Lisboa - Ao discursar  recentemente na cerimónia de abertura do Conselho Consultivo Alargado do seu pelouro, o ministro do interior, Ângelo de Barros Veiga Tavares mostrou-se irritado com algumas matérias veiculadas na imprensa, retratando um clima de mal-estar no seu consulado, com exonerações de titulares de cargo à mistura.

Fonte: Club-k.net

“Deste modo, contribuiremos também para evitar pessoas menos avisadas que se dedicam à propagação de boatos, calúnias, intrigas e mesmo de um certo jornalismo sensacionalista e até irresponsável, a exemplo de falsas notícias que são difundidas sobre exonerações e supostas detenções”, afirmou o ministro, para quem a situação vai ainda mais longe.

 

“Revelam informações sobre processos em segredo de justiça, criando desconfiança e confusão, não dando margem para aqueles que, de uma ou de outra forma, procuram atingir fins inconfessos, em detrimento do respeito pelos princípios da privacidade e do bom nome de outrem”, finalizou.

 

 Reação do jornalista Reginaldo Silva

 

“Ouvi hoje o Ministro do Interior manifestar preocupações muito sérias com o que ele considerou ser o "jornalismo sensacionalista", dando claramente a entender que este ano as coisas vão ser diferentes no tratamento que será dispensado a este "fenómeno".

 

Caro Veiga, num país democrático a policia não tem que estar particularmente preocupada com o jornalismo e os jornalistas.

 

Num país democrático, as pessoas/instituições que eventualmente se sintam lesadas pelo tal de "jornalismo sensacionalista" apresentam queixa a quem de direito e aguardam pelo julgamento, se o MP/PGR assim o decidir. O resto tem de ser o suposto ofendido a recorrer a justiça cível para exigir uma indemnização.

 

Num país democrático não pode haver "ofensivas" contra nenhum segmento da nossa sociedade, nem em geral, nem em particular.

 

Num país democrático, cada caso é um caso, se for de facto e de jure um CASO.

Num país democrático são os tribunais e nunca o Ministério do Interior, quem decide se houve ou não violação da lei na sequência de um julgamento justo em que estejam garantidas todos os direitos de defesa do acusado, caso ele venha a ser pronunciado.

 

Como é evidente estou a falar exclusivamente do que acontece num país democrático.”