E que não devemos ver no tal discurso ou mensagem uma brincadeira de infantes  que nos momentos seguintes são esquecidos, ou como uma onda que passa e que leva o barquinhozinho de papel  sem despertar muita novidade.

As democracias em  África costumam receber todos os tipos de críticas, até aquelas que caracterizam e desqualificam o homem africano como ser inferior que não merece ser levado a sério. E que jamais sairá do subdesenvolvimento. É claro que quem está aqui redigindo essas linhas  não concorda com esse tipo de  teoria. Entre elas existe a crítica de caráter política que caracteriza esse homem como um egocêntrico  agarrado a uma cultura  tradicionalista que não conseguiu evoluir  mesmo depois de 500 anos de colonialismo.  E aí vai!

Além disso, no contexto Angolano costuma-se culpar a guerra por todos os males que a sociedade hoje atravessa. Coisa que ninguém nega. Também se costuma culpar a incompetência dos políticos da oposição. Resumindo, esse parágrafo,  nos habituamos a ver sempre e a dedurar a culpa dos outros e nos outros. Os outros sempre  são os culpados, até quando cometemos as nossas  falhas. Essas falhas, muitas delas consistem em pensar  que somos inabaláveis, e que podemos nos acomodar. E nesse acomodamento, às vezes até de toda uma nação ou sociedade, é onde começa verdadeiramente a nossa desgraça.

Senhor “Comandante Dino Matrosse” a falha nos discurso do PR é um erro que poderia ser sinalizado por um escolar com doze anos, mesmo sem concluir o ensino médio. Ao comparar o discurso e o que o artigo 159 da Constituição diz,  pode-se notar o escândalo  e a diferença. Da para notar,  “a insegurança, a incerteza; de quem deveria transmitir certeza e segurança a população”. E não podemos ver isso como uma coisa a ser esquecida na manhã seguinte. Além disso, retrata o interesse e o compromisso político de quem está em frente da nação. Possivelmente retrata o cansaço de quem está em frente da nação. Retrata as falhas de quem noutro hora não poderia ser criticado e tudo que dizia e fazia era bem-vindo mesmo que o pacote envolvesse  uma dose de erros. Esses erros cometidos no passado e até no presente está refletido num artigo jornalístico com toda a realidade como aquele que o Kabazuca publicou; e que é a realidade Angolana depois dos trinta anos de independência. Quantos erros não se cometerão ao longo desses anos: visíveis, com doses de arrogância, eu poço, eu sei e faço o que quer!

Assim, não pode ser visto como um exagero a preocupação da nação por esse tipo de evento. Declarações desencontradas, que provocam instabilidade social, “comoção intestinal” –como dizia o Grande Rui Barbosa, pensador Brasileiro-, instabilidade espiritual; nessa fase da nossa história, ainda delicada, não esquecer que saímos de uma guerra  que durou vinte anos. A paz mantida nesse momento com tanto esforço, mas no  meio de muita miséria, desigualdade social, corrupção, vícios como o tráfico de influência,  o nepotismo não está sacramentado e escrito em nenhum lugar que é irreversível. Principalmente, quando se viola  a constituição, ou quando deliberadamente se pretende violar. Se violou ao não se realizarem as eleições conjuntas: as parlamentares( que deveriam ser autárquicas) e as presidências; se pretende violar ao não se eleger diretamente o presidente da República. Isso não é pouca coisa. Porque aprendemos em nossas vidas, que violar a Constituição é crime. E quando é o próprio Estado que viola a Constituição isso só pode cair em conflito ou cair  na temerosa guerra, que é a que acabamos de vencer há seis anos atrás. E coisa que ninguém quer e merece!

Um discurso do PR, como aquele o último, corrobora todo tipo de suspeita e vícios que caracteriza  e desqualifica o “regime”. E o próprio cargo do presidente da República. Na prática põe em prova a incompetência de quem assume esse cargo, repito é só ler o artigo do Kabazuca, e saber como funciona a  saúde  em Angola, como funcionam os serviços públicos em Angola.  Que ao longo desses trinta anos herdaram os piores vícios, vícios vindo da própria governação, de quem deveria mostrar trabalho, dar exemplo, como, por exemplo  -o mais simples deles-, cumprir a lei. É o de menos que se poderia exigir dos nossos governantes.

*Nelo de Carvalho, WWW.a-patria.net
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