Luanda - O secretário de Estado para a Juventude, Nhanga Calunga de Assunção, concedeu uma entrevista onde abordou aspectos relativos a formação técnico profissional, habitação, emprego e micro-crédito para os jovens angolanos, nos próximos tempos. Eis a integra:

Fonte: Angop
Secretário Nhanga de Assunção que balanço faz das políticas desenvolvidas nos últimos 12 anos, pelo Executivo angolano, para a juventude?
Os próprios jovens têm se manifestado e até agora alegam que o balanço de todas as actividades desenvolvidas pelo Executivo angolano para eles, é positivo. Completamos agora 12 anos de paz, em que o Executivo tem estado a implementar várias medidas e políticas em que os jovens são os principais beneficiários.

Neste momento, temos um Plano Nacional de Desenvolvimento da Juventude, concebido em função do Processo de Auscultação da Juventude Angolana, onde os jovens opinaram, criticaram e apresentaram os problemas que mais afligem esta camada.

O plano está a ser implementado e temos tido um bom resultado nos mais variados domínios, com destaque ao habitacional, formação, emprego, empreendedorismo, entre outros.

Secretário de Estado, no domínio da habitação, o que já foi feito até ao momento para a juventude angolana?
No domínio da habitação é bem visível o programa que o Executivo implementa. Temos o programa nacional de habitação, que visa a construção de centralidades e, a par disto, residências em todos os municípios do país.

Uma das conclusões do Fórum Nacional da Juventude é que deste Programa Nacional de Habitação, a juventude tenha uma conta mínima de 30 porcento no acesso. Outra componente é a auto-construção dirigida, onde recentemente o Ministério do Urbanismo e Habitação lançou um programa de infra-estruturação das zonas fundiárias que, posteriormente, serão loteadas, urbanizadas e distribuídas aos jovens para esta finalidade.

Por isso, achamos que muito já tem sido feito e vamos continuar a fazer em prol da melhoria das condições de habitação dos jovens angolanos. É claro que ainda muitos jovens não têm casa própria, mas muitas das casas já construídas pelo Executivo angolano são habitadas por jovens. Temos como exemplo a centralidade de Cacuaco, onde a maioria dos habitantes são jovens.

Secretário de Estado, no domínio do emprego e formação profissional, como estão os jovens angolanos neste momento?
Emprego e formação profissional foram os domínios que os jovens angolanos elegeram como prioridades nas discussões realizadas a nível do país. Por essa razão, o Executivo tem estado a direccionar a sua acção governativa na implementação de políticas afins.

A nível da formação profissional, existe já um Plano Nacional de Formação de Quadros que define metas concretas. Só com a formação dos jovens vamos poder melhorar a questão da acesssibilidade ao emprego.

Oportunidades de empregos têm existido, mas os jovens têm de estar formados, terem a competência para concorrerem aos empregos existentes.

Recentemente a direcção do Ministério da Juventude e Desporto visitou várias indústrias do Pólo de Viana e viu que 90% das pessoas que laboram lá são jovens qualificados, o que congratulou-se.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, orientou para se ajustar os centros de formação profissional as necessidades dos mercados. Esse é o trabalho que o MAPTESS tem estado a fazer e recentemente lançou um centro de formação profissional para as mulheres. Vários programas estão em curso, por formas a dar competências. Primeiro tem de se dar formação aos nossos jovens para depois existirem as várias oportunidades de emprego.
Para este ano, o Executivo pretende e vai aumentar o número de postos de trabalho, inclusive no sector privado, onde existe um programa, como o Angola Jovem.

Secretário de Estado o que se passa de concreto com a questão do programa de crédito jovem, que tem a finalidade de ajudar os jovens empreendedores, e não só?
Temos estado a rever o crédito jovem. Neste momento estamos com o Banco de Poupança e Crédito (BPC) e o Instituto Nacional de Apoio as Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) e brevemente vamos relançar o crédito jovem.

Mas um dos grandes constrangimentos, e que cria sérias dificuldades, é a irresponsabilidade de alguns jovens. Muitos receberam o crédito e infelizmente não estão a pagar e então temos primeiro que trabalhar com os jovens na consciencialização de que dinheiro emprestado deve ser ressarcido, por formas que outros jovens também possam beneficiar.

É preciso um trabalho de educação, consciencialização da nossa juventude e só assim os programas da juventude poderão avançar, no tocante ao crédito.

Secretário de Estado, não sente que existe pouca divulgação em relação ao Plano Nacional de Desenvolvimento da Juventude?
Não. Existem fases deste plano. Houve primeiro a fase do diálogo, do fórum, da elaboração do plano, da aprovação e agora da junção de todos os instrumentos por formas a fazer-se uma ampla divulgação do plano, mas o mesmo já está a ser divulgado em muitos locais.

Realmente, temos de intensificar a campanha e, para isso, contamos com o apoio das associações juvenis que a nível dos bairros e fóruns devem fazer a promoção das acções constantes do documento.

Temos de ver que não é só responsabilidade do Executivo a divulgação, mas sim de todos os jovens, tendo em conta que durante o Fórum Nacional da Juventude, os líderes juvenis assumiram o compromisso de não só fiscalizarem as acções, mas também de mobilizarem os jovens para a execução com êxito do referido plano. Então, contamos também com a juventude nessa mesma divulgação.

Mas, como vocês sabem, o maior veículo de divulgação dos planos são os órgãos de comunicação social, a quem apelamos que ajudem o Executivo angolano na apresentação, nos vossos espaços noticiosos, dos programas em curso.

Secretário de Estado, o dia da juventude ainda é um motivo de discordância no seio dos jovens angolanos. O Presidente da República remeteu esta questão ao Ministério da Juventude e Desporto. A nível da Secretaria de Estado da Juventude será que esta questão está a ser analisada?
Bem, foram os próprios jovens angolanos, através do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), que determinaram o 14 de Abril como dia da juventude angolana.

Me lembro, a sensivelmente sete anos, que o CNJ reunido em Cabinda, em assembleia, determinou esta data. Agora, é normal que haja um ou outro jovem que tenha uma opinião diferente, mas não é a maioria da juventude. A maioria dos jovens angolanos se revê nesta data e sempre que chega o mês de Abril, implementa-se uma série de actividades para a comemorar.

Penso que se haver uma ideia contrária a data, devem ser os próprios jovens, em fórum próprio, a debaterem e depois apresentarem ao Executivo as suas deliberações. Por enquanto, o 14 de Abril é consensual e, por esta razão, os jovens angolanos radicados no país ou no estrangeiro comemoram a efeméride.
 
Secretário de Estado, o que o Executivo angolano espera da juventude para os próximos tempos?
O Executivo angolano espera dos jovens patriotismo e disponibilidade. Quer jovens que nos melhores e piores momentos estejam sempre disponíveis na linha da frente para defender a soberania do país. É a juventude que está a frente do desenvolvimento do processo de reconstrução nacional.

Continuem com esta garra e saibam que este é o nosso país e temos de defender, de gostar, de amar Angola e estar disponível em dar o contributo em qualquer parte do território nacional.