Lisboa - A ciência é baseada em dados empíricos, não em suposições, as declarações que eu ouvi, que eu vi, e que me senti vexado, não pelas declarações em si, mas por virem de um compatriota, compatriota esse que se apresentou como sociólogo a defender o regime de José Eduardo dos Santos no que concerne não aos direitos humanos e ao longo da apresentação foram várias as pessoas que se foram indo embora, e não foi apenas pela sua definição do que é um ditadura, mas ao afirmar que, "na fundação Mário Soares houve três políticos angolanos da oposição que dera-me razão ao concordarem comigo de que em Angola há democracia, mas que não convinha dizer isso ali"! Quem foram os políticos é que o sociólogo Paulo de Carvalho não disse. Ficou-lhe mal. 

Fonte: Club-k.net

Quanto às declarações sobre o Rafael Marques,"em Angola se houvesse uma ditadura nós há muito tempo estaríamos a chorar na tua campa meu querido amigo Rafael Marques", notava-se o incómodo na assistência por estarem a sentir-se como público de uma tragicomédia académica do foro pessoal da parte Prof. Paulo de Carvalho.

Quando toca a descrever acerca de nós, e dado à emotividade que provoca em mim, ou em qualquer ser humano emocionalmente equilibrado, vou descrever sinteticamente as minhas perguntas ao Prof.Paulo de Carvalho: acerca da tentativa de assassinato à pancada do Dr. Filomeno Vieira Lopes, da prisão e morte de manifestantes pacíficos e com autorização do GPL (Governo Provincial de Luanda) para tal, do assassinato, coadjuvado por jacarés ao estilo Idi Amim Dada de Kassule e kamulingue, da prisão e espancamento de jornalistas no exercício da actividade profissional, o que tem a dizer sobre isto que lhe dou conhecimento?


"Lamento imenso o que foi feito ao Dr. Filomeno Vieira Lopes"."Em relação aos manifestantes: " Os manifestantes não deviam ter usado certas palavras". Kassule e kamulingue: "Não é o que dizem por ai, eles não foram atirados aos jacarés, há muitas versões". E por fim disse isto: "Nós em algumas instituições temos que melhorar, mas não nos serviços de informações e segurança , nisso estamos muito bem".


Quanto à prisão e espancamento de jornalistas nada foi dito da parte do Prof. Paulo de Carvalho, quanto aos conhecimentos que afirmou ter acerca dos métodos que foram usados para assassinar Kassule e Kamulingue estamos à espera que nos elucide, dado que afirmou ter conhecimentos aos quais podem ajudar a esclarecer o que foi e como foi no que toca a este tema horrendo. E o que mais me elucidou na conferência foram os conhecimentos, aos quais afirmou ter, mas que não os partilhou, com excepção da visão do Dr. Sebastião Martins, presente na assistência, ao qual usou da sua voz na voz do Prof. Paulo de Carvalho para afirmar que não se revia em tais práticas, e o Dr. Sebastião Martins anuiu xinguilando ligeiramente com a cabeça e o corpo na cadeira demasiada apertada.


Por fim, e foi o fim, de uma descarada vergonha. Ao ir demonstrando a sua teoria sobre o que é a democracia projecta uma fotografia na qual na mesma cama dormiam três pessoas, um casal coberto por um cobertor e com uma almofada que tinha um cifrão desenhado e ao lado na mesma cama, um homem sozinho, esquelético, a tremer de frio na sua nudez descoberta. Quanto à corrupção, ao ridicularizar a democracia e o combate à corrupção e dando como exemplo fotografias em power point do Ex-Presidente da República brasileiro José Sarney foi de tal maneira grotesco que uma senhora brasileira presente na assistência, Professora Universitária na Universidade Federal de Brasília questionou o Prof. Paulo de Carvalho acerca da falta de corruptos em Angola dado que como nós não temos corruptos ele teve que pôr a fotografia de um político brasileiro. Claro está, ele teve que se desculpar publicamente.


Eu, e creio que outros angolanos na assistência passaram a vergonha de uma vida, não pelo Prof. Paulo de Carvalho, mas pelo nosso país!