Van-Dunem afirmou temer que a reconstrução de estradas e pontes destruídas acabe por ajudar na disseminação do vírus através da locomoção de pessoas pelos países vizinhos.
Segundo estimativas do governo, cerca de apenas 2,1 por cento dos 16,5 milhões de angolanos acusaram a presença do vírus HIV (da Aids).
Essa cifra é pequena se comparada com a taxa de contaminação registrada na maior parte dos vizinhos de Angola. Na Namíbia, por exemplo, um quinto da população é portadora do
HIV.
"As fronteiras estão abertas, há uma movimentação de pessoas de ambos os lados da fronteira, o que aumenta as chances de surgirem novos casos de Aids", disse Van-Dunem em entrevista à Reuters.
"A luta contra a Aids é a maior das nossas prioridades."
O governo recém-eleito de Angola prometeu gastar mais de um terço do Orçamento de 2009 (um total de 42 bilhões de dólares) com a saúde, a educação e a luta contra a pobreza.
As autoridades realizam também uma campanha de conscientização a fim de alertar os angolanos sobre os perigos da doença e prover exames e tratamento gratuitos.
"Se você analisar nosso Orçamento, perceberá o quão seriamente encaramos esse problema."
SURTO
Porém, na Província de Cunene (sul), na fronteira com a Namíbia, já acontece um surto de Aids. Estima-se que 16 por cento dos moradores dali estejam ficando doentes em virtude do HIV, revelou a Rede Angolana de Organizações de Combate à Aids.
"Cunene apresenta a maior taxa de contaminação pelo HIV do país. Combateremos a disseminação da doença lá e em outras províncias da fronteira. O número de portadores do vírus nos países vizinhos é muito maior do que aqui", afirmou o ministro.
Outras províncias do norte, na fronteira com a República Democrática do Congo, como Uige, também registram um aumento constante na quantidade de casos de Aids.
Isso alimentou temores de que o imenso esforço de reconstrução da infra-estrutura empreendido em Angola desde o fim da guerra civil, em 2002, continuará a fazer crescer a população das maiores cidades angolanas, como Luanda, e disseminará ainda mais a doença.
Não obstante ter reconhecido os perigos da Aids no país, Van-Dunem disse que os esforços do governo para contê-la estavam sendo bem-sucedidos.
"O que está acontecendo hoje é que as pessoas mostram-se mais abertas a respeito da Aids porque têm agora mais acesso ao tratamento."
A África subsaariana continua a ser a região do mundo mais afetada pelo HIV, com 22,5 milhões de pessoas portadoras do vírus no final de 2007, ou dois terços do número global de casos, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
*Henrique Almeida
Fonte: Reuters