Segundo o catedrático e analista da “Rádio Ecclesia”, a medida representa «um tiro no pé que se deu em Angola».

«Não havia um escritório de jure, mas, sim, o havia de facto», acrescentou Justino, refutando a justificação avançada quinta-feira passada pelo embaixador de Angola em Genebra.

Em remate, o activista cívico completou : «Acho que o nosso país não devia caminhar por este trilho. Devia caminhar por um trilho de mais transparência, um trilho de mais abertura sem ter medo de ser escrutinado pelas organizações internacionais pela forma como gera os direitos humanos».

Existe ainda violação

Abundou no mesmo sentido o secretario executivo do Conselho de coordenação das organizações dos Direitos Humanos de Angola, Tunga Alberto.

Com seis anos de paz, estimou este activista, «o país deveria ter uma estrutura de observação dos direitos humanos da ONU».

«Em Angola existe ainda violação dos direitos humanos, a perseguição às vendedoras de rua, as demolições de casas, a falta de salários dos trabalhadores, a corrupção que reina a nível das estruturas da função pública, a intolerância e arrogância política são todas violação dos direitos do homem, não é apenas matar que se considera violação», disse Alberto Tunga.

Apela ao Governo para que mantenha «um relacionamento mais estreito» com as organizações que trabalham junto da sociedade civil.

Questão da sua boa imagem é prematuro

O presidente da ONG “Mãos Livres”, o advogado David Mendes, entendeu a posição governamental como uma «questão da sua boa imagem ao nível africano e internacional».

«O governo não encerrou o escritório, mas recusou revalidar o prazo desta instituição via de regra presente somente nos piores países que violam os direitos humanos. Ele recusou, conforme soube, reconhecer o direito de fiscalização e defesa dos direitos humanos que pretendia este escritório, defendendo a responsabilidade das organizações angolanas neste domínio», explicou este activista.

Portanto, prosseguiu David Mendes, indagado por “Apostolado”, a nova situação obriga as organizações nacionais a «lutarem mais para a conquista do nosso espaço».

Para a “Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD)”, é prematuro posicionar-se sobre o sucedido.

«Estamos a recolher todas as informações para dar a nossa posição dentro de dias», respondeu o director executivo da AJPD, Ventura, também indagado hoje por Apostolado.

Fonte: Apostolado