Nasci em Banza-Voge, situada na Comuna do Béu, no Município de Maquela do Zombo/província do Uíge. Em 1986, por razões de insegurança e precaridade, resolvi abandonar a minha província natalíca e ganhar Luanda. Após a minha viagem para a tipíca cidade da capital angolana, Luanda, foram notados os seguintes constrangimentos chocantes e incríveis:

Logo a minha entrada na última barreira nortoença daquela cidade, foi-me atribuida categoricamente a nacionalidade zairense pelas autoridades luandesas. Tratou-se duma fronteira étnica entre o antigo Congo e a República de Angola

A humiliação de todo genéro e a rejeição da identidade nacional foram alvos durante a minha estadia naquela cidade capital de Angola.Foi insuportável de guardar silêncio perante os constrangimentos e a discriminação étnica registada durante a minha estadia.Depois da resistência da respectiva designação, dirigi-me junto a Embaixada da RDC em Luanda, para aprovar esta recusa e reivindicar a tal legitimidade caso existisse.

Logo a minha explicação, retorcou-me o seu Consûl dizendo que, Maquela do Zombo é uma parte integrante de Angola e não teria qualquer apartenência geograficamente com a República Democrática do Congo. 


Mas para fazer intender-me e convencer-me melhor, este Consûl utilizou o mapa de Angola assinalando o município de Maquela do Zombo com uma tinta da China e disse:


Se porventura alguem disse-lhe que Maquela do Zombo está situada na RDCongo, este homem é um aldrabão ou falta de conhecimento geográfico territorial.


Apesar disso, eu insisti pela atribuição da respectiva nacionalidade já que as autoridades luandesas recusavam-me a identidade legítima!


De facto, não parei por aí e para aprovar a intolerância luandesa, dirigi-me junto a Conservatória do Kazenga, situada a faixa dos tanques construidos pelos cubanos. Logo a minha entrada na Conservatória, o agente da guarnição fez-me a seguinte questão:


Senhor zairense de merda, quem autorizou-te entrar nesta Conservatória?

E eu retorquei-o: Senhor agente, se eu fosse uma merda, não ousava chegar até aqui. 

Quem es tu? interrogou o maldito agente.  Respondi-lhe com todo o respeito que sou angolano que tem a mesma legitimidade que o senhor. Alguns minutos depois, surgiram três agentes da Corporação com o objectivo de humiliar-me, o que não aconteceu graças a presença de certos Comandos das Forças Armadas que foram ao meu socorro.

A presença dos respectivos amigos fez com que, introduzisse-me até ao guicheiro onde fui finalmente registado não como cidadão zairense mas como cidadão legitímo da República de Angola. Não só, mas o que é muito estranho, é que as autoridades competentes, não conheciam a Comuna do Béu mas só conheciam Maquela do Zombo como distrito da RDC. E para aleviar melhor a causa, perferiram colocar Maquela do Zombo do que a minha própria naturalidade.

Depois do registo, foi-me entrega o livro do registo civíl onde constava numerosas identidades porque a dita Conservatória, não possuía máquina de fotocópia. No dia seguinte passei a cópia do meu registo outro modo dito, cópia integral e devolvi-o depois no mesmo dia.


Mas o que marcou-me bastante, não é a grosseira do tal livro mas a ilegalidade registada sobre o mesmo. Isto é, o respectivo

encontrava-se já prenchido mas sem identificação de um qualquer elemento. Espaço reservado pelos agentes da  conservatória.


Caros Compatriotas,


Após o meu registo naquele assento do Kazenga, foi-me disponibilizada uma Sédula pessoal e uma Cópia integral do registo, apesar da exigência no registo Civíl, sobre a apresentação duma Certidão de Nascimento para o efeito do pedido do BI.


Ao apresentar-se no registo do Prenda, foi-me posto a seguinte pergunta:


Ó senhor, tu es zairense ou angolano?

Depois respondi-lhe, se eu fosse um cidadão zairense dirigia-me junto a Embaixada da RDC, mas se estou cá, porque tenho a mesma legitimidade que o Senhor. Mesmo assim foi-me recusada a identidade nacional. 


No dia seguinte, apresento-me com o meu primo oficial das Forças Armadas, os funcionários da identificação já não registem, mas impediram-me de assinar os imprensos à não repetir o nome completo, uma prática últrapassada e exigida apenas aos mais desfavorecidos.


Apartir da presente data, todo sítio onde eu ía apresentar-me seja no Centro de Emprego ou Centro hospitalar, fui considerado sempre como zairense. 


Em mês de Abril de 1988, antes da minha viagem para a Europa, havia vagas em pedido da empresa petrolífera “Sonangol”. Precisavam jovens habilitados e possuidores de diplomas para o reforçamento da direcção nacional e certas instalações da Sonangol.

Inscrevi-me rápidamente apesar de tudo e foi-nos exigido um teste de admissão para avalhar a capacidade intelectual de cada um dos requerentes. Entre os quais, saí no entanto como o melhor candidato com 19 ptos sobre 20.


Fui logo dirigido junto o departamento para a admissão pessoal nas instalações da Sonangol-Imúl, junto a Shell-empresa de Cheltox. Logo a minha saída do primeiro escritória desta Empresa ao departarmento de despacho do pessoal, fui logo ao encontro de três colaboradores nominados Águas, Sousa e Isabel.


O primeiro a interpelar-me foi o senhor Águas, um mistiço frustrado, tribalista e racista, quem recusou-me a nacionalidade angolana, tratando-me de zairense, um país que eu nunca conheci.


Interferiu-se o Senhor Sousa e a dona Isabel mas sem sucesso. Águas foi contra os seus colegas acusando-os de ter introduzido cidadãos zairenses na Sonangol. Ele vai ter com o chefe dele que também era um mistiço e cancela a minha admissão pela ordem dele e do seu chefe.


No dia seguinte a problemática chegou ao Gabinete da Direcção Nacional, imputando a culpa ao senhor Sousa e a dona Isabel que permitiram a minha inscrição. Dirigi-me no dia seguinte na Sonangol Ímul na Petrangol onde fui colocado aparentemente e pedi a intervenção do chefe da Sessão o Senhor Pedro Malungo. Malungo disse-me que não era capaz de confrontar o Sr Águas da Direcção Nacional devido do risco da sua distinção do serviço.

Progressivamente, fui participar o assunto através duma queixa a Direcção da Polícia do Munícipio da Ingombata, cuja esta foi assinada pelo Comandante Da Silva. Mesmo assim, o assunto desfez-se sem qualquer sucesso.

Apartir daquela data, comeci considerar-me estrangeiro na minha Mãe Pátria. 

Em Junho do mesmo ano inscrevi-me novamente num curso de telecomunicações na ENATEL. Depois dos resultados sucedidos, fomos convocados para sermos novamente ouvidos na Direcção pessoal desta Empresa. O primeiro azarado fui eu a ser ouvido e identificado. Logo a apresentação do meu BI pela segunda vez, o funcionário do gabinete rebenta com a voz alta:

Afinalmente é um zairense este senhor! Depois de eu ter defendido a minha legitimidade, o Sr funcionário exalta-se contra mim e obriga-me abandonar as instalações. 

Apesar de tudo, em curto prazo tudo foi esquecido e inscrevo-me de novo num curso médio na infirmagem no Hospital Militar. Faço a entrega de todos documentos necessários ao departamento pessoal e alguns dias depois, confirmam a minha inscrição pautada na parede daquele Hospital. 

No dia do início das aulas, fomos avisados que o Director-geral daquele Hospital, tinha cobrado enormas somas em Usd e visava chumbar alguns de nós. Isto é não tardou bastante, convocou-me no seu escritório e disse: Senhor Da Silva, vem me desculpar pelo facto de não fazer parte dos meus estudantes porque não encontro o seu dossiê! 

Isto foi um grande choque para mim. Esta atitude obrigou-me refletir tanto sobre os constrangimentos registados e encontrar formas de poder abandonar imediatamente o país com o destino à Europa.

Portanto, senti-me revoltado e humilhado pelo um grupo de marginalizados, impedindo-me o directo fundamental de um qualquer cidadão do mundo. 

Depois disto, cheguei a conclusão de que a discriminação e a humilhação de que carecem os filhos desta Pátria, é fruto duma governação fascista e herdeira do Salazarismo, que continua confinar os angolanos pelo silêncio, dividindo-os uns aos outros e distingui-los da sociedade.
 
A forma de que o governo de Luanda responde a situação da reconciliação, da identidade nacional e da pobreza, é disproporcional.
 
O MPLA, tem o conhecimento perfeito dos esforços dados pelo certo grupo e pela sua vigilância contra todo tipo de invasão política, económica e social dos marginalizados no nosso país desde a luta de libertação de Angola até a data presente.
 
O MPLA reconhece a capacidade intelectual deste povo, sobre a fiscalização das instituições do país em relação o resto dos povos que têm alimentado o Sádico e o tribalismo como factor principal da divisão no seio das populações angolanas.

Nunca vi um regime que constitui um Estado-maior, onde todos os ináptos e analfabêtos pertencem o SINFO e CIE.
 

Angola é a Pátria dos meus bis-avôs;

Angola é o Cimeteiro dos meus bis-avôs;

Angola é o Cimeteiro do meu imbrio;

Angola é a Terra onde eu nasci, cresci e vivi;

Angola é a Mãe Pátria.


O Angolano é aquele que defende os interesses da nação  


Lutaremos até a sua liberdade total


Massunguna da Silva Pedro

Presidente do MPDA

Fonte: Club-k.net