Bruxelas  - Isaías Samakuva, presidente da UNITA, maior partido da oposição angolana, encontra-se actualmente em Paris no âmbito de um périplo internacional. Nos estúdios da RFI o líder do movimento do galo negro passou em revista os grandes temas da actualidade angolana, e não descarta levar as alegações de fraude sobre as eleições do ano passado ao Tribunal penal internacional.

Fonte: RFI

Em Abril deste Ano o SG da Unita, Vitorino Nhany reafirmou em Luanda a intenção de apresentar no estrangeiro queixas contra o Presidente José Eduardo dos Santos se o Tribunal Supremo de Angola indeferir o recurso apresentado no passado dia 05.

Em causa estão as acusações da UNITA a José Eduardo dos Santos relativamente à prática de sete crimes contra o Estado entre 2010 e 2012: excesso de poder, traição à pátria, sabotagem, falsificação dos cadernos eleitorais e atas de apuramento dos resultados eleitorais, impedimento abusivo do exercício de direitos políticos dos cidadãos, falsificação do escrutínio e uso de documentos falsos.

A UNITA acusa o Presidente angolano de ter criado dois anos antes das eleições gerais de 31 de agosto de 2012 uma "estrutura paramilitar clandestina" encarregue "de facto" da sua organização, colocando à margem desse processo a Comissão Nacional Eleitoral.

Caso o Tribunal Supremo indefira o recurso, e também a Comissão de Direitos Humanos da UA e o TPI não forem ao encontro das alegações da UNITA, Vitorino Nhany disse que o partido se virará para o povo angolano.

"Se todas as possibilidades saírem furadas, os juristas dizem que o problema deve ser outra vez entregue ao titular do poder político, que é o povo", frisou.

O secretário-geral da UNITA escusou-se a explicar que mecanismos irá a UNITA utilizar, limitando-se a afirmar que, disse, "os problemas se resolvem de forma interna e não externa".

"Se essa nossa tentativa não tiver os resultados que esperamos, naturalmente que não temos outra saída. Os problemas resolvem-se de uma forma interna e não externa. Os aspetos externos apenas influenciam. Mas os determinantes são os aspetos internos. Nessa altura, o titular do poder político, que é o povo, vai tomar as rédeas do assunto", acentuou SG da Unita.