Luanda - O aeroporto de Luanda é a principal via de entrada de droga em Angola, disse esta segunda-feira, 05, o chefe do departamento da Direcção Nacional de Investigação Criminal. O superintendente Afonso Ganga José precisou que as autoridades angolanas apreenderam, no primeiro semestre deste ano, 39,66 quilogramas de cocaína, dos quais 34,674 quilos foram capturados no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.
Fonte: Lusa
Segundo aquele responsável, foram igualmente apreendidas 2,371 toneladas de canábis - a principal droga de consumo interno - e ainda 450 gramas de "crack".
Ainda no mesmo período foram detidos 35 indivíduos de diversas nacionalidades, a maior parte dos quais (21) da República Democrática do Congo, e ainda com nacionalidade angolana (seis), da Nigéria (três), de São Tomé e Príncipe (três), da África do Sul e da Libéria (um cada).
Um dos três cidadãos nigerianos, que transportava um total de 1,286 quilogramas de cocaína, distribuídas por 70 cápsulas, morreu vários dias depois com a droga no organismo.
"Fazia trânsito para Duala e devido ao seu estado de apatia foi interrogado, submetido a um raio-X na clínica do Prenda, que deu positivo, mas ainda assim continuou a negar que transportava a droga. Acabou por morrer, antes mesmo dos médicos terem decidido submetê-lo a uma cirurgia", avançou aquele oficial.
O Estado brasileiro de São Paulo tem sido o principal ponto de partida da droga com destino a Angola, acrescentou o superintendente, especialista em narcotráfico, licenciado pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna de Portugal.
Afonso Ganga José referiu que diminuiu "bastante" o uso do aeroporto para a entrada de drogas em Angola, devido ao "aperto do cerco".
"Num período de 15 dias éramos capazes de apreender entre dois e três quilogramas de cocaína", disse aquele oficial, salientando que há mais de 15 dias que não é feita nenhuma apreensão.
Questionado se admitia que alguma droga pudesse escapar ao controlo das autoridades, Afonso Ganga José não afastou a possibilidade, salientando que "era muito sofisticado o 'modus operandi' dos traficantes", entretanto, todos debelados até agora pela polícia.
"A droga a princípio vinha no estômago. Esse 'modus operandi' já não está a resultar, porque nos parece que as próprias 'mulas' (transportadores da droga), em função do risco que correm, já não estão a aderir", explicou.
A introdução de drogas em bagagens, disfarçadas em malas, fármacos e prensada em calçados, em pranchas retangulares para berços, carteiras para senhoras, bem como em cintas de mulheres são as novas estratégias utilizadas pelos traficantes.
"Há um caso que ocorreu no mês passado, de uma cidadã angolana que usou uma rota irregular - São Paulo/Dubai/Luanda, o que não é normal e em função de uma denúncia que recebemos da polícia antidroga dos Estados Unidos conseguimos apreender 8,803 quilogramas de cocaína, revestida em 86 carteiras de senhoras", contou Afonso Ganga José.
A polícia angolana conta com a cooperação de vários países no combate ao tráfico de drogas, nomeadamente dos Estados Unidos da América, de Portugal, Cuba, entre outros. Além da via aérea, tem preocupado igualmente o Governo angolano, a terrestre e fluvial, no norte do país, na fronteira com a RDCongo e República do Congo, e a marítima, pelos portos.