Lisboa - Marcolino Moco afirma que escolha já está feita e que, “se o céu não cair”, o próximo presidente de Angola será José Filomeno de Sousa dos Santos, filho de José Eduardo dos Santos, mostrando como o regime angolano é uma "monarquia absoluta" mal disfarçada na face de democracia republicana.
Fonte: Esquerda.net
O ex-primeiro-ministro de Angola Marcolino Moco afirmou numa entrevista ao site “Angola 24 horas” que o sucessor de José Eduardo dos Santos será o filho José Filomeno de Sousa dos Santos, o “Zenu”, que atualmente preside ao Fundo Soberano do país.
“Se o céu não cair, ele vai ser substituído pelo atual Presidente do Fundo Soberano de Angola que é um dos seus próprios filhos”, afirmou. Para Marcolino Moco, “com os últimos acórdãos do Tribunal Constitucional (233 e 319/2013), com todo o tipo de manipulações a que dos Santos já nos habituou, com as declarações do Presidente nas entrevistas a SIC e uma TV brasileira, em que deixou bem vincado que afinal nem o camarada [vice-presidente Manuel Domingos] Vicente serve, é preciso estar muito distraído para não ver.”
"Monarquia absoluta"
O ex-primeiro-ministro diz estar mais interessado na mudança da natureza do regime, que classifica de "monarquia absoluta" mal disfarçada na face de democracia republicana.
Marcolino Moco não espera mudanças do próximo congresso do MPLA, porque “não há espaço para agendas que possam ser diferentes das agendas do Presidente, ou ao menos para discutir a agenda do Presidente”. E acrescenta: “Por outro lado, só vem para o Congresso quem aparentar que é apoiante muito fervoroso do Camarada Presidente, mesmo que este não tenha nenhum adversário pela frente. O esquema é mais ou menos o que existia no meu tempo. Mas há uma diferença enorme: naquele tempo discutiam-se agendas do Partido”.
O ex-primeiro-ministro pondera, no entanto que “há coisas que cansam e ninguém de nós é eterno e ou insubstituível. As mudanças irão chegar, necessariamente, porque a situação é insustentável, mas não será nesse Congresso”.
Marcolino Moco foi primeiro-ministro de Angola entre dezembro de 1992 e junho de 1996.
