O aspecto de destaque desta sondagem Consulteste– Semanário Angolense é a opinião sobre a eleição do Presidente da República, a partir de uma lista contendo os nomes dos líderes dos principais partidos políticos e dos cidadãos que avançaram já publicamente a ideia de se virem a candidatar.

Esta sondagem eleitoral cumpriu as regras normalmente utilizadas em pesquisas do género, nomeadamente a utilização de um boletim de voto, a ordem aleatória no boletim de voto, a utilização de urna e o secretismo no momento do voto.

Da lista de candidatos constavam 7 nomes, tal como se indica no gráfi co 1. Mencionámos no boletim de voto, os nomes dos líderes do MPLA, UNITA, FNLA e PRS, bem como os nomes de três cidadãos que manifestaram já publicamente o desejo de candidatura.
Alguns dos boletins de voto (0,3%) foram propositadamente anulados pelos respondentes, enquanto a margem de abstenção se situou nos 18,6% . Tendo em conta a margem de erro da amostra, pode dizer-se que a actual abstenção em eleições presidenciais na cidade de Luanda se situa entre 14,3% e 22,9%. Pode, portanto, adiantar-se que à volta de 81% dos habitantes de Luanda com idade para votar atribuem o voto presidencial a alguém.

Os factores que exercem actualmente infl uência na abstenção em eleições presidenciais, na cidade de Luanda, são o grau de instrução, a idade e o meio de residência: quem opta pela abstenção em maior grau são habitantes de bairros urbanos, pessoas habilitadas com mais do que a 8ª classe e luandenses com idade até aos 30 anos.

O valor mais elevado de abstenção ocorre em bairros urbanos, com uma taxa de cerca de 23%, enquanto o valor mais baixo de abstenção ocorre entre os habitantes da capital com idade acima dos 30 anos (16%). Consideremos agora separadamente os bairros urbanos dos subúrbios.

A conclusão  aponta para uma maior abstenção no seio dos mais jovens e de pessoas com baixo rendimento, em bairros urbanos.  Já nos subúrbios, há maior abstenção por parte de pessoas com rendimento acima da média. Portanto, apesar de o rendimento não diferenciar claramente a margem de abstenção ao nível da cidade de Luanda, na verdade este factor exerce infl uência na intenção de abstenção da seguinte forma: em bairros urbanos, abstêm-se em maior grau as pessoas de baixo rendimento, enquanto em bairros suburbanos da capital são as pessoas de maior rendimento que se abstêm em maior grau. Este elemento sociológico é fundamental, na análise da intenção de abstenção na cidade de Luanda.
Se a decisão sobre quem deverá ser o próximo Presidente da República dependesse apenas dos habitantes da cidade de Luanda, não há hoje qualquer dúvida: seria o líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, a prosseguir exercendo as funções de Chefe de Estado e Chefe do Governo.
Tal como se pode comprovar no gráfi co 1, a maioria dos habitantes da cidade de Luanda atribui hoje o seu voto a José Eduardo dos Santos, para continuar a exercer a função de Presidente da República. Perante uma taxa de abstenção de 18,6%, o líder do MPLA conseguiria hoje na capital uma margem de 66,2% de votos, correspondente a 81,6% dos votos hoje considerados válidos.
Os demais candidatos, em conjunto, obtêm 14,9% do total de votos, valor que corresponde a 18,4% dos votos validamente atribuídos.
Quanto aos demais eventuais candidatos, aparece à frente o líder da UNITA, Isaías Samakuva, com 8,0% de votos. Seguem-se Vicente Pinto de Andrade (4,5% dos votos de Luanda); o líder da FNLA, Ngola Kabangu (1,2%); o líder do PRS, Eduardo Kuangana (0,7%), João Kambowela e Luisete Araújo (com 0,3% de votos cada um).   A terminar, vejamos os factores que determinam maior (ou menor) percentagem de votos em José Eduardo dos Santos. Sobre esta matéria, o que se pode dizer é que são luandenses com idade acima dos 30 anos e do sexo feminino quem em maior grau vota no actual Presidente da República para exercer tal cargo por mais um mandato.

Se diferenciarmos a análise segundo o meio de residência e segundo o sexo dos respondentes, eis asconclusões:

a) Em bairros urbanos, são pessoas com instrução até à 8ª classe e com agregados familiares numerosos que mais votam em Eduardo dos Santos;
b) Em subúrbios, são pessoas com idade acima dos 30 anos e mulheres quem em maior grau opta pelo líder do MPLA;
c) No seio das mulheres, não existe qualquer diferenciação em relação ao voto em Zedu;
d) No seio dos homens, são aqueles com idade acima dos 30 anos que em maior grau atribuem mais um voto de confi ança em Eduardo dos Santos.

Quem vota em JES

ImageO questionário incluiu ainda duas outras perguntas sobre esta matéria, nomeadamente uma relacionada com as condições que o governo angolano possui para executar o seu trabalho e outra acerca da possibilidade de o novo governo vir a materializar as expectativas dos cidadãos.

Os resultados obtidos demonstram ser grande a expectativa no novo governo do MPLA, na sequência da elevada margem de votos atribuídos a esse partido político na recente eleição legislativa.

Começando pela opinião a respeito das condições para o governo executar cabalmente as suas atribuições, começamos por dizer que 12,3% dos respondentes declararam não ter opinião. No que respeita aos demais, prevalecem nitidamente as opiniões positivas (um total de 76,8%) sobre as negativas (total de 10,9%).

É nas camadas sociais mais baixas que em maior grau se considera que o governo angolano tem condições para fazer um bom trabalho. Por outras palavras, pode dizer-se que o cepticismo é maior no seio das camadas sociais mais favorecidas, que mantêm o já tradicional maior grau de exigência em relação ao executivo. O cepticismo aumenta com a residência em bairro urbano, com o aumento do grau de instrução, com o aumento do volume de rendimentos e com o aumento do tamanho do agregado familiar. Os mais cépticos são também os homens.

Já em relação à esperança de o governo vir a trabalhar em função das expectativas dos cidadãos, perante uma margem de 1,7% de ausência de resposta, quase metade dos respondentes (48,3%) considera que o governo vai materializar as suas expectativas, enquanto os cépticos correspondem a 18,1%. Também neste caso, as opiniões positivas prevalecem sobre as negativas – aqui, em 30,2%.

Os resultados demonstram, pois, que os habitantes adultos da cidade de Luanda depositam grande confiança no governo da República e estão maioritariamente convencidos que as suas expectativas não sairão goradas.

Fonte: Semanario Angolense