Luanda – A Procuradoria Geral da República (PGR) de Angola anunciou nesta quarta-feira, 13, terem sido efectuadas quatro detenções relacionadas com o rapto e provável homicídio de dois ex-militares que organizaram uma manifestação anti-governamental que teve lugar no dia 27 de Maio do ano passado.

Fonte: Lusa
No documento, de oito pontos, a PGR "apela à serenidade da sociedade em geral e reafirma o seu total engajamento no completo esclarecimento dos factos, para a realização da justiça".

Os dois desaparecidos, presumivelmente mortos, são Isaías Cassule e Alves Kamulingue, raptados na via pública, em Luanda, nos dias 27 e 29 de Maio de 2012, após a realização da manifestação de veteranos e desmobilizados contra o governo de José Eduardo dos Santos e contra os atrasos no pagamento de subsídios e pensões.

No comunicado, a PGR refere que um "expediente investigativo, visando a localização dos desaparecidos", foi aberto em Outubro de 2012, por determinação do ministro do Interior, Ângelo Veiga Tavares, à Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC).

A investigação então efectuada evoluiu para um processo-crime "face aos primeiros indícios da possibilidade de rapto". As "evidências de rapto" tornaram-se "mais claras" a 31 de Outubro passado, tendo a DNIC remetido o processo ao Ministério Público, que assumiu então a direcção da investigação do caso.

A PGR adianta que no passado dia 08, "ficou praticamente demonstrado que os dois cidadãos teriam sido raptados nos dias 27 e 29 de Maio de 2012 (...) Está por se apurar o seu paradeiro, não se descartando a hipótese de terem sido vítimas de homicídio".

O desaparecimento de Isaías Cassule e ALves Kamulingue esteve na base de várias manifestações em Luanda, sempre reprimidas pela polícia, convocadas pelo Movimento Revolucionário.

Mesmo depois do rapto, ex-militares saíram em duas ocasiões à rua, nos dias 07 e 20 de junho de 2012, ambas não autorizadas, com a última a ser dispersada com tiros para o ar e granadas de gás lacrimogéneo.