Luanda  - Falando em conferência de imprensa, nesta Terça-feira, 24, em Luanda, Manuel Difuila disse ser ainda o presidente legítimo da CGSILA, mesmo depois da sua destituição do cargo, após a realização de um Congresso ordinário em que não participou,  em Junho de 2012, por um grupo de antigos membros. Acusou Francisco Jacinto de usurpar as competências do presidente da agremiação sindical.

Fonte: O Pais

images/stories/Opiniao/kabazuca%20corrupcao.jpgSegundo a fonte, Francisco Jacinto está a agir à margem da direcção legítima, por não fazer mais parte dela, desde a altura em que ele e mais um grupo de antigos membros decidiram convocar e realizar o IIIº Congresso ordinário da CGSILA, atropelando os estatutos. “Tanto ele como os outros já não fazem parte desta organização e, por isso, não podem nos representar em lado nenhum”, afirmou. 

Parecendo agastado com o ocorrido, Manuel Difuila acrescentou que Francisco Jacinto deixou de ser membro deste sindicato depois da realização do Congresso ordinário, que visava, segundo ele,  afastá-lo da liderança “por ambição desmedida de querer ser o presidente, como agora se intitula”, acusou.

Explicou que o aludido Congresso não foi legal pelo facto de ter sido convocado pelo seu antigo vice-presidente, Avelino Miguel, com base na alegação, ao abrigo da alínea j, conjugado com o artigo 18º dos Estatutos. “Quem deve convocar o Congresso   é  o presidente e não o vice. Ainda não morri, estou em vida e não podia ser o vice-presidente a fazê-lo, mesmo conhecendo o regulamento”, desabafou. Para o responsável sindical, Francisco Jacinto e pares não só  violaram os estatutos, como cometeram o “crime mais grave” ao  mandar  publicar a decisão do  Congresso em Diário da República(DR), órgão oficial do Governo, fazendo-se passar como se tratasse de um Congresso legal e que tivesse sido realizado com consenso, afirmou ainda Manuel Difuila.

De acordo com a fonte, o reconhecimento deste conclave,  que por norma dos estatutos é realizado quadrienalmente, consta no DR sob nº 67, IIIª série, de 14 de Abril. “ É inadmissível fazer isto num órgão oficial do Estado, porque nenhuma verdade consta nela, mas apenas mentiras fabricadas”, deplorou.


JUSTIÇA PRECISA-SE!

Condoído com a situação, o homem que disse ter sido “traído” pelos seus antigos colaboradores mais próximos, destacando-se o vice-presidente Avelino Miguel, vai intentar uma acção judicial contra a direcção de Francisco Jacinto, para a reposição da legalidade. “E isto será  para breve”.

Na opinião da fonte, que se encontrava ladeado pelos seus principais colaboradores, a intenção de recorrer à justiça servirá para se colocar cobro a situação que considera de gravosa para uma instituição como a que defende como sendo ainda sua, apesar do seu afastamento. “É uma desonra  um grupo de aventureiros falar em nome da CGSILA que defende milhares e milhares de trabalhadores honestos deste país”, sustentou.

Considerou a atitude de Francisco Jacinto, a quem não reconhece autoridade nenhuma, em negociar com o Governo o salário mínimo nacional, como “ uma aventura e ambição desmedida para dirigir um sindicato de grande envergadura como o nosso, sem ser eleito num Congresso legal ”. Reiterou que só a justiça poderá colocar ordem nesta situação que pode ter contornos imprevisíveis.

  SOMOS OS LEGÍTIMOS


Para dissipar as dúvidas sobre a quem compete representar a  esta instituição,  Manuel Difuila, que é também professor da Universidade Agostinho Neto (UAN), leccionando  História no ISCED de Luanda, exibiu uma cópia de certidão de registo passada pelo Gabinete Jurídico do Ministério da Justiça, datada de 7 de Setembro de 2012, conferindo legalidade para o exercício das suas actividades.

“Como vedes, estamos legalizados e não somos quaisquer aventureiros para dirigir a CGSILA, que foi fundada pessoalmente por mim em 1996, na Maianga, aqui em Luanda, e ao longo destes anos todos tenho dado o máximo de mim para mantê-la viva”, explicou. Para ele a sua ideia não é manter-se definitivamente no cargo. “ Nunca pensei em perpetuar a presidência”, esclareceu.


No que concerne à sucessão, o sindicalista respondeu que os estatutos são claros quanto à alternância dos cargos ao nível desta instituiçã.  “ Só com base no Congresso que é convocado pelo presidente. Fora isso, não é legal”, observou a fonte, que disse dedicar-se de “corpo e alma” à CGSILA e à docência.  


Sobre a polémica em volta da conta bancária domiciliada numa dependência do Banco  de Fomento Angola (BFA) que se dizia ter sido esvaziada por si, Manuel Difuila retorquiu que a mesma tinha sido bloqueada porque estava a ser açambarcada por indivíduos que se intitulam como sendo da nova direcção. “Tivemos que abrir uma outra conta”, avançou.

Refutou as acusações da “nova direcção”, que diz que Difuila sacou o dinheiro que existia nos cofres da instituição para benefício próprio. “Não responde à mínima verdade”, declarou, reforçando que é ele quem tem estado a contribuir mais para esse fundo com os seus “salários da Universidade, mas nunca a fazer o contrário”, desabafou.

SALÁRIOS


Sabe-se que o Executivo e os parceiros sociais ainda não encontraram uma plataforma sobre a fixação do salário em discussão, sendo que as negociações reatarão proximamente, já que se trata de um instrumento que deve ser negociado entre três parceiros fundamentais (Executivo, Sindicato ou associações e os empregadores).

Nesta primeira ronda negocial, o Executivo fez-se representar pelo secretário de Estado para o Trabalho e Segurança Social, Sebastião Lukinda, e o sindicato por Francisco Jacinto, secretário-geral da CGSILA. Refira-se que o último reajuste foi feito em Fevereiro do ano passado, e o Conselho de Ministros (CM) aprovou o aumento do salário mínimo em 15 por cento.