Luanda - Oh, opressão. Amo-te profundamente opressão!

Adoro-te…

 

 Fonte: Clubk.net


O teu escarro é o meu adicional para o pão, das manhãs solorentas e calorosas.
Amo-te no interior da minha mais ínfima partícula quântica.


O meu amor pela opressão…

 

Faz-me desejar que enfies o teu soldado em todos orifícios do meu corpo.
Ah, que prazer você produz opressão…

 

Ah, ah, ah! Ó, ó, ó! Que gostoso. Enfia as tuas balas.
Cuspe toda pólvora celestial do teu reino nos meus nervos, mandibulas…

 

O meu corpo faminto deseja este acto redentor.
Cuspidelas e enfiadelas que me levarão à imortalidade social, política, económica e transcendental.
Por isso desejo-te, desejo-te, desejo-te incessantemente.
O que seria de mim se não fosse a opressão…

 

Se não fosse a opressão que faz do fluxo menstrual da rainha o mais agradável que o vinho escocês de há 250 anos?
E a menstruação das princesas?
Que são a água para os nossos banhos, para confeccionar nossos alimentos, nossos sumos naturais,
… menstruações que são a nascente e afluente dos nossos rios, alfa e ómega da maior e melhor civilização já vista na história humana.


Que seria de mim sem a opressão…

 

Como saberia que afinal o terreno baldio é condomínio.
Como saberia que a razão é loucura e a loucura e a idiotice afinal são a verdadeira racionalidade.

 

Ah, amo-te opressão!


Graças a opressão alcancei a conversão e a economia da salvação.
Graças a opressão ascenderei aos céus no décimo dia ao lado esquerdo, abaixo e acima da morada do pai.

 

Oh, Opressão.
Graças a ti percebi que o xixí é água benta que levar-me-á a purificação.
… deus bantu… obrigado pela opressão…

 

Esta fonte suprema da felicidade e fim último da civilização.
Maldito é o homem que não ama a opressão,
Em nome do pai, do filho, das filhas, dos sipaios… morte à todos que não amam a opressão,
Ámen.

 

Morrerão porque são apostatas, blasfemadores e infiéis…
Morte morrida absoluta aos que não amam a opressão.
Assim seja.

 

Domingos da Cruz/ Luanda Sul – 20.12.2013