Estes dois responsáveis, citados pela agência norte-americana Associated Press sob condição de anonimato, indicaram que um número não especificado de soldados angolanos chegou ao país há quatro dias.

A Agência Lusa está a tentar confirmar esta informação junto das autoridades angolanas.

A 29 de Outubro, a RDCongo pediu formalmente a Angola apoio político e militar em face do avanço dos rebeldes liderados pelo antigo general tutsi Laurent Nkunda para Goma, capital da província do Kivu-Norte, perto da fronteira com o Ruanda.

A confirmar-se, o envolvimento de tropas angolanas pode provocar uma escalada do conflito para além das fronteiras da RDCongo, envolvendo também o Ruanda, suspeito de apoiar os rebeldes congoleses.

Estas informações surgem horas depois de o governo de Angola ter apelado às partes em conflito na República Democrática do Congo para continuarem o diálogo e procurarem "soluções definitivas" para a actual crise.

Numa nota de imprensa do Ministério das Relações Exteriores de Angola, Luanda condenou o uso da força pela rebelião para combater um Governo eleito de forma democrática, manifestou a sua preocupação com a deterioração da situação de segurança e humanitária e condenou interferências "directas ou indirectas de terceiros" no conflito.

Nkunda decretou um cessar-fogo unilateral na semana passada, quando as suas forças chegaram aos arredores da cidade, mas nos últimos dias sucederam-se as informações sobre confrontos na zona.

As Nações Unidas deram hoje conta de novos combates entre o exército e os rebeldes leais ao general Nkunda nos arredores de Goma, perto de Kibati, cerca de 10 quilómetros a norte de Goma, onde cerca de 45.000 pessoas se refugiaram dos combates das últimas semanas.

Segundo o porta-voz militar da missão, o major Shardool Sharma, o exército disparou morteiros contra os rebeldes hoje de manhã a norte de Kibati e os rebeldes responderam com disparos de armas automáticas.

Um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados indicou que os confrontos desta manhã se prolongaram por cerca de 30 minutos, obrigando à interrupção da distribuição de ajuda aos refugiados e provocando pânico entre a população do campo.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou entretanto em Nairobi, onde está a participar numa cimeira africana sobre a RDCongo, que a força de manutenção de paz das Nações Unidas, MONUC, está no limite das suas capacidades.

"Temos de passar o ciclo de violência para trás de nós. Esta crise pode alastrar à subregião", disse Ban.

Fonte: Lusa/Fim