É possível ver que o tal do artigo 59 mencionado e proposto pelo senhor Quintino ( que propõe a eleição indireta para presidente) não tem nada de maestria, ao contrário, é uma aberração se levarmos em conta a realidade angolana. Essa proposta é um jeito artificial de quem quer aparentar mostrar serviço numa situação em que o evoluir das coisas seguem a sua trajetória natural. A introdução de um artigo deste tipo na constituição é invenção de gente alcoólica que não tem trabalho para fazer. É gente que quer tentar aparecer acima das suas possibilidades. Isso não é política, isso é sujeira, desonestidade. Dizem que a proposta esta sendo analisada, analisar o quê, quando a mesma declaradamente viola a lei. Viola a própria constituição que deve ser emendada.

Qualquer alteração constitucional ou mudança deve ir de encontro com o bom senso; senso que deve caracterizar a realidade de um povo. A realidade do povo angolano passa longe dessa imposição que agora impõe-se de maneira artificial. A de que o chefe do executivo ou PR deve ser eleito por eleições indireta. Uma proposta desse tipo é ilegal, anti-ética e indecente: por quê?

Porque ela ajuda a institucionalizar a corrupção no caso Angolano. Nossa sociedade já padece e carece de mecanismos que a ajudem a controlar e a fiscalizar os gestores públicos, e até mesmo de puni-los quando estes extravasem dos seus direitos e deveres. Assim, ter o direto de eleger o Presidente da República por via direta seria um mecanismo que ajudaria a combater e a coibir a corrupção. O direito a eleição direta seria uma forma de a sociedade julgar periodicamente o mais alto mandatário da nação. Se o mesmo deve ou não continuar no poder. Isso é um direito que não deve ser arrebatado a nação. E cometer esse erro intencionalmente é uma atitude atrevida de quem não tem consideração pelo povo. É um assalto a dignidade de milhões de seres humanos. O MPLA sabe disso e o próprio Presidente da República também. O MPLA sabe que não vai governar eternamente, e o presidente da República sabe que um dia vai deixar de governar, mesmo porque ninguém viverá eternamente. Por isso, não é admissível que se promulgue uma constituição que deixe a nação ou o povo amarrado numa camisa de forças. Quem merece uma camisa de força deve ser esse sábio que aí está e que não perde oportunidade de aparecer, com o nome de Quintino.

O MPLA não pode levar a sério uma proposta de um sujeito como esse. É muita falta de coerência, falta de seriedade. Assim, como não pode acreditar que a vantagem que tem no parlamento é inabalável e que garantirá a felicidade do povo angolano eternamente. É preciso prever as coisas para um futuro curto e a longo prazo. Assim, uma proposta vinda de um beberrão não pode destruir as ansiedades de toda uma nação. A cultura política balizada pelo senso comum ao longo desses 18 anos diz que devemos eleger o presidente por via direta. O MPLA não é partido majoritário só com a função de enfrentar a oposição, mas a cima de tudo deve saber enfrentar os seus próprios vícios; vícios que existem e que podem ir surgindo. O MPLA tem que reconhecer que a corrupção além de estar generalizada em toda sociedade, é um fenômeno intrínseco dentro desse mesmo partido que um dia pode pôr em perigo os destinos da nação.

Por isso -repito-, é preciso dar uma arma ao povo como nos velhos tempos da Resistência Popular Generalizada quando a nação precisou de enfrentar momentos difíceis e saiu vitoriosa. E que essa arma é e será a eterna arma da democracia nos tempos de paz. Essa arma será contra todos: os Quintinos da vida e todos os corruptos que aí estão, assim como a turma dos aproveitadores.

Essa arma na constituição pode ter o número e a posição que tem, mas como essência deve dizer:
Artigo X°
As alterações à Lei Constitucional e a aprovação da Constituição de Angola têm de
respeitar o seguinte:
a) a independência, integridade territorial e a unidade nacional;
b) os direitos e liberdades fundamentais e as garantias dos cidadãos;
c) o Estado de direito e a democracia pluripartidárias;
d) o sufrágio universal, directo secreto e periódico na designação dos titulares
efectivos dos órgãos de soberania e do poder local;
e) a laicidade do Estado e o princípio da separação entre o Estado e as Igrejas;
f) a separação e interdependência dos órgãos de soberania e independência dos
Tribunais.

Por isso, “camarada” Quintino não concordamos com a tua proposta de eleição indireta. Não é porque um bando de cegos andaram sinalizando mal a posição do seu partido no boleto eleitoral, de maneira equivocada, que o senhor agora vai se dar o luxo de dizer que está representando toda a nação angolana. Se o problema é de auto estima e querer fazer amizades fortes o senhor tem que buscar outros meios ou vias para tal. O que não podes é brincares com os destinos da nação para tentar fazer amizade com quem menos lhe da confiança. O Presidente da República com certeza não precisa dessa ajuda.

Além disso, camarada Quintino tuas intenções são duvidosas. Para quem andou lutando contra o proletariado fica difícil, esse povo humilde, de camponeses e operários, confiar-lhe uma tarefa como essa: a da Revisão ou modificação da Constituição. Definitivamente esse não é um trabalho para o senhor, tem gente por aí competente e especializada na área que melhor pode fazer isso. O PR saberá a quem pedir ajuda!

Nelo de Carvalho,WWW.a-patria.net
Fonte: WWW.blog.comunidades.net/nelo