De acordo com Eusébio Rangel, assessor do bastonário e porta-voz da Ordem, o Ministerio Público deverá averiguar as várias denúncias e torturas e outros métodos reprováveis utilizados pelo comando da segunda região militar de Cabinda contra civis.

Eusébio Rangel sustenta a sua preocupação com base em denúncias e factos por ele vividos em arguidos que foram vítimas de torturas e obrigados a confessarem supostos crimes sob ameaça de armas de fogo e baleamentos.

«Os antecedentes deste processo são graves. Eu nas vestes de membro da Ordem dos Advogados de Angola não vou deixar de apelar para esta questão. Aquilo que eu vi e vivi na prisão do Yabi é desagradável e penso que o Ministério Público, uma vez que também tem por objecto não só acusar mas, fiscalizar a legalidade, deverá, na minha opinião, preocupar-se e se apressar no sentido de averiguar a veracidade de algumas denúncias que constatei nomeadamente, de co-arguidos.»

Eusébio Rangel lamenta o facto de ao longo de 30 dias os co-arguidos do processo Fernando Lelo terem sido submetidos, no quartel general da segunda região militar de Cabinda, a torturas enormes e que custou a um deles a perda de uma perna.

«Quer dizer baleamentos ao ponto de um dos co-arguidos perder a perna e porque se exigia que eles mentissem e eles não o fizeram, eu penso que é matéria que a Procuradoria-Geral deve investigar independentemente de o processo estar dirigido contra o meu constituinte.» O advogado, que é, por sinal, o defensor de Fernando Lelo, denuncia, por outro lado, alguns vícios do processo e deplora o facto de até agora não terem sido notificados da acusação e de lhes facilitar o acesso ao processo. Eusébio Rangel alega, por outro lado, que deve também ser preocupação do Ministério Público, a tramitação processual do sistema de justiça nas Forças Armadas Angolanas, onde constatou existir um grande deficit.

Fonte: VOA