Luanda – O processo de emissão de vistos de entrada em Angola é "lento e incerto" e desmotiva investidores, disse quarta-feira, 21, em Luanda, o presidente da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN), Renato Azevedo, que falava numa conferência de imprensa para apresentação do programa comemorativo do 10º aniversário da AEBRAN.

Fonte: Lusa
Renato Azevedo acrescentou que aquele processo é um "empecilho" e um dos maiores constrangimentos à actividade empresarial brasileira em Angola.

"A obtenção de vistos de entrada em Angola continua a ser um processo lento, incerto e isso prejudica quem quer vir aqui fazer negócios. Para ter um visto empresarial, é preciso já ter o projecto aprovado pela Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP), mas até chegar a esse ponto, com contrato com a ANIP, gasta-se um ano ou dois e nesses dois anos um empresário fica sujeito à dificuldade de obtenção de visto", lamentou.

Mesmo assim as trocas comerciais entre Angola e o Brasil estão a subir, tendo nos primeiros sete meses deste ano ultrapassado já o total registado em 2012. "As trocas comerciais estão em torno de 1.200 milhões de dólares (cerca de 900 milhões de euros) e a surpresa adicional é que a balança é mais ou menos equilibrada: 650 milhões de dólares foram exportações do Brasil para Angola e cerca de 550 milhões foram de Angola para o Brasil", destacou Renato Azevedo.

O presidente da AEBRAN disse ter a certeza que 2013 "vai ser um ano excelente para as relações comerciais entre os dois países".

Quanto às iniciativas da AEBRAN para assinalar o seu 10º aniversário, Renato Azevedo destacou a realização em Setembro da 9ª Semana do Brasil, que inclui um festival gastronómico e musical e um fórum económico.

Em Dezembro, a AEBRAN planeia entregar o prémio empreendedor do ano a uma das 60 empresas e empresários que integram a organização. As celebrações abrem este fim-de-semana com a realização de uma conferência e de um festival de Música Popular Brasileira, com a presença de Geraldo Azevedo, Luiz Melodia e Roberto Mendes.

BANCO DO BRASIL PODERÁ ASSOCIAR-SE A BANCO ANGOLANO

O Banco do Brasil (BB), que mantém desde 2004 um escritório de representação em Luanda, poderá associar-se no médio prazo com um banco angolano, disse Ângelo Mendes Lima, que falava à imprensa num encontro promovido pela Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN).

O administrador do referido banco acrescentou que aquele passo se enquadra no movimento de associações e aquisições de bancos em Angola, que designou como "um movimento que se espera que possa ocorrer nos próximos anos".

A fonte não identificou qual o banco angolano que o Banco do Brasil tem em mira. "O BB continuamente avalia o cenário, principalmente nesse novo ambiente da Lei Cambial para as Petrolíferas (que obriga que todas as operações financeiras sejam feitas na moeda nacional angolana, o kwanza). É um novo ambiente, inclusive para o sistema financeiro angolano, que talvez permita associações de bancos, aquisições de bancos. É um movimento que se espera que possa ocorrer nos próximos anos", disse.

Segundo Ângelo Lima Mendes, devido às diferenças no desenvolvimento do sistema financeiro entre Angola e o Brasil, "no futuro é possível que o BB se associe com um banco local". "Essa é a perspectiva dos próximos anos do Banco do Brasil aqui em Angola", vincou.

Ângelo Mendes Lima acrescentou que somente em 2012 o BB estabeleceu em Angola operações financeiras que totalizaram 150 milhões de dólares, valor que considerou "representativo" para uma instituição que mantém apenas um escritório de representação em Luanda.

"É um número representativo para um banco que está apenas com um escritório de representação, mas que demonstra o interesse do BB e a simpatia que tem por esse pais e oportunidades de negócios em Angola", salientou.

O Banco do Brasil é uma instituição financeira brasileira estatal, constituída na forma de sociedade de economia mista, com participação da União brasileira em 68,7% das acções.