Luanda – O Sindicato dos Professores e Trabalhadores do Ensino Não Universitário (SIMPTENU) diz que dois anos depois da implementação da Reforma Educativa a monodocência continua a ser um obstáculo ao sucesso do novo sistema de ensino em Angola. O SIMPTENU apela a flexibilidade do Ministério da Educação em relação ao assunto.
 
Fonte: Club-k.net

Com a extinção completa do sistema educativo anterior que integrava o ensino de base (da 1ª à 8ª Classe), médio e superior, o SIMPTENU ainda não está satisfeito com a reforma implementada.

O fundamento da insatisfação pela reforma educativa prende-se com o sistema de monodocência, a presença de um único professor para a 5ª e a 6ªs classes. “O grande handicap ainda reside na monodocência sendo que em outros aspectos os obstáculos já foram ultrapassados”, disse o presidente do SIMPTENU José João.
 
Com a implementação da reforma os professores que leccionavam uma única cadeira nas 5ªs e 6ªs passaram a se responsabilizar por todas as disciplinas. O líder do SIMPTENU afirmou que 70% dos docentes destas classes não têm capacidade para satisfazer as obrigações do sistema de ensino reformado.

“70% dos professores que estão a assegurar a reforma foram formados num outro sistema de ensino. Portanto não estão habilitados com capacidades tais que correspondam as exigências actuais da reforma, daí que professores leccionavam uma única disciplina agora estão a ensinar cerca de oito a 11 disciplinas”, rematou.
 
O sindicalista José João assegurou por outro lado que a reforma pode ser prejudicial para o ensino em Angola na medida em que os docentes são obrigados a ensinar conteúdos que não dominam. “A quem é apologista de que o professor é auto-didata e deve se superar. Compreendemos de facto, mas… uma coisa é ser autodidacta e outra coisa é ter aprendido as habilidades na escola, o que não aconteceu”, frisou.
 
O SIMPTENU, segundo fez saber o seu dirigente, continua a bater na mesma tecla no sentido de apelar a flexibilidade do ministério da Educação em relação a implementação da monodocência.
 
Para José João o ministério devia facilitar a inclusão de pelo menos mais três professores, principalmente para as disciplinas que requerem docentes especializados como é o caso de Educação Física, Música e Educação Manual e Plástica.

“Acho que por aqui o Ministério (da Educação) teria que abrir mão. As cadeiras nucleares podiam ser suportadas por um professor, mas que devia merecer formação adequada suplementar ao grau académico que este professor adquiriu na escola”, salientou.
 
O SIMPTENU tem como desafio para os próximos tempos a edificação de um Centro de Formação Social e Profissional, cujos contactos estão já bem avançados com algumas organizações internacionais como a CPLP Sindical e a Internacional da Educação.
 
A construção deste centro socioprofissional servirá para ajudar o ministério da Educação na formação de professores capazes de responderem as necessidades educativas do país, à luz do sistema educativo vigente.
 
A reforma do sistema educativo foi aprovada pela lei 13/01, de Dezembro de 2001 e inclui novas divisões dos níveis de ensino, alterações no sistema de avaliação dos alunos, criação de novas cadeiras e reformulação dos conteúdos curriculares.