fonte: Club-k.net
De estatura mediana, tez escura e a barba que o caracteriza, Mateus Sipilaty é um quadro que foi recrutado, para a segurança de estado, a partir de Benguela (Cubal), sua terra natal, entre 1978/79. Contava com 20 anos de idade. Desde então trabalhou na Província e paralelamente fez uma formação no ramo da pedagogia pela Universidade Agostinho Neto. Na fase em que a delegação do SINFO observava o período de reestruturação (precipitado por uma desorganização), Mateus Sipitaly estava colocado numa área equivalente a secção ACR (Luta contra agrupamentos C/R). Daí foi transferido para o Huambo como segunda figura da delegação provincial dos serviços e mais tarde acabou ele sendo o titular do posto (delegado do SINSE, ex-Sinfo).
Sipitaly que em Dezembro último, defendeu uma tese de doutoramente em Cuba subordinada ao tema “O aperfeiçoamento da inspecção educacional na província de Luanda” foi um destacado docente universitário do ISCED do Huambo. A inclinação pela educação aparenta ser uma vocação familiar. Para além de ele próprio apresentar-se, na sociedade, como um quadro deste sector, um primo - irmão, André Soma, ocupa o cargo de delegado da educação em Luanda.
No Huambo notabilizou-se por ter tido um poder equiparado a segunda figura soberana da província. Tinhas os seus negócios no ramo hoteleiro e uma fazenda que o permitiam ter uma vida folgada. Por duas vezes, ou mais, o chefe do SINSE, Sebastião Martins, desejou transferir-lhe para outro local, em serviço mas Mateus Sipitali revertia ao quadro implorando que o deixassem ficar por mais algum tempo no planalto central. Em finais de 2011, ocorreram rotações a nível das direcções províncias e nacionais da segurança e a contragosto ele acabaria por ser transferido para ocupar o cargo que agora exerce na sede nacional. O seu ex- “adjunto” no Huambo, Cesário Canjulo também seria mexido e despachado como delegado provincial em Benguela.
Ainda naquela região, Mateus Sipitaly rivalizou-se surdamente com o governador Faustino Muteka, por actuar como uma sombra daquele. Diz-se que nada se fazia em sectores chaves da província sem a sua palavra. Quando foi transferido para Luanda concorreram rumores de que teria saído sob influencia de Muteka que alegadamente o responsabilizava pelas imprecisões nas informações de planos e acções das actividades da UNITA. (Muteka sentia-se perdido por o Galo Negro ter, neste período, organizado um comício cuja dimensão e aderência muito o irritou)
No ponto de vista do SINSE, Mateus Sipitaly fez um óptimo trabalho operativo contra a oposição (UNITA), ao contrario da tese segundo a qual tentou em vão recrutar um “peixe graúdo” no seio do maior partido da oposição.
Em Luanda, o seu trabalho esta mais centrado na filtração e penetração aos partidos políticos e sectores considerados como opositores ao regime. Era uma área que foi dividida em duas. O seu antecessor, Mateus Vilembo (Director de Apoio Técnico Operativo) ficaria com a tarefa para a área dos eventos (reconhecimento e acompanhamento de comícios, actividades culturais e etc).
Há informações de que numa remodelação, prevista para breve, o mesmo deverá ser nomeado como director para a área da educação da instituição e o cargo que agora ocupa deverá ser preenchido por António Vieira Lopes “Tó”, o delegado provincial do SINSE em Luanda.
De entre, os directores do SINSE, Mateus Sipitali, é descrito como o menos acessível apesar de ostentar uma inteligência que lhe é inegável. Os quadros da sua direcção tem se revelado saturado pela falta de abertura do mesmo ao negar-lhes sucessivos pedidos de autorização para superação acadêmica. A reputação, de “figura dura”, aparenta ser uma característica que lhe é notada desde o passado. Correligionários seus, ao tempo do MINSE, que pela intimidade o tratam por “Lili” descrevem-lhe como um quadro com predicados próprios mas também “refinadamente astuto”.