Luanda -  O conhecido sociólogo e jornalista João Paulo Gonçalves Nganga acusou esta semana o sócio maioritário do semanário Continente, Henrique Miguel, Riquinho, de ter feito o uso «indevido e abusivo» do seu nome nas páginas daquela publicação.

Fonte: SA

Jornalista recusa ligações ao projecto editorial

Numa conversa telefónica que manteve na quinta-feira, 04, com o Semanário Angolense, Nganga disse que Riquinho não só inseriu «sem consentimento» o seu nome na ficha técnica do «Continente», como também o usou para outros fins «menos nobres».


«Não sou e nunca foi funcionário do jornal Continente», refuta, em termos categóricos, João Nganga, que admite apenas ter sido contactado por Riquinho, para assumir a direcção de Informação do referido órgão, após a saída do jornalista Francisco Cabila.


 «Ele teve, de facto, uma conversa comigo para assumir a direcção de Informação do jornal, mas não chegamos a acordo, visto que eu coloquei-lhe uma série de condições, sendo a principal a não interferência da administração, ou seja, do próprio Riquinho nos assuntos da redacção», conta João Paulo Nganga.


O jornalista diz que, após o referido encontro, sem que tivesse obtido uma resposta do empresário, viu com «enorme surpresa» o seu nome estampado na ficha do «Continente» e que, em consequência disso, questionou Riquinho sobre o caso, tendo este lhe dito que o nome em causa era de uma outra pessoa e não o seu. «O meu nome completo é João Paulo Gonçalves Nganga, e no jornal surgiu o mesmo nome, à excepção do apelido “Nganga”», ajunta.


Diz que fez diligências no sentido do autoproclamado «empresário do povo» retirar o seu nome do jornal, mas que Riquinho terá feito ouvidos de mercador.

Consta  que o nome de João Nganga já figura no genérico há pelo menos três edições.


Divórcio anunciado De costas voltadas
 

O verniz estalou quando, na edição de 29 de Março, o «Continente» publicou um editorial sob o título «Um recado ao Jornal Agora; todos temos teto de vidro». Na peça em que o «Continente» desanca contra o seu confrade, diz-se que, após a exoneração de Francisco Cabila do cargo de «director executivo», ele foi substituído por João Paulo Gonçalves Nganga.


«(…) o Sr. Cabila foi exonerado da função de Director Executivo, dias antes de o mesmo demitir-se e no seu lugar foi nomeado um prestigiado jornalista do nosso mercado (João Paulo Gonçalves “Ganga” », lê-se no jornal.


Questionado sobre se tinha sido o autor do referido artigo, o jornalista, que é igualmente proprietário do semanário Global, disse não ser o autor da peça e que a inserção do seu nome tinha sido feita à sua revelia, «a mando de Riquinho», reforça.


Refere que chegou mesmo a prestar declarações na Procuradoria-geral da República, depois de Riquinho ter envolvido o seu nome num processo em que ele é acusado de ter praticado um crime de calúnia e difamação.


A uma pergunta se iria intentar uma acção judicial contra o «Continente», afirmou que não estava interessado em «alimentar polémicas». 


Em relação aos funcionários que abandonaram o semanário Global para engrossar o «Continente», disse que eles estão lá por um «curto espaço de tempo», devido ao facto o jornal, do qual é dono, se encontrar actualmente inactivo. «Tão logo, o “Global” reactar as suas actividades, eles retornarão», assegurou.


Desmentiu a notícia, segundo a qual, ele tinha alienado o «Global» à uma certa empresária baseada em Luanda. «Esta informação não corresponde à verdade», sublinhou, a finalizar.