CONVERGÊNCIA AMPLA DE SALVAÇÃO DE ANGOLA (CASA-CE)

CONSELHO PRESIDENCIAL

Luanda - Aos 12 de Novembro de 1981, nascia Manuel Hilbert de Carvalho Ganga. O primogénito da família Ganga frequentou o ensino primário na escola José Martin e posteriormente na escola Alda Lara. Fez o ensino médio no IMIL (Makarenko). Licenciou-se em Engenharia civil, pela Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto.

Fonte: CASA- CE

foto8.jpg

Ganga foi, em vida, um vizinho exemplar, promotor de boas práticas de conduta e convivência social salutar. Os vizinhos perderam um companheiro, amigo e conselheiro.

Como professor foi um exímio educador, pois instruiu, aconselhou, chagando mesmo a resgatar alunos que estavam a beira da desistência tornando-os estudantes com notas brilhantes. Os alunos perderam um herói, dentro e fora da sala de aula.


Entre os colegas era tido como pessoa de fortes convicções, amigo, companheiro e um combatente contra a cábula e a gasosa e defensor acérrimo da qualidade de ensino. A educação perdeu um mestre!

Na família ocupava o segundo lugar. Pois, era o irmão mais velho, que tudo fazia para garantir a estabilidade e coesão da mesma, apoiando cada um deles como pudesse. Foi um pai presente, deixa um filho de 2 anos. Os pais e os irmãos lembram-se do Ganga como o “Quadro” da família. Esta família perdeu um filho, um pai, um irmão, um marido de ouro!

Foi com profunda dor e consternação que o Conselho Presidencial da CASA- CE tomou conhecimento da detenção, pela Unidade de Segurança Presidencial do Presidente José Eduardo dos Santos, do grupo número 10, que encontrava-se a fixar cartazes, que apelavam o fim de assassinatos políticos e realização plena da justiça. No exercício do seu Direito Constitucionalmente consagrado, foi barbaramente assassinado o Companheiro que em vida chamava-se Manuel Hilbert de Carvalho Ganga.

Este combatente pela justiça juntou-se ao Ampla Movimento de Salvação de Angola, aos 14 de Março de 2012, engrossando assim as fileiras da então mais nova força política nacional, CASA-CE. Neste âmbito, assumiu o cargo de Director Nacional para Mobilização e desempenhou a sua função com muita dedicação, profissionalismo e patriotismo.

 

De igual modo, as suas inúmeras qualidades valeram-lhe a sua eleição como membro do Conselho Deliberativo Nacional da CASA-CE e da Juventude Patriótica de Angola.

Num momento de perda de um ente-querido, é sempre difícil encontrar palavras que exprimam o nosso estado de espirito. No caso vertente, é mais difícil ainda, porque custa-nos aceitar que perdemos um homem com as qualidades humanas, profissionais e intelectuais da estaleca de Manuel Hilbert Ganga. É mais doloroso ainda encontrar palavras em relação a este grande homem, se nos atermo-nos à maneira como foi assassinado, isto é, foi alvejado mortalmente, por duas balas, mesmo encontrando- se completamente desarmado, inofensivo e apenas munido de cartazes, cola branca e escadotes. Nem mesmo os que arrombam os cofres do Estado angolano, privando milhares de crianças de escolas, medicamentos e levando-as à morte, têm conhecido o destino que o companheiro Ganga conheceu!

Continua a ser muito difícil tecer considerações sobre a morte do companheiro Ganga, porque, pela reacção dos homens do regime, tudo leva a crer que enquanto este regime se manter no poder, vai-se continuar a assassinar barbaramente os angolanos destemidos. Pois, a reacção dos homens do regime indica que premeditaram de forma fria e calculista a morte de Kassule, Kamulingue e Ganga e depois entraram nos seus aposentos, abriram champanhe, puseram música, dançaram, festejaram, chamaram os assassinos materiais e premiaram-nos. Só assim se justifica que se continue a matar impunemente; só assim se justifica que o facto de não condenarem, inequivocamente, estes actos; só assim se justifica que culpabilizem os familiares e os partidos políticos por assassinatos cometidos por eles próprios.

A continuar assim, muitos ainda serão assassinados pelo simples facto de chorarem ou lamentarem os assassinatos políticos e no minuto seguinte, através das rádios, canais de televisão e jornais que privatizaram para fomentar as mortes, os homens do regime dirão: a culpa é deles, quem lhes mandou lamentar e chorar quando nós matamos alguém?

Doi, doi que tudo isso ocorra sob o silêncio cúmplice de muitos angolanos e angolanas que reagem rápido quando acham que o Presidente da República foi insultado; mas que não dizem, absolutamente, nada quando as tropas deste assassinam jovens angolanos.

Doi e doi quando o Presidente da República lamenta a exiguidade de quadros nacionais e, ao mesmo tempo, a sua gurda pessoal assassina quadros como Ganga licenciado em Engenharia Civil, uma área profissional imprescindível para a reconstrução e construção das infra - estruturas básicas da Nação.

Onde se encontram as igrejas; a ordem dos advogados; dos médicos; dos psicólogos; dos engenheiros e outras associações profissionais e sindicais perante a dizimação selectiva de seus compatriotas?

 

Onde estão as igrejas perante o pecado mais brutal da humanidade, perpetrado contra os vossos crentes?

Onde estão os patriotas do MPLA, aqueles que ainda amam a vida e repudiam a morte, perante o assassinato dos vossos irmãos da oposição e da sociedade civil?

Até quando os jornalistas dos órgãos de comunicação social públicos vão se escudar na sensura e promover a autocensura, escondendo as verdadeiras causas da morte de vossos irmãos?

Para vós todos, nós não somos angolanos? Não merecemos viver?

Oh, Jinga Mbandi; Mandume; Nkipa Nvita; Oh, Holdem Roberto, Agostinho Neto, Jonas Savimbi até quando mais assistireis aí no além a morte de vossos filhos que muito defenderam contra o regime colonial?

Que nação é esta que dizem ter rumo? O rumo é a nossa morte?

Perante esta tragédia toda, o que querem de nós? Que batemos palmas? Que dancemos? Que deixemo-nos subjugar? Que enaltecemos os vossos dotes assassinos? Que deixemos de exigir o fim dos assassinatos políticos? Que paremos de apelar pela justiça e democracia?

A resposta é veemente: Não, não e não! Pois, não temeremos, continuaremos a exigir o fim dos assassinatos e a lutar tenazmente, pacificamente e pacificamente pela verdadeira paz, justiça social, democracia, Liberdade e bem estar social, material e espiritual para todos angolanos, independentemente, do Partido Político. Pois, não se trata apenas de luta política entre o Partido no poder e os Partidos da oposição. Trata- se, caros angolanos e angolanas da defesa da vida humana; trata-se da necessidade de pôr fim o luto entre as famílias angolanas e de pôr cobro os cortejos fúnebres nas ruas angolanas que sonhavam ter paz depois do fim da guerra civil!

 

Por isso, Kamulingue, Kassule e tantos outros são e serão os novos heróis da juventude angolana;

 

Por isso e tendo em conta as qualidades humanas, profissionais e intelectuais de Ganga; tendo em conta o seu voluntarismo na luta pela liberdade, democracia e paz verdadeira; tendo em conta o facto de ter arriscado a sua vida por causas nobres, declarámos Manuel Hilbert Ganga como o patrono da Juventude Patriótica de Angola. Esta distinção não supera a nossa dor, nem da família, nem do povo angolano mas, é uma homenagem possível à este grande filho de Angola.

Que a sua alma descanse em paz!

CONSELHO PRESIDENCIAL DA CASA-CE,

em Luanda, aos 27 de Novembro de 2013