Luanda  - O Encontro entre os jovens do Movimento Revolucionário e o Presidente da CASA, aconteceu 24 horas depois da Reunião que o Presidente da República teve com os dirigentes das organizações juvenis dos partidos políticos, de estudantes e da sociedade civil, onde desprezou e excluiu aqueles que fazem parte do grupo que protagonizou ao longo dos anos as manifestações de reivindicação dos direitos de cidadania que, diga-se em abono da verdade, forçaram o PR - JES a convocar este inédito encontro, 33 anos desde que é Presidente de Angola.

Fonte: CASA-CE

A Reunião com os grupos juvenis solicitada pelo PR, por vias do CNJ teve lugar na sexta-feira, na Cidade Alta; o Encontro entre os Jovens Revolucionários, refira-se na sua máxima força e a Direcção da CASA-CE, que congregou mais de 80 (oitenta) jovens, que Chivukuvuku considerou como o Fermento da Transformação Socioeconómica, foi justamente na manhã de sábado, portanto dia 22 de Junho, na Sala de Conferências da Sede da Presidência da CASA-CE. Considera-se um encontro histórico, porquanto, por coincidência ou não, deixa antever dois cenários que, se porventura ontem se desenvolveram latentes e discretos, a partir desta data ficou claro e exacerbado por culpa de JES que mais uma vez optou pela lógica do “dividir para melhor reinar”. Duas sociedades foram identificadas e dilaceradas, oficializadas pelo Presidente de todos nós: uns párias e arruaceiros, outros fidedignos, corteses e bons rapazes. Por outras palavras, todos aqueles descontentes com esta governação estão contidos na população representada pelo Movimento Revolucionário; outros beneficiários do Regime instaurado e implantado são então aqueles que o PR abraça e contempla.

Entretanto e fazendo jus ao comentário de um dos participantes, um imbróglio surgiu: a partir de agora, todos aqueles que participaram deste encontro estão comprometidos com o PR e subsequentemente serão observados com desconfiança pelo resto da sociedade; como_ provavelmente de forma errada, indivíduos que terão encontros informais secretos, receberão correios dirigidos e enriquecidos, terão audiências com personalidades do escuro, etc. Crer nisso é ma fé; descrer é perigoso. Porém, foi sem dúvida uma jogada de mestre, mesmo se pretensiosamente queiramos, como um dos observadores disse: considerar maquiavélica. Aos nossos olhos, só pode ser maquiavélica se os participantes dela assim o permitirem. Pois e desde já teriam rejeitado participar logo que souberam da exclusão de outros companheiros reivindicadores (Movimento Revolucionário) dos mesmos direitos. Seja o que for, em vez de corrigir o tiro, como se diz na gíria, o PR flagelou-se e abriu um grave precedente.

Em suma, e como os próprios participantes pediram que encontros como estes de bons cavalheiros, se repita por longos e felizes anos, não terão moral de criticar aquele que durante todos estes anos por consciência os vilipendiou e sem se retratar, ao invés e unicamente por se encontrar num beco sem saída, forçosamente, ou seja contra sua vontade os recebeu, contudo voltando a censurar com subtileza, não obstante virulenta, os métodos de luta sociopolítica, destes mesmos jovens cuja paciência se viu abusada.

Um jovem insensível e inactivo, disse Cláudio, é também amorfo para a sociedade; na medida em que, o desenvolvimento dos cidadãos nas sociedades, de muito depende deste mal necessário que são as manifestações. Outrossim, é bom sempre recordar às mentes dormentes, ou como diz a Doutora Mihaela Webba, os metacapos, que todas as nações, todas as sociedades, todos os povos civilizados usam das manifestações populares, protestos de rua e greves laborais, como mecanismos de pressão para reivindicar seus direitos inalienáveis ou destronar governos despóticos, quando a negociação não resulta. Estes mecanismos estiveram ao longo de centenas de anos na origem da evolução socioeconómica e estabilidade desses povos com destaque para os ocidentais. Concomitantemente pelo inconformismo e insaciabilidade de seus cidadãos, as manifestações promoveram igualmente o avanço imparável da ciência e da tecnologia, hoje ingredientes indispensáveis que julgam e determinam em paralelo o avanço civilizacional.

Somente nos países ditatoriais, mormente os africanos cujos líderes pautam por princípios retrógrados e retardatários, ou onde os presidentes tenham limitações de vária ordem, como de formação integral, sobretudo que os possibilite apreender os sinais dos tempos e a utilidade incontornável da Democracia e da alternância é que reincidem e consequentemente atiram para o abismo seus concidadãos, submissos a força dos bastões, das balas e de outras restrições administrativas, como é o impedimento ao acesso a bens e serviços públicos ou estatais, o que provoca aquilo que convencionalmente se designa como a “morte social indigente”. Pensamos não ser este o caso de Angola. Oxalá!

Entretanto, se realmente JES despreza e persegue todo aquele que diz não ao seu sofrimento_ subentendido quer dizer que despreza e vai em contrassenso com todos os cidadãos do mundo civilizado e desenvolvido que por esta via alcançaram a verdadeira liberdade e hoje militam em sociedades que todos nós invejamos e para lá queremos ir viver, conhecer, respirar os ares que lá sopram.


Nesta conformidade, os angolanos não podem constituir o outro lado da selva ao arvorarmos um Crescimento Económico fora de série e um Desenvolvimento Humano garboso quando paradoxalmente a realidade da práxis do quotidiano dos angolanos até mesmo nesta cidade capital de Angola martirizada, se reflete minguado e triste.


No debate interno e acalorado, Chivukuvuku que se fez ladear pelo Presidente da Bancada Parlamentar, Almirante Miau, pelo Vice-presidente Lindo Bernardo Tito, pelo Secretário Executivo Nacional, Leonel Gomes e outros membros da Direcção, prometeu todo o tipo de apoio e mantém-se solidário e disponível a escuta dos “frustrados” naquilo que for necessário e possível. Abel Chivukuvuku ao encalço dos desejos dos Jovens Revolucionários, em se verem apoiados pelos partidos políticos nas suas acções, apelou também como premissa indispensável à interiorização e reestruturação do núcleo de vanguarda do Movimento para melhor concertação das accões a empreender; melhor definição dos objectivos a atingir, a partir de uma melhor organização estrutural do Movimento para resultados mais profícuos e duradouros, por exemplo criarem uma Direcção Colegial.


Para Chivukuvuku: “Ser Jovem é ser dinâmico, audaz, corajoso, reivindicador; um jovem que não questiona, não vale, não é jovem; um jovem que não ambiciona, que não sonha, perdeu uma parte da sua humanidade”. Isto não quer dizer que o Jovem tem de ser necessariamente rebelde, indisciplinado ou provocador de distúrbios. Contudo, sublinhou o Presidente da CASA-CE: “A realização de um país é a realização dos sonhos e das ambições dos seus cidadãos”. Angola não pode passar a margem desta realidade, quão tangível.


Para terminar Chivuku deixou a seguinte reflexão: “A humanidade deve o progresso as pessoas que questionaram, duvidaram e que não aceitaram!” “A humanidade não deve o progresso àqueles que aceitam sempre, não é verdade. A diferença é que produz o progresso; a diferença é que cria; a dúvida é que resolve a responder a questões, porque se aceitarmos tudo; tudo, não se evolui”, concluiu. Importa lembrar que, o Movimento Revolucionário pretende estender a iniciativa de consultas a outros partidos da oposição.

FIM