Chivukuvuco: Somalizar a nação

Muitos se assustaram ou simplesmente despejaram o seu ódio mais uma vez sobre a angolanidade quando o cantor Riquinho –que eu mal conheço, reconheço- propôs  que JES poderia ser um forte candidato ao prêmio Nobel da Paz. A pergunta é: onde está o exagero nisso? Quando Henry Kissinger, o americano de origem Polonesa, racista e considerado um dos homens mais criminosos do Século XX ganhou o mesmo prêmio. Aqui –sem ironias-, fica claro que o JES não se enquadrou nunca no grupo do Polaco. Ao contrário, sempre estiveram e estão do lado oposto. Se um homem como Kissinger que andou promovendo as guerras do Vietnam, os massacres da Indonésia  na perseguição  de comunista, segundo ele, e  apoiando um dos ditadores mais sangrentos  e corruptos  já conhecido, o ditador Suharto e os massacres do povo do Timor leste ganhou o famigerado premio Nobel. O que faltaria mais para se ganhar um prêmio Nobel?

Em  Angola foi o Kissinger que andou recrutando mercenários, financiando Holden Roberto e o próprio Jonas Savimbi para fazer o que andaram fazendo contra os  angolanos. Kinssinger mesmo sendo considerado criminoso em todos os países do terceiro mundo ganhou o prêmio, e com o protesto de dezenas e centenas de organizações  no mundo inteiro. O famoso assassino americano de origem Polaco esfregou o prêmio na cara de milhões de cidadãos do terceiro mundo. A pergunta é: que guerra e quais guerras o Kissinger evitou, que a humanidade e os povos do terceiro mundo desconhecem?

Com o ganho do prêmio Nobel da Paz por Kissinger, e outros polêmicos –perguntem a comunidade de cientistas da antiga União Soviética-,    ficou provado uma das suspeitas mais antigas das as agências secretas de inteligência da maioria dos países do Mundo: De que a Academia Sueca está e esteve (sempre) minada por agentes secretos da CIA, principalmente nos anos de  guerra fria. O que a CIA  não faz para denegrir quando lhe convém ou até para enaltecer supostos heróis? Perguntem ao Dalai Lama outro  grande herói, mais americano, e reconhecidamente agente da CIA,  do que chinês.  O Reagam que invadiu  Panama   e Granada  ganhou o premio Nobel. Se o comunismo fosse verdadeiramente um perigo para a paz hoje a Polônia e a Checoslovaquia  não estariam sendo usadas para cercar a  Russia, mesmo depois que a antiga União Soviética evaporou do mapa.

Já que a justificação para que Ronald Reagam  ganha-se o premio Nobel é o fato de ele ser uma espécie de herói anticomunista que destronou a antiga União Soviétiva. Acreditar em tal herói  só a cegueira e a estupidez humana que não enxergam o que é humano e útil pode conceber heróis desse tipo.

O prêmio Nobel para o JES ( José Eduardo dos Santos) não é um exagero. É um merecimento, sim. Já que  erros  ou falha de gestão, na vida de um homem, não mata o êxito protagonizado em outras áreas. É preciso sermos capazes de reconhecer o que temos de melhor dentro do contexto nacional e acabar com a inveja e o ódio visceral que existe por aí. Ao longo dos trinta anos de independência não criamos só coisas ruim, atrás de tantas desgraças existem coisas boas  que devem ser reconhecidas e aproveitadas, e até tomadas como exemplo. O homem ( o JES) pode ser  visto como um mau gestor ou um mau administrador da coisa pública, mas isso não  mata o êxito que tem do ponto de vista político, de ele ser  o  conquistador da paz de ele ser um político de mérito e que deve ser  respeitado pelos seus exemplos. Perguntem a turma dos generais Kwachas sobreviventes que  hoje estão aí esbanjando  alegria e felicidade  por terem a oportunidade de viverem como gente dignas. Melhor até que os mutilados de guerra que vivem abandonados nas ruas de Luanda. Perguntem ao Abel Epalanga   Chivukuvucu, o homem esperto e vivo da UNITA, tido para muitos  como um possível concorrente a superar  o homem da Cidade Alta (o JES). Aquele,  mesmo depois de ameaçar  somalizar a nação, o que se tornou uma realidade, foi protegido e alimentado e está hoje aí vivo com aspecto de homem bonito. Se considerarmos ainda que num continente, devido ao atraso, ser adversário político, equivale a ser  um inimigo mortal  preparado para ser abatido.

Que tal Abel Chivukuvucu, além das divergências de caráter político e ideológica, unir-se ao Riquinho e fazer essa proposta tão decente e humana a Academia Sueca de Ciências Políticas. Quem sabe nisso estarias dando uma injeção de oxigênio, que tanta falta faz em sua carreira de político ambicioso. Pode não ser com esse objetivo e para tanto, mas de vez enquanto devemos reconhecer o esforço humano.

O homem (JES) ao longo desses anos fez o que podia fazer. Temos certeza que se pudesse fazer mais ele faria. O que não se pode é vincular suas falhas humanas, inevitáveis, e nisso está o seu dom de poder fazer ou não o que é melhor acima do além,  com a caracterização diabólica de tudo o que há de mal e ruim  na sociedade angolana.   O homem é um bom candidato ao prêmio Nobel, esquecido entre nós, às vezes humilhado e ofendido entre os próprios nativos. Não era para menos, os cristãos costumam dizer: se nem o Cristo agradou a todos, imaginem então você um JES da vida!

Longe de ser bajulação, é o tipo de evidência que cai como uma bomba na cabeça daqueles  que não  ocultam o ódio  que sentem, pelo tal de regime. Regime,  é a  expressão que cai bem ou se enquadra com perfeição na boca dos descaracterizadores de idéias, aos mentirosos, aos difamadores  e  aos sem princípios. Além de tudo, um premio Nobel da Paz para o JES seria uma vitória estrondosa, inesquecível contra aqueles que  vivem desesperadamente fazendo apologia a guerra. E torcendo pelo fracasso dos angolanos.


Ele, sim, merece um prêmio Nobel da Paz!

*Nelo de Carvalho,WWW.a-patria.net
Fonte:
WWW.blog.comunidades.net/nelo