Toronto - Como é do conhecimento público -Canadá-  realizou-se a 13 de Abril, sábado último, das 13 as 17, a   palestra alusiva aos 11 anos de  Paz em Angola, sob o lema, “ACO- Passado, Presente  e Futuro”,  sob os auspícios da  Comunidade Angolana no Ontário (ACO).  

 

Fonte: Club-k.net

“A identidade do Angolano não depende do nome” 

A actividade que teve lugar na sede da ACO “Comunidade Angolana do Ontário, contou com “casa-cheia”, tendo como orador principal, Sebastião Vita N'singi, Presidente-Fundador da ACO, ladeado de Agostinho Tavares, embaixador Angolano no Canadá, que fez da ocasiao uma sessão de auscultação da diáspora angolana em “terra dos  esquimós”.  Para   quem terá chegado ao Canadá em torno do ano 2000, a qual se destaca a  vinda da maior parte dos angolanos, sem dúvida, a ACO é cronologicamente mais velha que muitos destes emigrantes, pois ela foi criada no limiar de “89 ».

 

Porém, o testemunho tanto dos da primeira como da segunda geração da ACO, em termos de « membresia » e liderança, não há memoria  de uma reunião com tal nível de qualidade, tanto pela ordem e decência e activo empenho dos participantes  no dialogo aberto e transparente, como pela pontualidade de todos, o que permitiu com que a actividade começasse realmente na hora marcada, mas, mais surpreendente ainda, ninguém queria arredar o pé, não fossem as obrigações do próprio orador principal, pois, coisa rara e ver membros da nossa comunidade permanecer de livre e espontânea vontade,  e de ânimo leve  numa  palestra que se estendeu 2 horas, além do tempo previsto.  

 

O segredo deste  feito, esteve -seguramente-  não apenas no interesse dos participantes em geral, mas sobretudo no carisma dos principais oradores, reflectida na humildade de Sebastião Nsingi também na pessoa de Agostinho Tavares, um diplomata sem protocolo.  Aliás, foi devido a este sinal de carisma, que neste primeiro   “tête-à-tête», os «Torontonianos » solicitarem que o diplomata os visitasse mais vezes, ao que foi aceite, cordialmente.  Contudo, para Sebastião Nsingi, hoje, na curva dos 50,   poliglota, pastor e  advogado residente em Otava, a  ideia da criação da ACO surgiu na base duma preocupação, partilhada pelo « mais-velho Sousa », assim lhe chamam. Segundo a narrativa isto aconteceu quando  o ‘’mais-velho Sousa’’ que em 88 transportara em seu Táxi, apartir do Aeroporto Internacional Pearson, uma jovem angolana com sua filhinha no colo -num discurso agoniado, meio   Inglês, meio português, mas num sotaque inconfundível,  tendo as deixado  desolado, na sede duma Organização Comunitária Ganense em Toronto.

 

Porém, para sua satisfação, a ACO, organização  por ele fundada, volvidos mais de duas décadas, contínua viva e apoiando outros angolanos. De facto, esta foi uma reunião de líderes da ACO, do Passado, Presente e futuro, onde a questão da unidade, comparticipação de todos nas actividades programadas, bem como a necessidade de quotização, foram as questões mais relevantes, pelo que, ao  que a  « quota » diz respeito, os oradores principais deram seu exemplo, pagando as suas, até ao fim do ano, gesto simbólico que muito sensibilizou os presentes. Este encontro,   foi uma espécie de conferência de reconciliação, não apenas dos angolanos, (confinados em suas respectivas ilhas), mas sobretudo entre estes e a embaixada, fruto dos ventos da Paz, a despeito das  guerra e obsessões partidárias, a desconfiança e o descontentamento eram a bandeira da nossa identidade e por conseguinte, do nosso relacionamento, tanto formal como informal.  Mas, para António Ildo Major Alves, actual Presidente da ACO, que na ocasião afirmou acreditar na Comunidade, lembrou que as «ilhas» sempre continuarão a existir,  socialmente, ao pé de igualdade que do ponto de vista geográfico, enfatizando, porem que , «elas deixarão de existir, sempre que estivermos unidos », mas, depois, sem prejuízo da unidade, “cada um poderá voltar a sua ilha », ironizou.

 

Finalmente, António Alves  exortou aos indecisos   e indiferentes para voltarem a acender a luz em seu interior, “pois assim são os Membros das outras Comunidades, cujo imagem, em termos organizativos,  constituem uma fonte de inspiração para nos”, reiterou.  Para António Alves, o importante eh que “cada cidadão nacional se torne um genuíno embaixador da angolanidade ». Por   seu turno, o embaixador Agostinho Tavares anuiu a sugestão relacionada com a   criação de um figurino que permita a representação da diáspora angolana e outra do corpo diplomático angolano no Concelho da República, para que as preocupações de maior vulto dos angolanos cheguem ao Presidente da República de forma mais fluida.  A dado passo da sua intervenção, Agostinho Tavares sublinhou que a luz da Constituição da República, “a identidade do angolano não depende do nome », isto a respeito da questão abordada sobre o nome dos angolanos, vivos e mortos.  

 

Finalmente, o embaixador Agostinho Tavares exortou os empresários Canadianos  ai representados, para apostarem os seus investimentos na reconstrução e  desenvolvimento de Angola, usando, se possível, estratégias racionais que passam pelo  estabelecimento de parcerias com seus homólogos angolanos.  « Vale a pena investir em Angola », apelou  o diplomata, assegurando que os retornos estão a vista desarmada.

 

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