Lisboa – A intervenção do Ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra, Kundi Paihama, no acto central do 53º aniversário da Luta Armada de Libertação Nacional, realizado na província do Uiíge, está a ser interpretada, em círculos políticos em Luanda, como uma resposta ao recente discurso (de retirada da vida política) do deputado e histórico do MPLA, Lopo do Nascimento.

Fonte: Club-k.net

No seu curto discurso, Lopo do Nascimento inclinou-se aos jovens apelando a não se distraírem com o debate de infantário.

Numa vertente mais abrangente lembrou que “as eleições em África são importantes mas não são suficientes; as eleições são um processo de exclusão e precisamos, em África, processo de inclusão”.

Ainda sobre o país, Lopo disse na ocasião que “criamos os Estados, fizemos os governos mas falta criarmos a nação”.

Por sua vez, o seu colega Kundy Paihama elegeu o mesmo tema que Lopo do Nascimento, isto é: “juventude” e “construção da nação”, mas numa versão contraria a deste antigo primeiro-ministro do governo de Agostinho Neto.

Paihama apelou à juventude angolana a não se deixar levar pela demagogia ou populismo, tendo lembrado que a prosperidade "é filha do trabalho".

Quanto a ausência de “construção de uma nação”, o governante afirmou que foram (já) lançados os alicerces para a construção da nação, tendo por isso, apelado a unidade dos angolanos, sem intrigas ou jogos de interesses políticos.

A conclusão, de que leva certos meios a interpretar que as palavras de Kundi Paihama sejam uma resposta indirecta ao discurso de Lopo, é apoiada no antecedente do MPLA, segundo a qual, sempre que um dirigente abandona o partido, aparece um outro a contra-atacar.

O mesmo aconteceu no passado com o ex-secretário geral, Marcolino José Carlos Moco, tendo inclusive direito a uma passeada realizada pelo Movimento Espontâneo (do MPLA), em que foram entoadas palavras de ordem como “fora, o bailundo”.