Luanda - ...Foi quando Margareth feito mulher cruzando os braços perguntou: Tio, mais o Chivucuvucu não tem medo? Não poderia imaginar ser atacado por violenta surpresa quando um simples lanche virou debate político. Duas sobrinhas tocaram a politizar com uma liberdade e um interesse inexistente nos milhares de senhores e senhoras de Angola. Os adultos assustados que enfeitavam a cenografia, apenas sorriam e gesticulavam com a elegância dos oprimidos, aludindo irresponsabilidade da pessoa do tio. Uns até pareciam agentes da DPIC, talvez da TPA. O medo que Chivucucuvu não tinha, as feministas conheceram nos camaradas já homens que, bebiam ao nosso lado uma cerveja preta que talvez homenageava o luto de Cassule, Kamulingue e Wilbert Ganga.

Fonte: Club-k.net

Havíamos nos sentado frontalmente, eu de um lado e elas do outro, a ideia era apenas para equilibrar o ambiente e poder controlar melhor as duas meninas feministas, quando de repente transformaram-no numa mesa redonda. O leitor poderá questionar agora no seu direito, como controlar duas feministas se suas liberdades são a vossa condição de existência? Imaginando que do nada, Katanya Kaynara atacou_ Tio, foste á manifestação porquê? Nesse instante estou a pensar na maneira mais simples para explicá-la, pois tem apenas uma década e Margareth está a formar ainda sua personalidade. Nessa época de férias, ocupa quase tempo inteiro a cantar narcizamente e a pentear barbies, o que me preocupa sobremaneira a formação do seu referencial estético.


Katanya com o juízo crítico lapidado promoveu o debate. Agora disse: Fui manifestar o meu sentimento pela morte de dois moços que foram “matados” pelo Presidente de Angola, o camarada José Eduardo dos Santos, eles se chamavam Kamulingue e Cassule._ E o presidente matou eles porquê? Percebi o interesse delas e comecei agora com alguma seriedade a esclarece-las melhor. Expliquei-lhes resumidamente a seu nível que, os jovens desapareceram a quando de um protesto a dois anos atrás e recentemente foram dois corpos localizados mortos, por isso as pessoas foram às ruas protestar, pedindo á justiça para prender o criminoso que cometera tal crime e, reiterei dizendo que não se tratava do primeiro caso político horripilante a ser escrito na literatura do presidente em Angola e na história do país...


Mas lá tinha polícias e lançaram gás tóxico tio, a tia Sandra disse que bateram as pessoas e tudo, xé tio não vai nisso. Margareth sorria com a inocência que lhe cobre a consciência e entendia também a conversa como diversão. Agora lembrei-me, de no dia 23 uma jovem após o lançamento do gás lacrimogéneo, o filho havia lhe escapado das mãos, chorava sem as lágrimas dos crocodilos que alimentaram com Cassule e Kamulingue. Seu filho tinha aparentemente a idade de Margareth e, imaginei que poderiam se conhecer qualquer dia nas danças e andanças do mundo que se move sem interregnos. Talvez ele contaria essa história a ela e ela diria que o meu já falecido tio me contara algo semelhante, ocorrido no vergonhoso dia 23 de 2013. Ah, então sou eu, diria! Felizmente o encontramos. Era só para vermos uma vez mais, a capacidade da elite da perversidade do país. Nisso tudo, o que mais me surpreendeu foi a forma como Katanya que, em umbundu significa filha nascida após a morte do pai, citava repetidas vezes o nome de Chivucucuvu, pelo que senti a ineficiência dos meios públicos de comunicação na estratégia de conspirar contra os opositores. Katanya, via esse homem como um herói, foi quando ela me perguntou: Tio, mais o Chivucuvucu não tem medo? Vai á rua....


Eu disse, ele tem medo porque é só um homem, mas nesse momento o Chivucuvucu e milhares de angolanos desacataram o medo e não as autoridades do país, tudo pelo que tem acontecido contra o nosso povo em detrimento de algumas famílias e estrangeiros amigos. Disse_ como esses moços, poderia ser eu vosso tio e vocês estariam muito tristes, assim como a avô, toda família e todos angolanos de Angola que amam o povo angolano e amam ser angolanos. Agora apelei para que sempre protegessem o seu povo e o seu chão. Katanya fitava-me estatuada, Margareth preferiu o silêncio. Dizia a elas para nunca permitirem que alguém engula a originalidade do vosso pensamento, nem eu como tio nem ninguém. As duas acataram os dizeres e, quase concomitantemente queriam dizer, tio temos que ser livres sempre né? Dissera, sim sempre. Katanya, lembrara que a dias atrás conversávamos sobre os seus futuros pedidos e, genialmente disse_ tio então o presidente fez alambamento com o crime? O que é isso, como assim? ...


casou tradicionalmente com o crime. Eu sorri sem coordenação, entendi que se tratava realmente de um regime que impregnou o crime na sua tradição. Katanya e Margareth, pensam, criam ideias em liberdade e, falam de igual modo. Considerei-as feministas, expliquei o que era ser feminista e orgulhosas se afirmaram militantes. Somos feministas.

Mário Lunga