Benguela - ((NOTA PRÊVIA;- ‘produzi’ este artigo a cerca de alguns meses atrás, decidi “reedita-lo” com Moçambique na mente… Dedico, portanto a todos os amigos Moçambicanos)

Fonte: facebook

Africa doí-me… Wole Soyinka. -Primeiro africano, nobel da Literatura 1986.

“Agora estamos livres!.. Poderemos agora viver a vida!”.- Eufórico, jovem muçulmano centro-africano ‘festejando’ o derrube de Bozizé.

“Quo vadis” ÀFRICA!

A mais de cinquenta anos que o continente africano, 'desconsegue' livrar-se do horripilante e funesto ciclo vicioso; “guerras - paz nominal ou de papel e vice-versa” década apos década. A medida que o filme de horror vai se desenrolando aos olhos de gerações, um quadro indizivelmente desolador vai (está) caracterizando Africa, como o continente sem esperança, o continente perdido, maioritariamente por força da classe politica que se vai revezando (ao sabor do vicioso ciclo) no poder ao longo dos anos.

A União Africana (UA), não dá primazia ou valoriza a cultura democrática no continente, a retorica de que os governos eleitos estão legais, não basta para caracterizar este mesmo governo como democrático. A democracia não se esgota no acto eleitoral. A UA sabe disso, mas “olha para ao lado!” caucionando a descaracterização do continente.


Regimes caducos como o do Zimbabwe “estão prosperando a olhos vistos” afiançado sob a ‘Benção’ da UA. Agostinho Neto, disse certa vez a ainda actual ‘sentença’; África parece um corpo inerte, onde cada abutre vem debicar o seu pedaço (ABUTRE = Politicos corruptos).

-porque que o ex-líder do M-23 Congolês Democrático, preferiu entregar-se a embaixada dos EUA em Kigali, ao invés de entregar-se aos Africanos? O ‘tipo’ não tem confiança na justiça africana, e conhece de antemão a ‘qualidade’ das cadeias africanas, ora as cadeias europeias, comparadas com as africanas, é equivalente a um hotel de 3 estrelas de qualquer uma das capitais ou cidades africanas.

Joseph Kony – um vexame para África. Tem a cabeça a premio pelos EUA, acusado de ter desestabilizado cerca de quatro países africanos, e promovido a morte de centenas ou milhares de pessoas, especialmente crianças e adolescentes ou jovens mulheres. Não deveria ser a UA ou países africanos a oferecer tal quantia; 4 milhões de USD?

“Guerras em África” – Geralmente de longa duração, extremamente sanguinárias e impiedosas, onde os civis (com macabro enfase as crianças, mulheres e velhos) não são poupados, aliás são alvos preferenciais dos beligerantes com o intuito de aterrorizar as populações e esvaziar o território ‘d’outro lado’ isto é inimigo/adversário, envenenam fontes de água, atiram cadáveres nas cacimbas, queimam plantações inteiras, fazem deslocar povoações inteiros… transformam crianças em soldados, usam armas proibidas em convénios internacionais… o continente é usado como palco de experiencias de armas mortíferas e toda a sorte de sacanagem, para a desgraça de milhões de africanos, que são deslocados de um lado para outro, muitas vezes sem saberem quem é na verdade “amigo” e quem é na verdade “inimigo”… ceifando a vida de milhões de pessoas inocentes. Seria de facto interessante contabilizar-se um dia o número de mortos que Africa ‘produziu’ só (por exemplo) nas últimas duas décadas do seculo passado.

“Paz em África”;- Em África, em parte, devido por assim dizer a negação dos novos dirigentes africanos na observação escrupulosa dos nossos valores (hábitos e costumes) tradicionais, a paz é maioritariamente nominal, raramente há paz social, e quase que se pode dizer que “morre-se mais em tempos de paz do que em tempos de guerra dos canhões”, quase que não se sabe quando se esta em guerra ou não; CORRUPÇÃO, falta de emprego, falta de investimentos sérios e credíveis, ausência de produção agrícola, FOME, falta de saneamento, falta de solidariedade, MISÈRIA extrema, EDUCAÇÂO deficiente (os ‘iluminados’ dirigentes africanos orgulhosamente enviam os seus filhos para estudarem fora dos respectivos países, por saberem de antemão que as instituições de ensino ‘de casa’ são só para “inglês ver”. SAÙDE débil (eles, a classe dirigente, vão para o exterior, até para extrair um dente, pois sabem que as instituições que cuidam da saúde ‘de casa’ não são de confiança.

BAJULAÇÃO, incorrecto endeusamento aos dirigentes (apoiada pelas igrejas), ausência forçada de crítica, de liberdade de expressão, perseguições politica, traduzido em assassínios de pessoas só por pensarem diferente do partido no poder, ou por manifestarem os seus direitos…

Economia:- Tanto os ‘antigos’ como os ‘novos-antigos’ dirigentes africanos, tomam ‘medidas’ para “arrebanhar” em proveito próprio as riquezas do país, beneficiando preferencialmente o círculo familiar, os confrades do partido, seguido de indivíduos da tribo e finalmente da região, e só depois para o resto do país. É comum ouvirmos dos dirigentes africanos, quanto a realizações económicas; “o que fizemos foi o possível!” Ao invés de; “vamos nos esforçar PARA FAZER MAIS!”.
Por inexistência de segurança e constantes ‘soluços’ desestabilizadores, a maior parte dos países que preenchem o continente, quase que ‘ainda’ não saíram da economia feudal. Quase Inexistência de produção Industria “quase zero”, os novos-ricos africanos e os dirigentes privilegiam o comércio e a indústria de bebidas alcoólicas, com intuitos perversos, e o investimento no exterior.

PARTIDOS POLITICOS quer os que formam governos, como os na oposição, na sua maior parte hostis a democracia verdadeira, fazem promessas bombásticas que dificilmente cumprem, privilegiando aquilo que alguns políticos chamam de “demagogia democrática”, com a mira exclusiva na tomada do poder, ao invés de na melhoria das condições de vida das populações.


Por outro lado os partidos políticos africanos, na sua maioria não dão exemplos de democracia na gestão dos ‘assuntos’ ou interesses do partido que dizem representar os interesses dos povos. Vê-se em miniatura os males que enfermam a governação e os partidos no poder (que eles denunciam), a corromper as estruturas dos partidos de oposição.

Democracia sempre adiada, PAZ (no verdadeiro sentido da palavra) sempre adiada.

Por vezes o “agarramento” do partido no poder é tal, que muitas das vezes, é necessário fazer-se a guerra – dos canhões - para acabar com a guerra de baixa-média intensidade (social), protagonizada pelo partido no poder, legitimando a criminosa máxima; “fazer a guerra para acabar com a guerra”.

Quantas vezes ouvimos afirmações como o mencionado do jovem Centro-africano, ao longo da existência dos países africanos independentes, passado poucos anos essa mesmíssima pessoa já esta a correr “picada afora ou a monte, com as trouxas na cabeça a fugir desesperado dos ‘salvadores’ de ontem, que deu vivas a plenos pulmões”.

PAZ… só é possível com DEMOCRACIA, para tal é necessário os povos africanos, cultivarem a democracia (hábitos de alternância politica a todos os níveis), profundo respeito ao próximo, a vida humana, cultura de solidariedade social e completa despartidarização das mentes.

PAZ… só é possível em democracia. Sem democracia é paz podre, ruim e tão mortífera como a pior guerra dos canhões. O continente africano nos dias de hoje, assemelha-se a uma autêntica “granada descavilhada”… pode explodir a qualquer momento, ou de repente ouvirmos de novos “eclodir de guerras” onde tudo parecia estar bem! E retomarmos o “ciclo eterno” para a desgraça dos povos Africanos e para África.

MOÇAMBIQUE Pátria do meu “kamba” Livre-pensador, ė mais do que, prova PROVADA.