Luanda – A situação política em Angola caminha perigosamente e com a velocidade da luz para uma explosão. A intolerância esta ao rubro e os assassinatos políticos e criminosos são assustadores. O município de Cacuaco, em Luanda, e de Londuimbali no Huambo, são os epicentros da erupção do vulcão entre os arqui-rivais MPLA e UNITA.

Fonte: Club-k.net

Em Cacuaco, no bairro Bakongo – Paraíso, a 01 de Junho de 2013, três policias que se encontravam de serviço numa roulotte foram assassinados friamente por desconhecidos.


As primeiras mensagens telefónicas que circularam davam conta de 30 polícias mortos por populares revoltados, sem darem mais outros detalhes.

As pessoas começaram a questionarem como trinta polícias podem ser mortos duma vez, onde estes se encontravam e como pois, mesmo num pequeno posto policia não há uma concentração deste tamanho de agentes.

Mais tarde, a informação começou a ser esclarecida e corrigida no que diz respeito a quantidade afirmando que são três os polícias mortos.

Quanto aos autores e o motivo do crime continuam a ser desconhecidos, limitando-se a ser ouvidos os rumores ou especulações dos moradores.

Uns apontam razões românticas entre os polícias e três mulheres que foram conviver com eles no seu posto. No convívio, as senhoras conseguiram drogar os polícias que adormeceram sob o efeito da droga, antes de estas (mulheres) os assassinarem.
 
Outros contam que os polícias desprevenidos foram atacados por um grupo de meliantes armados ate aos dentes, causando a morte de todos eles. Seja qual for o cenário, são pessoas que morreram. Os polícias são pessoas, pais, filhos, sobrinhos e netos de alguém. Eles têm direito ah vida e devem ser respeitados por quem eles protegem.

Tendo em conta os relatos acima descritos, este assassinato colectivo de polícias cheira a ajuste de contas com os criminosos. A polícia parece suspeitar que foi a UNITA que mandou executar os seus agentes.

Para o MPLA, o Galo negro foi e eh sempre o bode expiatório de todos os males e seus insucessos em Angola. No tempo da guerra civil, o Governo do MPA acusava o Presidente da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, de ser o responsável de tudo que faltava.

Faltou água, é por causa de Savimbi; faltou electricidade; é por culpa de Savimbi; a comida tem muito sal ou gindungu, eh por culpa da Savimbi; faltou emprego, eh por causa de Savimbi; etc. Savimbi foi assassinado e a situação social, económica e política está pior que no tempo de guerra.

Renitente, o MPLA reitera as acusações contra a UNITA e seus dirigentes por tudo e por nada. E assim que em retaliação ao assassinato colectivo dos seus agentes, a polícia mandou uma unidade matar dois dirigentes municipais do Galo no Bairro Kikolo.

Trata-se de Filipe Satchova Chakussanga e António Zola Kamuku, abatidos diante das suas residências, esposas, seus filhos e vizinhos. “Unidades da Polícia Nacional, em operações no bairro Paraíso, fizeram buscas nocturnas porta a porta, e assassinaram friamente, nas suas residências, os membros da UNITA e dirigentes do Comité Municipal de Cacuaco, nomeadamente o Inspector Municipal Filipe Satchova Chakussanga e o Secretário Comunal de Kikolo, António Zola Kamuku” – indica um comunicado do Galo negro.

Foi nestes termos que o Galo negro reagiu a mais um assassinato de dirigentes seus em pouco menos de um mês, o anterior tendo acontecido no município de Londuimbali, Província do Huambo, onde o Secretário municipal do partido para as finanças, Francisco Epalanga, foi morto a pedradas e golpes de catanas e facas pelos membros do MPLA.

O Presidente da UNITA, Isaías Samakuva, que regressou de uma longa digressão aos Estados Unidos da América e Europa, efectuou uma visita relâmpago ao Huambo onde a situação politica esta tensa, na sequencia do assassinato de Epalanga.

O mais preocupante eh que os assassinatos políticos de policias e dirigentes da UNITA parecem ser vistos com normalidade pelo poder. Em Londres, Grã-Bretanha, onde um polícia foi assassinado, o pais quase parou e o governo fez tudo, identificou, apanhou e levou ah justiça os assassinos.

Aconteceu o mesmo em Paris, Franca, onde um soldado foi abatido. Os inquéritos sobre os referidos acontecimentos perseguem em ambos os países. A imprensa britânica, francesa como mundial só falava dos referidos acontecimentos drásticos.

Os acontecimentos agitaram os pais (Grã-Bretanha e Franca) onde aconteceram os assassinatos e ocuparam largos espaços na imprensa. Em Angola, apenas o assassinato de três policias mereceu um destaque na imprensa publica, com as intervenções dos analistas dos regime.

Mesmo assim, não agitou o país e o governo que manteve a sua vida normal. A única reacção de vulto foi a exoneração da Comissaria-chefe Elisabeth Ranque-Franque do cargo de Comandante Provincial de Luanda. A comandante Bety - como é mais conhecida - foi substituída ao cargo por um outro Mbinda, António Maria Sita. E despir São Paulo para vestir São Pedro.

A Bety é descendente do fundador da FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda), Luís Ranque Franque.

Quanto à morte dos dois dirigentes da UNITA, apenas o povo se encarregou de expandir a notícia. A imprensa dita publica nomeadamente a TPA (Televisão Publica de Angola), a Rádio Nacional de Angola, o Jornal de Angola e pensa-se que também a ANGOP (agencia noticiosa) e acessórios como a TV Zimbo, a rádio LAC (Luanda, Antena Comercial) calaram-se e ignoraram pura e simplesmente o acontecimento.

Nada se sabe da cobertura que a emissora católica Rádio Ecclésia deu ao assunto. Para o regime do MPLA, a morte de um cão vale mais que a de um membro da UNITA.

Recorde-se que a Assembleia Nacional calou-se quando um deputado da UNITA, Ngalangombe, foi assassinado e o seu corpo encontrado numa vala num bairro de Luanda onde foi deitado.

O Parlamento não reagiu, não organizou nenhuma cerimónia e nem sequer reservou um minuto de silêncio em memória de Ngalangombe, pela simples razão de este ser da UNITA.

Quanto ao assassinato de três polícias no seu posto de trabalho, se os autores são meliantes, é motivo para preocupação por parte das autoridades e da sociedade.

Isto demonstra que a criminalidade e a insegurança estão em alta, a evoluir e a sofisticar-se em Angola. Os criminosos angolanos estão a rivalizarem-se com os seus homólogos do Brasil e falta pouco para que Angola comece a assistir a luz do dia cenas rocambolescas de batalhas armadas renhidas entre polícias e delinquentes nas ruas.

E preocupante igualmente quando polícias dão-se ao luxo de matar friamente pessoas como de galinhas se tratasse e isto na presença dos familiares e vizinhos das vítimas. O dever de uma policia eh de proteger a população, prender os criminosos e leva-los ah justiça e não de matar quem quer que seja.

A polícia nacional eh de Angola, do povo Angolano; não eh pertença exclusiva do MPLA ou do seu Presidente José Eduardo dos Santos. A polícia deve proteger o país e o povo, e não o MPLA e José Eduardo dos Santos.

“A UNITA, parceira dos Acordos de Paz e da construção da democracia angolana, não pode entender que unidades policiais, com a missão constitucional de assegurar a ordem pública e a segurança de todos, cometa actos criminosos contra cidadãos angolanos, apenas pelo facto de pertencerem à UNITA. Tanto mais grave que essas unidades terão recebido ordens superiores para a realização dessas execuções sumárias, em flagrante violação à Constituição” – refere o comunicado acima referido.

A violência, recorda-se, teve inicio no município de Lombuimbali, Província do Huambo, onde o Secretario municipal para a administração e finanças, Francisco Epalanga, de 42 anos de idade, foi morto a pedradas por militantes do MPLA, segundo informou o Secretario provincial da UNITA no Huambo e deputado a Assembleia Nacional, Liberty Chiaka.

Este esclareceu que o malogrado foi morto por um golpe  de uma pedra de cerca de três quilos na nuca, sete de catanas e dezanove de faca. O motivo deste assassinato horrível eh apenas o de os Maninhos tentarem construir uma tribuna de paus na sede do município onde se previa dar posse a um novo elenco dirigente da UNITA.

Na sequencia destas mortes de policias e dirigentes da UNITA, a tensão politica que já eh permanente em Angola subiu ao rubro. Houve quem pensou numa explosão politica no paihs.
Mas, mais uma vez, a situação foi salva pela tolerância e candura religiosas do Presidente da UNITA, Isaías Ngola Samakuva, traduzida pela suavidade do comunicado do Comité Permanente do partido que se reuniu de emergência para analisar o clima politico registado em Angola.

O documento refere que “Face ao clima de medo e agitação instalados no país, em consequência destes actos, o Comité Permanente apela à população em geral, e aos membros da UNITA em particular, para manterem a serenidade e confiança na irreversibilidade da paz e das suas conquistas. O Comité Permanente tomou a decisão de processar judicialmente os autores, já identificados, dos assassinatos dos seus dirigentes em Luanda e no Huambo.

O Comité Permanente da Comissão Política reafirma o compromisso da UNITA com a Paz e com o processo de democratização do país, continuando empenhado na busca contínua de diálogo inclusivo, mas condena firmemente a prática reiterada de execuções sumárias, pelo que exige de todas as instituições do Estado o escrupuloso respeito pelas Leis da República de Angola”.

Samakuva e UNITA aplicam religiosamente os ensinamentos bíblicos segundo os quais se alguém te bate na face esquerda, dá também a direita. “Ouviram o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Mas eu digo-vos mais: Não resistam a quem vos fizer mal. Se alguém te bater na face direita, apresenta-lhe também a outra” [Mateus 5, 38-39].

Pouco importam as vítimas da intolerância política do MPLA, a UNITA resistira pacificamente a tudo “Em nome da Paz e da Reconciliação Nacional”. A oposição política angolana e o MPLA fazem um jogo sobre as palavras Reconciliação Nacional e Clemência e Integração.

Quando a UNITA defende a consolidação da Paz, Democracia e Reconciliação nacional, o MPLA, por seu lado, insiste em Clemência e Integração. O MPLA se considera como sendo ele o país e Angola um dos seus quartos. Não se chega ah Angola sem passar pelo MPLA. É caso para considerar que Angola eh um vulcão adormecido que pode a qualquer momento entrar em erupção.

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