Luanda - “Nós realizamos actividade política numa povoação na comuna da Kapupa. A actividade correu da melhor forma e de regresso é que tivemos grandes problemas. Caímos na primeira emboscada, os nossos jovens conseguiram reagir. Eles (MPLA) haviam capturado as nossas duas motorizadas e naquela força da nossa juventude conseguimos.

Fonte: UNITA

Tivemos que nos reorganizar e avançar. Os jovens passaram em frente em minha defesa e a escasso metros da povoação da Kaviva, caímos numa segunda emboscada, era já tarde, estava a escurecer.

Ali houve um combate sério de pedras, catanas, paus, mesmo assim, tentamos fazer tudo eles dispersaram-se e nós tivemos que sensibilizar os jovens para prosseguir viagem. Depois de alguns quilómetros encontramos a terceira emboscada, outra surra e naquela altura pensamos que devíamos utilizar a rota de Caimbambo.

Na manhã de domingo (22) o administrador ligou para mim que devíamos criar uma comissão para o terreno e eu dizia que não estava em condições, pois que dada a situação eu devia informar a minha direcção e esperar orientações.

Ele estava insistir tanto e eu não cai na finta dele. Sugeri que devíamos organizar as duas partes tanto a população do MPLA como da UNITA e só assim estaríamos em condições de enviar uma comissão para o terreno. O administrador não concordou comigo, depois de alguns minutos nos apercebemos que ele já tinha organizado carros da Policia e das FAA para o terreno. É o homem da investigação, o homem do Sinfo, o administrador da comuna da Kapupa foram para lá e postos lá não precisaram mais de auscultar os militantes da UNITA ou conversar com as pessoas.

Postos no terreno criaram uma barreira no limite de quem vai a para a missão da Cassua. Meteram um cordão. Naquele cordão nenhuma motorizada podia atravessar, nenhum carro tinha direito de passar e ninguém devia mais avançar para frente. Eram só as FAA e a polícia. Quando chegaram na missão da Cassua ali e era só o soar dos tiros, foram mais tiros que outra coisa, muita gente tinha que se meter em fuga, os mais corajosos são os que caíram nas garras deles (FAA e PNA) e um deles é o ferido que temos grave, que é o José Kamati, mais dois feridos que nós tivemos na primeira emboscada.

À tarde de hoje (23) ainda foram para lá outra vez duas Camazes, estamos em contacto com os nossos homens no terreno e os tiros continuam.
O administrador não atende ninguém.

Nós aprendemos que não há nenhum povo que se levanta por si. Essas emboscadas à noite é uma coisa organizada. Nós realizamos a nossa actividade, não houve problema nenhum, para nós foi uma grande surpresa encontrarmos essas emboscadas pelo caminho.

Nós temos o nosso ferido, ele está hospitalizado. Eles é que o feriram, levaram ao hospital central. Numa visita que fizemos o nosso ferido está a lamentar a movimentação constante de efectivos das FAA fardados na enfermaria onde ele está e estão a proferir ameaças. Estão a dizer que “nós vamos vos acabar”. São outra vez as FAA fardadas na sala do nosso paciente. Isso para nós constitui uma preocupação.

Tentamos negociar com eles para retirar o nosso paciente e não aceitam, estamos nesse impasse.

No fundo o que eles querem é encerrar a UNITA naquela área. A táctica é essa. Para as autoridades governamentais eles têm um princípio, estão a seguir aquilo que são orientações deles. Aquilo que é o comportamento deles está na base da ideologia do seu partido. Está complicado porque é administrador ao mesmo tempo primeiro secretário e há administradores que estão a cumprir mais o papel do partido do que de administrador.

Não há diálogo aqui na base”.