Lisboa – As autoridades judiciais angolanas tem detido desde 16 de Janeiro, um jovem Paulo Feijó, 28 anos, que estaria a tomar vantagens económicas ao apresentar-se em certos círculos como suposto filho do Presidente José Eduardo dos Santos. O mesmo terá, inclusive forjado um bilhete de identidade, com o nome Paulo Feijó dos Santos.

Fonte: Club-k.net


O falso filho de JES estava a viver a cerca de 4 meses, no Hotel Centro de Convenções de Talatona (HCCT), onde estaria a ter tratamento VIP, e outras condições condignas. Porém, Paulo Feijó seria apanhado na véspera conferência dos Grandes Lagos que decorreu recentemente em Luanda.

No momento em que se faziam  reservas de  hotel para os quartos reservados para os convidados da cimeira, a equipa do Protocolo da presidência da República pretendia ter alguns andares apenas para as delegações estrangeiras tendo manifestado a sua preocupação a gerente do hotel.

Esta por sua vez, respondeu que  as pessoas dos quartos do andar pretendido não poderiam ser removidas, porque um dos quartos era do filho do Presidente da República.  Os homens do protocolo perguntaram qual deles, e ela respondeu que se tratava de Paulo Feijó dos Santos.

 

Intrigados, os homens da presidência solicitaram a ficha /documentação do jovem, e a gerente foi aos registos e apresentou a cópia do bilhete de identidade do mesmo que na filiação apresentava-lhe  como filho de José Eduardo dos Santos e de Maria Beatrix de Carvalho Feijó, a sua verdadeira mãe.

 

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De inicio, a equipa do protocolo  revelou-se receosa, mas acabariam por levar o assunto para os seus superiores para sarar as suas duvidas.  Foi assim que soube-se que Eduardo dos Santos não tinha nenhum filho com o nome Paulo Feijó dos Santos e que se estaria diante de um impostor com documentação falsa.

 

O jovem acabaria por ser detido e durante as investigações pré-liminares, ficou-se a saber que o mesmo realizava reuniões com empresários que o viam como filho de Eduardo dos Santos. As autoridades procuram agora entender como o mesmo conseguiu algum poder económico. Para além de ter estado a viver, a 4 meses no hotel, o falso filho do PR, foi visto a exibir viaturas de luxo.

De acordo com investigações, Paulo Feijó é um jovem com famílias próximas ao regime do MPLA.  É sobrinho da embaixadora de Angola na Grécia, Isabel Mercedes da Silva Feijó e do ex- chefe da Casa Civil da PR, Carlos Maria Feijó. 

Cresceu em casa do veterano do MPLA, Manuel Pedro Pacavira, e mais tarde esteve em casa do general Alberto Correia Neto, actual embaixador de Angola na Alemanha cujas esposas são tias de Paulo Feijó.

Tendo em conta a delicadeza do assunto, os familiares de Paulo Feijó, adoptaram uma postura de neutralidade/secretismo distanciando-se do problema em que o mesmo se envolveu. Segundo, pareceres, caso ele for julgado poderá incorrer a uma pena de oito anos de cadeia, por crime de falsificação de documento.

História de falsos familiares de JES

Em Junho de 2001, a imprensa portuguesa noticiou o caso de um cidadão Raul Santos Diniz que teria enganado a Endiama fazendo-se passar por «Irmão» de Eduardo dos Santos.

ImageRaul Diniz, dizendo ser «irmão» do presidente angolano, conseguiu que o então  presidente da Endiama  Agostinho Gaspar o nomeasse para director-adjunto da filial em Lisboa e transferisse verbas avultadas para a sua conta pessoal. Tudo com um simples telefonema...

Agostinho Gaspar recebeu uma chamada telefónica, alegadamente do secretário pessoal de José Eduardo dos Santos, que lhe ordenou a nomeação do «irmão» do presidente de Angola para o cargo em Lisboa, tal como a transferência de mais de 3,6 milhões de dólares, em três etapas.

Este dinheiro serviria para «libertar pessoas da UNITA» e pagar uma casa destinada ao «delegado adjunto Rogério Eduardo dos Santos» em Lisboa, tal como estava explícito em dois falsos faxes da presidência angolana.

Na altura, o  ex-presidente da Endiama justificou  a facilidade com que cumpriu as ordens com o facto de se tratar «de uma questão sigilosa». «E não se telefona assim para casa do presidente Eduardo dos Santos, a confirmar», acrescentou.

Foi uma das transferências, feitas em 1999, que suscitou a desconfiança da Polícia Judiciária em Portugal, que deu o alerta à congénere angolana DNIC.

Raul Diniz foi  então  julgado por dois crimes de burla e um de branqueamento de capitais, este último que partilhou com uma portuguesa, Maria Açucena Martinho, com quem teve uma relação amorosa.

As empresas lesadas, a angolana Endiama e o Banco espírito santo de Portugal, exigem uma indemnização de mais de 554 mil contos, no total.

Alguns dos angolanos que assistem ao julgamento questionam na altura  porque é que Raul Diniz não foi  julgado em Angola, pondo  em causa a competência do tribunal português e procuraram saber qual o motivo pelo qual Portugal não tem acordos de extradição com Angola.

Portugal recusou extraditar Raul Diniz, que também  estava  a ser julgado por uma alegada burla ao Banco Espírito Santo, no valor de cinco mil contos, em 1998.