Lisboa - Está a reascender, em meios do regime angolano, antigas ventilações  segundo as quais o Presidente José Eduardo dos Santos estaria dar sinais de reabilitação e reconciliação para com o antigo Secretário do Conselho de Ministro, António Campos  Van-Dúnem “Toninho”.

Fonte: Club-k.net

Desde que deixou o executivo no ano de 2004, na sequência de desinteligências internas, aquele antigo governante tem sido visto a cumprir missões especiais que lhe são delegadas por José Eduardo dos Santos. Antes de 2011, foi orientado a deslocar-se a Argélia para entregar uma missiva do Presidente da República, ao seu homologo, Abdelaziz Bouteflika.

Na altura os serviços de apoio ao presidente comunicaram a embaixada de Angola na Argélia, que chegaria um emissário especial de JES  ao qual se deveria prestar todo apoio protocolar, sem no entanto citarem o nome de quem era. Hermínio Escorcio, o então embaixador angolano naquele país deslocou-se pessoalmente ao aeroporto de Argel para receber o emissário tendo se deparado com “Toninho” Van –Dúnem que desembarcava numa aeronave posta a disposição pela presidência angolana.

A ascensão e queda  do ex- SCM

De recordar que este jurista de formação ingressou no circulo presidencial como técnico para num espaço de oito anos ser elevado ao cargo de Secretario de Conselho de Ministro (SCM). Ou seja a sua, ascensão no gabinete presidencial verificou se em 1988 quando começou a trabalhar como técnico da assessoria jurídica da Presidência da Republica. Teria antes tentado emprego no Ministério das relações exterior ao qual foi lhe negado pela ausência de cartão do partido. Após as primeiras eleições gerais em Angola de 1992, passou ele a ser o Assessor jurídico do Presidente da Republica. Três anos depois foi elevado ao cargo de Secretario do Conselho de Ministro (SCM) em substituição de Carlos Maria Feijó.


Como SCM teve acesso a comissões que recebia de iniciativas de investimentos em troca do acelerar do processo de aprovação que por ele passavam antes de chegar ao chefe do governo. Tornou-se num SCM, poderoso e os ministros tinham medo de si. Era “Toninho” que exercia influencia junto ao PR para nomear este ou aquele governante. Teve clivagens com Manuel Vicente quando este era ainda DG adjunto da petrolífera. Quando o PR decidiu nomear o então PCA da Sonangol, Joaquim David para o cargo de Ministro das finanças, “Toninho” Van-Dunem teria sugerido ao PR que Manuel Vicente fosse para as obras publicas como Ministro. Naquela altura, o então SCM, aparentava fazer gosto de ver a Sonangol dirigida por um dos seus. Quando caiu em desgraça, JES colocou Manuel Vicente como integrante de uma comissão que investigava os seus desmandos.

 No circulo presidencial, teve e tem boas relações com Adelino Peixoto (ex-SG da PR), Leopoldino Nascimento (ex-Chefe das comunicações) e “Kopelipa”, mas por outro lado começou a ser referenciado como maleável ao ambiente das intrigas políticas. Inimizou-se com o então Serviços de Segurança Militar, general Mario Cirilo de Sá “Ita”, na seqüência de dizeres desfavoráveis que lhe foram atribuídos. Incompatibilizou-se com o então Chefe dos Serviços de Inteligência Externa, Fernando Garcia Miala, que encabeçou o seu desmantelamento no dossiê do empréstimo chinês (Anos depois o seu amigo general “Kopelipa” viria dar o troco a Fernando Miala). Numa reunião, aparentemente de acareação desentendeu-se com um outro ex-membro  do gabinete presidêncial, Carlos Feijó. Apareceu em casa com o dedo mindinho fracturado ao que coincidiu com rumores da ocorrência de um ambiente áspero com o seu colega, na presença de José Eduardo dos Santos. Ambos acabariam por ser demitidos das suas funções no palácio presidencial.


Desde então rumou para Portugal, onde se juntou a esposa que na altura estava a fazer um mestrado em pediatria naquele país. Teria também se deslocado a Londres para estudar Inglês. Seis meses depois do seu afastamento foi chamado para efectuar viagens a Genebra, Hong Kong e a paraísos fiscais a fim de encerrar contas do Estado angolano que estavam ainda sob seu comando. Teria sido acompanhado por técnicos do SIE, para certificarem as operações. Estas movimentações teriam alimentado rumores de que “estava em Londres a cuidar dos negócios do PR no exterior”. Enquanto esteve no activo como alto funcionário da PR, Antonio Van-Dunem era a figura que controlava os activos do estado angolano no exterior.

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