Luanda - Depois de longas negociações com dirigentes da segunda maior força política do país, o líder do Partido Popular (PP), David Mendes, decidiu abandonar a sua organização política, filiando-se no “galo negro”, apurou O PAÍS de fontes próximas ao político.
 
Fonte: Apostolado/OPais

Segundo as mesmas fontes, as negociações foram dirigidas pelo membro da Comissão Política do Comité Permanente (CPCP), órgão decisório deste partido, e deputado à Assembleia Nacional (AN), Camalata Numa, com quem David Mendes tem uma relação de amizade que perdura há já alguns anos.

 
Os contactos com o referido político remontam a Julho do ano passado, altura em que o também advogado David Mendes viu rejeitada a inscrição do seu partido junto do Tribunal Constitucional (TC) para concorrer nas eleições gerais de 31 de Agosto de 2012, por haver incongruências na documentação apresentada ao órgão jurisdicional.

 
De lá para cá, referem as fontes, a UNITA interessou-se em tê-lo nas suas fileiras, tal como o fez nas vésperas das eleições legislativas de 2008, quando convidou várias personalidades para “reforçar” o partido, como sucedeu com os jornalistas Raul Danda e Makuta Nkondo, o jurista Adriano Parreira e outros.

 
Aliás, depois da recusa do PP pelo Tribunal, David Mendes e os seus militantes apoiaram a organização fundada por Jonas Savimbi na campanha eleitoral. Embora ele não tivesse participado activamente, uma das suas filhas, Rosa Mendes, teve um papel preponderante na campanha da UNITA.

 
Segundo ainda a fonte, com ele foram outros militantes que deverão ser apresentados ainda ao longo deste mês, numa cerimónia restrita a ser realizada no complexo deste partido, sedeado em Viana, arredores de Luanda. A imprensa não terá acesso ao acto, de acordo ainda com as nossas fontes.

 
Entretanto, uma fonte ligada ao gabinete de imprensa do “ galo negro” confirmou o facto, mas evitou entrar em pormenores, dizendo não ser “costume do seu partido publicitar a entrada de novos militantes, como fazem os outros, porque eles não são produtos expostos à venda para fins lucrativos”, disse.

 
Acrescentou que não é a primeira vez que esta força política absorve militantes de outros partidos, que isso ocorre quase todos os dias, mas longe dos holofotes da imprensa. “Não é nossa prática apresentar este ou aquele, porque o que nos importa é que trabalhe para o bem do partido e mais nada”, concluiu.


Contactado por O PAÍS na tarde desta segunda-feira, 1, David Mendes não confirmou nem desmentiu a informação, prometendo avançar mais pormenores a este jornal na próxima semana. “Não gostaria de falar disto por enquanto, prefiro fazê-lo na próxima semana”, resumiu.