Factores em que assenta a preferência conferida à TAP – conforme visão das autoridades angolanas: - É uma companhia bem gerida, estável e prestigiada internacionalmente.
- Tem dimensão média (considerada “não sufocante”); dispõe de um competente serviço próprio de manutenção de aeronaves (do qual faz parte a VEM, no Brasil, onde é prestada assistências aos novos Boeing 777 e 737 da TAAG).
 - Os seus planos de crescimento privilegiam o Atlântico Sul e baseiam-se na lógica da formação do triângulo Europa-América do Sul-África, susceptível de valorizar Angola e e/ou a TAAG como vértice africano do mesmo.
 A primazia dada à TAP corresponde, conforme é dito informalmente, a uma “orientação presidencial” que, a par de factores técnicos e económicos, também temem conta critérios de racionalidade política e prática.

 A saber:
- O entendimento, considerado “muito bom”, existente entre os governos de Angola e Portugal; a conveniência de alargar a política de criação de interesses económicos mútuos em que o referido entendimento se baseia.
- A vantagem acrescida que a opção pela TAP apresenta de facilitar umenvolvimento do Brasil na solução para a TAAG – eventualmente a posteriori. - O acolhimento interno favorável a que a chamada “solução TAP” dá azo.
- O sentimento geral de que é preciso optar por soluções que garantam uma efectiva resolução dos problemas do país, ainda que tal implique a mobilização no exterior de aptidões (conhecimentos e tecnologia), inexistentes internamente (visão menos rígida do princípio da angolanização da economia).

 2 . As três modalidades em princípio consideradas como solução para o problema da TAAG são, esquematicamente, as seguintes:
- Estabelecimento de uma joint-venture com uma companhia estrangeira, à qual é contratualmente confiada a gestão da companhia.
 - Alienação de parte do capital da TAAG em favor de uma companhia estrangeira, também obrigada a assumir a gestão. - Privatização da companhia, alargada a investidores angolanos, mas comimposição da reserva de a gestão da companhia vir a caber a um parceiro estrangeiro. Na visão das autoridades angolanas uma solução que junte ou associe a TAAG e a TAP, independentemente do seu alcance, não corresponde apenas ao interesse da sua companhia. É também do interesse da TAP, devido a factores como os seguintes:

 - A TAAG dispõe de uma frota moderna e de capacidade financeira (os seus handicaps são organização e gestão). - O crescimento da TAP carece do mercado africano; o mercado brasileiro está emvias de atingir o chamado ponto de maturação; Angola e a TAAG são o melhor “agente de consolidação” do crescimento da TAP em África.

As acentuadas tendências de crescimento que a África apresenta como mercado de transporte aéreo, têm levado algumas grandes companhias internacionais a redefinir seus planos. P ex, a americana Northwest/Delta está em vias de inaugurar uma ligação open para Luanda, com escala no Sal.

 3 . O triângulo do Atlântico Sul, como base de captação de tráfego aéreo capaz de rentabilizar/valorizar a operação de companhias detentoras de direitos de tráfego emPortugal e Brasil, foi a razão que em maior escala influenciou da intenção da TAP de comprar a Varig, em 2005. Na operação esteve envolvida a Geocapital, que se propôs assegurar os recursos financeiros estimados – USD 62 milhões.

A operação não se concretizou; ficou limitada à compra pela TAP das subsidiárias da Varig, Varilog e VEM – a primeira alienada mais tarde; a última agora 100% da TAP, por saída da Geocapital. A TAP e a brasileira TAM (que substituiu a Varig) têm uma posição dominante no tráfego aéreo entre a Europa e a América do Sul. Mas o triângulo do Atlântico Sul ainda não existe e, para se formar, precisa de um vértice em África, que sensibilidades e avaliações antigas situam em Angola.

A Geocapital, que ainda se perfila como candidata à privatização da TAP, partilha comesta a ideia da utilidade do triângulo do Atlântico Sul. Os seus interesses em Angola, concentrados no sector financeiro (está associada à Sonangol) cresceram o suficiente para se considerar que também estará ainfluenciar a solução TAP para a TAAG.

Fonte: África Monitor