A notícia gerou, como é óbvio um grande mal estar, no seio da classe artística, na medida em que Filipe Mukenga tem estado a recuperar de um grave acidente vascular cerebral, que o surpreendeu há cerca de três anos atrás, gerando uma onda de solidariedade que se estendeu além fronteiras.

O artista que deverá lançar nos primeiros meses de 2009 o seu quinto álbum de originais remeteu-se ao silêncio,  pois sempre acreditou que o cargo honorífico oferecido pelo então titular da pasta da Cultura, Boaventura Cardoso, seria uma forma de o manter activo e útil no pelouro musical, do qual deu o seu melhor durante anos a fio.

Filipe Mukenga que é um dos ícones da música angolana não esperava por tão desagradável  penalização da ministra Rosa Cruz e Silva, não  sabendo para já se os seus direitos como trabalhador da Cultura serão salvaguardados, mantendo-se como atento espectador  sobre o destino que lhe será reservado.

A notícia do seu afastamento do cargo corre aos quatro ventos na cidade, tendo a nossa reportagem ficado igualmente surpreendida pela medida sem nexo, da ministra Rosa Cruz e Silva, que, com este acto, perdeu no seio da sociedade civil, parte da credibilidade  e confiança que lhe eram atribuídos.

A nossa reportagem ouviu algumas pessoas que lamentam profundamente esta medida  sem sentido da ministra, que até ao momento ainda não mostrou ao país, as linhas de força do seu programa de acção.

Ao tomar conhecimento desta triste notícia, não pude deixar de expressar o meu repúdio  pela atitude algo precipitada da nóvel ministra, convidando-a a reflectir melhor sobre o papel que este grande senhor da nossa música ainda pode exercer. Que tal colocá-lo numa representação diplomática, onde a par das funções de Estado pudesse tratar da sua saúde e, quiçá, produzir em condições de tranquilidade e qualidade, as melodias do cancioneiro popular angolano, de que é seguramente , um dos melhores especialistas?

Para finalizar apelaria à distinta ministra da  Cultura: não deixe cair o nosso Filipe Mukenga. Ele merece o seu pedaço de pão. Com Angola no coração.

* Carlos Kamba
Fonte: Club-k